Começou com Boca(s) mas terminou num Rio de alegria
O River Plate conquistou pela quarta vez a Taça Libertadores ao bater os rivais do Boca Juniors. Mas a história fez relembrar um jogo da Taça UEFA em 2005.
A final menos sul-americana de sempre acabou com sorrisos milionários. O River Plate venceu, com recurso ao prolongamento, o Boca Juniors, grande rival de Buenos Aires, e repetiram o sucesso de 2015.
O jogo que ganhou contornos ainda mais polémicos quando a CONMEBOL decidiu marcar para Madrid a segunda mão da final da Taça LIbertadores, após os adeptos do River Plate terem atacado o autocarro do Boca Juniors quando este se dirigia para o Monumental Nünez, a 24 de novembro.
Antes de começar, devo realçar que sou adepto do Boca Juniors desde cedo. A paixão começou em 1995, com 9 anos, quando Maradona voltou aos xeneize. Cresci com as cuecas de Riquelme e os penaltis falhados por Palermo, mas respeitando também um River Plate de Ortega, Sorín, Aimar e Saviola, que tanta luta davam nos jogos de Championship Manager.
Benedetto ainda fez o Boca sonhar
Voltando à ‘realidade’, o jogo de ontem foi tudo aquilo que falta em muitos jogos europeus. Raça, entrega, crer e muito mais coração do que cabeça. O golo de Darío Benedetto, quase a terminar a primeira parte, fez o Boca sonhar com o título que lhes foge desde 2007. Nos festejos, o avançado argentino provocou os rivais milionários e tudo parecia encaminhar-se para o clube Azul y Oro.
A segunda parte trouxe um River diferente, melhor equipa em campo e o golo de Lucas Pratto, avançado formado no Boca Juniors, aos 68 minutos, trouxe justiça ao resultado. O Boca acusou o golo e ao longo da segunda parte, pareceu querer levar o jogo para prolongamento; ao contrário de um adversário que tentava procurar um segundo golo. O jogo terminou mesmo empatado no final dos 90 minutos, não sem antes, e à boa maneira sul-americana, um jogador xeneize ser expulso.
Aquela bola no poste…
No prolongamento, o River Plate continuou superior a um Boca que já tinha em campo um histórico do clube, Fernando Gago. Nas bancadas, os adeptos La Banda sentiam também que estavam por cima e passavam para os jogadores a vontade de ganhar ao rival de sempre.
O acreditar do River acabou por ter os seus frutos. No início da segunda metade do prolongamento, o clube que tem um dragão como símbolo viu um ex-FC Porto ganhar contornos de herói. Juan Quintero, jogador ainda emprestado pelos campeões nacionais aos argentinos, fuzilou a baliza de Estebán Andrada e colocou o River Plate em vantagem.
Já para além dos 120 minutos, o Boca teve o seu momento trágico. Leonardo Jara recebeu uma bola à entrada da área dos milionários e chutou para golo, mas a bola foi desviada por um defesa e acabou por bater caprichosamente no poste e sair para canto. Um momento a fazer lembrar a final de 2005 da Taça UEFA, onde o Sporting enviou a bola ao poste e acabou por sofrer um 3-1 na jogada seguinte que deu a conquista ao CSKA. Ontem, aconteceu quase o mesmo.
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Na sequência do canto, e já com Andrada na grande área adversária, a bola é socada pelo guarda redes do River Plate e, após passe de Quintero, Gonzalo Pity Martínez galgou desde o seu meio-campo para uma corrida solitária e imortal, fazendo o 3-1 e sentenciando a partida mais argentina jamais disputada em Espanha.
Novo formato da Libertadores a caminho
Com a conquista no Santiago Bernabéu, onde se encontrava Leo Messi, o River Plate igualou os compatriotas do Estudiantes de La Plata no quarto lugar dos clubes com mais Copas Libertadores da América, que é liderado pelos também argentinos do Independiente, com sete conquistas, contra seis do Boca Juniors.
Esta foi também a última final a duas mãos da maior competição de clubes da América do Sul; a final de 2019 será realizada apenas num jogo e em Santiago do Chile.
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TEXTO: Vítor Miguel Gonçalves | WIN
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