Famosos revoltados com história de homossexual impedido de dar sangue

Vários famosos ficaram revoltados pelo facto de os homossexuais terem restrições para dar sangue. Tudo porque um jovem partilhou o seu testemunho.

Vários famosos manifestaram o seu choque com o testemunho de Bruno, que se viu impedido de doar sangue por ter assumido que é homossexual. Indignado, o jovem publicou um texto que se tornou viral nas redes sociais. Jessica Athayde, Sofia Ribeiro, Diogo Infante e Sónia Morais, autora do blogue Cocó na Fralda, foram algumas das figuras públicas que fizeram ‘eco’ das suas palavras e partilharam a mensagem. Como um grito de revolta.

Após três horas de espera para dar sangue no Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Bruno preencheu o formulário. “Perguntava se tinha tido sexo com mais do que um parceiro nos últimos seis meses. Respondi que não. Entretanto, quando o formulário foi analisado por um profissional de saúde, ele fez-me algumas perguntas sobre as minhas parceiras sexuais. Disse que não eram parceiras, eram parceiros. Disse, porque quis. Porque estava a ficar desconfortável com a história das parceiras”, começa por contar nos stories do Instagram.

Homossexuais têm de fazer abstinência sexual de um ano para dar sangue

Automaticamente foi-lhe dito que não poderia dar sangue. “Fiquei atónito. Disse que queria fazer queixa. Fui mandado para um outro pavilhão falar com a médica de serviço. A resposta foi que se quero doar sangue, tenho de ficar em abstinência sexual um ano por ser gay. Nem sequer importa se tenho relação fixa, ou não. Um heterossexual pode ter sexo com quem quiser, quantas vezes quiser. Eu não”.

Em jeito de desabafo, diz: “Não vos consigo explicar a vontade que tenho de chorar. Sinto-me humilhado”. Segundo Bruno, a pior parte é que tem pânico de agulhas e preparou-se psicologicamente a semana inteira para doar sangue. “A minha família estava preocupada. Como explico à minha mãe o que aconteceu?”, questiona, acrescentando: “Quando acharem que somos todos iguais, que não há desigualdade, que já não é preciso lutar, pensem nisto”.

Veja os textos na íntegra na galeria.

Esta polémica surge depois de, a 20 de janeiro, o IPST ter apelado à dádiva de sangue, lembrado que as suas reservas dão para entre quatro e 19 dias e que os grupos sanguíneos mais afetados são o A positivo, A negativo, O negativo e B negativo. Situação este ano é agravada devido à pandemia da covid-19.

A ILGA, na página oficial do Instagram, refere que com as tentativas de doação aumentaram as denúncias de discriminação. “O preconceito revela-se destas formas: basta a pessoa indicar a sua orientação sexual (não heteronormativa) para que o processo termine; também é dito aos homens gays e bissexuais que precisam de um ano de abstinência para poderem ser elegíveis; não raras vezes, estas pessoas descobrem que foram excluídas de forma permanente da lista de dadores”.

Por isso, apela a que “todas as tentativas de doação sem sucesso sejam denunciadas ao IPST e à Provedoria de Justiça”.

Texto: Carla S. Rodrigues

 

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