Alcochete | Arguido diz ter ido à academia do Sporting para «dar um aperto» aos jogadores
«Queria ir lá dar uma espécie de ‘aperto’, mas nunca foi minha intenção agredir, era mais pedir justificações. A minha intenção nunca seria ir lá agredir jogadores», disse.
O arguido Tiago Neves afirmou hoje em tribunal que se deslocou à Academia do Sporting para “dar um ‘aperto’ aos jogadores”, de forma a “assustá-los e a que eles percebessem que deviam ter dado mais em campo”.
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“Queria ir lá dar uma espécie de ‘aperto’, mas nunca foi minha intenção agredir, era mais pedir justificações. A minha intenção nunca seria ir lá agredir jogadores, a minha intenção era assustá-los e fazer com que eles percebessem que deviam ter dado mais no campo, deviam ter ganhado”, sustentou.
Arguido garante não ter entrado no balneário
Tiago Neves, que vivia em Loulé e veio para Lisboa um dia antes da invasão para se encontrar com a namorada, admitiu ter acionado uma tocha no interior da academia, mas garantiu que não chegou a entrar no balneário de equipa profissional de futebol.
“Acendi uma tocha no interior da academia, essa tocha foi-me passada por um dos elementos, sei que não devia, acendi a tocha e projetei-a para uma zona sem nada”, afirmou o arguido, o segundo a falar em tribunal desde o início do processo, em 18 de novembro de 2019.
Confrontado com algumas mensagens enviadas via Whatsapp a incitar à violência sobre os jogadores, nomeadamente uma que dizia “Amanhã, quero ir bater nos jogadores”, Tiago Neves afirmou que estas “eram mais bazófia do que outra coisa”.
A juíza Sílvia Pires contrapôs a afirmação de Tiago Neves, referindo que nas referidas mensagens o arguido “incentivou as hostes, incentivou a chamar mais malta, discutiu o ponto de encontro e aconselhou a que não saíssem dos carros ao mesmo tempo para não chamar a atenção”, acrescentando: “Isto é muito sério, não é uma brincadeira de Carnaval, vocês não são acéfalos”.
«Se calhar, o Sporting era um vício»
O arguido, que disse ser “um adepto, não filiado em nenhum grupo, mas com muitos amigos no grupo ‘Casuals'”, afirmou ter ficado à porta do balneário, onde viu “Bas Dost caído no chão a ser ajudado por alguém do Sporting”.
“Depois dirigi-me às portas da ala profissional e acabei por entrar. Fiquei na zona de porta, talvez tenha dado uns passos para dentro, estava muito fumo e muita confusão lá dentro do balneário. Ouvi várias ofensas aos jogadores”, disse, acrescentando que os únicos jogadores que viu, além do avançado holandês, foram William Carvalho e Rafael Leão.
Tiago Neves, que foi dos primeiros a entrar e dos últimos a sair da academia no dia 15 de maio de 2018, disse ter tapado a cara quando saiu do carro, “no caminho para a academia”, para onde se deslocou “em passo de corrida”.
O arguido, de 29 anos, considerou que as suas atitudes são condenáveis, e que “se calhar, o Sporting era um vício”. “É tudo condenável, não me revejo nisto, não sei o que me passou pela cabeça na altura. Percebo que isto chocou o país. Isto, se calhar, era um vício que eu tinha, o Sporting e as claques”, disse o arguido, que admitiu ter mentido no interrogatório.
O processo, que está a ser julgado no tribunal de Monsanto, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo. Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.
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