Filhas falam ao telefone com o pai durante 30 horas até ele morrer

22 Abr 2020 | 22:47

«Não pudemos falar, mas pudemos ouvi-lo a respirar.»

Filhas falam ao telefone com o pai durante 30 horas até ele morrer

Abby Adair Reinhard não se pôde despedir do pai internado no hospital vítima da covid-19. Por isso, uma enfermeira oferecei-se para colocar um telefone junto ao ouvido do homem, em estado considerado grave para que a filha Abby e as três irmãs, pudessem despedir-se do pai.

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Abby contou o seu testemunho à CNN, revelando que a chamada durou praticamente 36 horas. «Foi uma grande bênção. Aquilo permitiu-me ter alguma proximidade. Pude dizer o que precisava de dizer, sabendo que aquilo era o fim, e mesmo que eu não o pudesse ver e dar-lhe a mão, ter aquela ligação através do telefone foi de um valor extraordinário», disse.

«Não pudemos falar, mas pudemos ouvi-lo a respirar»

«Não pudemos falar, mas pudemos ouvi-lo a respirar. E tivemo-lo junto de nós. Eu agradeci ao meu pai, por estar ali para mim. Eu pedi-lhe desculpa por aquilo que tinha de pedir, eu perdoei-o por aquilo que tinha de perdoar, e começámos a partilhar memórias», contou Abby.

A mulher publicou uma mensagem na rede social Facebook dirigida ao pai, onde explica como foram os últimos minutos da chamada telefónica.

«Os quatro concordámos que precisávamos de dormir, e tu queres que tomemos conta de nós. Pode levar horas ou dias, e não há como saber. (…) Eu fiquei em silêncio em linha, enquanto preparava as crianças, e me arranjava a mim, para dormir. Adormeci por volta das 11. Nenhum de nós desligou a chamada, caso quiséssemos falar a qualquer momento, mas combinámos afastar-nos dos telefones e descansar um pouco. Então, depois da meia noite, veio a chamada telefónica. Eu sabia o que ia ouvir, e preparei-me. Foste, foste embora!», pode ler-se.

O pai de Abby, Don Adair, era advogado especialista em direito comercial e ajudava pessoas a iniciarem o seu negócio de sonho.