Alexandre Mestre avança para o COP com uma candidatura virada “para o futuro”
Alexandre Mestre entendeu que este era o momento para dar “um passo rumo a uma nova ambição olímpica”, avançando com uma candidatura ao Comité Olímpico de Portugal (COP) virada “para o futuro” e com um programa para três olimpíadas.
“No desporto, como na vida, há sempre um momento. E entendi que este era o momento para se procurar, sem prejuízo naturalmente de […] maximizar o mais possível o legado, o ‘know-how’, que foi deixado, quer pelo comandante Vicente Moura, quer pelo doutor José Manuel Constantino, dar um passo rumo a uma nova ambição olímpica”, explicou.
Em entrevista à agência Lusa, o candidato à presidência do COP falou sobre o seu programa para o futuro do organismo, notando que “cada liderança impõe a sua visão”.
“Costuma-se dizer – no desporto também — ‘em equipa que ganha não se mexe’, mas consegue-se que essa equipa alcance novos e mais ambiciosos objetivos. E é isso que me proponho: mais atletas no […] Programa Olímpico, mais recordes, mais diplomas, mais medalhas. Uma nova ambição, ciente de que, naturalmente, maximizando o que foi feito, há, seguramente, muito para onde se pode inovar”, completou.
Descrevendo a sua candidatura às eleições de 19 de março como “para o futuro”, o advogado de 50 anos defendeu a necessidade de “definir metas” a três ciclos olímpicos.
“Só é possível desenhar políticas com resultados concretos se se planificar a médio e longo prazo. Uma gestão estratégica implica planear e os resultados não vêm sempre logo no imediato. Tem que ser estruturado, tem de ser eficaz, tem de ser sólido e isto exige, naturalmente, que seja a três ciclos olímpicos. Só aí é que conseguimos todos os objetivos, até lá vão-se conseguindo outros”, justificou.
Num programa assente em 20 eixos, o ex-secretário de Estado do Desporto e Juventude do Governo de Pedro Passos Coelho estabelece como prioritário o reforço do apoio aos atletas, treinadores, federações e agentes desportivos, algo que, na sua opinião, seria insuficiente apenas com o aumento do financiamento público.
“Também o movimento desportivo na articulação, sobretudo, com o movimento empresarial, tem que ser capaz de captar mais verbas”, vincou, elencando os ‘caminhos’ para esse reforço financeiro, desde logo explorando mais os programas da Solidariedade Olímpica, do Comité Olímpico Internacional.
“Há um trabalho que pode ser feito, a nível do próprio COP, que é criar mais recursos. Uma das ideias é, precisamente, um Canal Olímpico”, apontou, indicando que esta plataforma poderia, ao fortalecer a relação do olimpismo nacional com a sociedade civil, “angariar mais receitas, mais publicidade”.
Mestre quer trabalhar mais no sentido de chamar a atenção das empresas, apresentando essa como uma das suas “grandes missões”, num projeto em que se propõe “introduzir o português como língua oficial no Comité da Olímpico Internacional”, assim como, num primeiro momento, voltar a ter um representante nacional naquele organismo.
Entre as várias propostas do jurista lisboeta, entre as quais se conta a edificação do Museu Olímpico, a atualização do Programa de Preparação Olímpica assume uma importância “vital”.
“Percebermos todos em conjunto porque é que há ainda um ‘gap’ acentuado entre o número de atletas que são apoiados e aqueles que são efetivamente qualificados. E essa é uma avaliação que tem que ser feita”, afirmou, identificando ainda a necessidade de reforçar o apoio às Esperanças Olímpicas.
Para Mestre, COP, atletas e federações têm de trabalhar em rede, uma premissa extensível à elaboração de um ‘Livro Branco do Alto Rendimento’, que permitiria esboçar, também a três ciclos olímpicos, “um projeto ganhador e mobilizador”.
“É uma grande vontade também desta candidatura centralizar um conjunto de serviços que libertem […] financeiramente as federações: serviços centralizados de contabilidade, apoio jurídico, ‘sportec’. Repare que as tecnologias da inteligência artificial têm e podem e devem estar ao serviço do movimento olímpico”, indicou ainda.
Numa candidatura voltada para o futuro não podiam faltar um eSports, uma ‘novidade’ nem sempre consensual no olimpismo.
“Temos os Jogos Olímpicos, mas depois temos outras missões e essa passará a ser uma nova. E, por isso, temos que nos mobilizar, porque isso é uma realidade, efetivamente, incontornável e vamo-nos concentrar no que é positivo, no chegar aos jovens […]. Quando não está ao nosso alcance alterar-se o que for discordando ou concordando, o que temos que fazer é, o mais possível, valorizarmos a nossa presença”, sustentou.
Federado em ténis e praticante de voleibol, o advogado, professor universitário e autor de diversas obras sobre a legislação desportiva e também o olimpismo é um dos quatro candidatos à presidência do COP, juntamente com o também antigo secretário de Estado do Desporto Laurentino Dias, o atual secretário-geral do organismo, José Manuel Araújo, e o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) Jorge Vieira.
*** Ana Marques Gonçalves (texto), Pedro Lapinha (vídeo) e Tiago Petinga (fotos) ***
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By Impala News / Lusa
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