Dias quer rever financiamento para acabar com “desequilíbrio enorme” entre modalidades

Laurentino Dias defendeu que o financiamento do desporto português deve ser repensado, de modo a assegurar uma distribuição mais equitativa das verbas das apostas desportivas e atenuar o atual “desequilíbrio enorme” entre modalidades.

Dias quer rever financiamento para acabar com

“O financiamento geral do sistema desportivo precisa de ser repensado”, começou por defender o candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP).

Em entrevista à Lusa, o antigo secretário de Estado do Desporto recordou que, em 2023, o Estado distribuiu pelas 67 federações desportivas 30 milhões de euros (ME), “em números redondos”, provenientes do Orçamento do Estado e das receitas dos impostos dos Jogos da Santa Casa, e outros 70 ME resultantes dos jogos online e do Placard.

“Esses 70 ME foram distribuídos mais ou menos assim […]: 69 ME por três ou quatro federações. O outro milhão distribuído pelas outras 60 e tal federações, das quais 47 receberam zero”, expôs.

Para Laurentino Dias, “o problema não é vir ou não vir este dinheiro para o desporto”, mas sim a sua distribuição.

“Esta distribuição está a gerar um desequilíbrio profundo no sistema desportivo. Há duas ou três modalidades, ou quatro se tanto, que se veem abastecer de meios financeiros enormes, que dão, aliás, como resultado terem dinheiro a prazo. É uma coisa difícil de entender. Como é que há organizações desportivas em Portugal que chegam ao fim do ano e apresentam lucros e milhões de dinheiro a prazo?”, questionou.

Enquanto há federações que “não sabem sequer o que fazer com esse dinheiro” — será o caso das de ténis, basquetebol, desportos de inverno, além do dominador futebol -, as outras seis dezenas têm “dificuldades financeiras permanentes que não lhes permitem nem levar os seus atletas a competições, nem ter condições para se desenvolver”.

“Este desequilíbrio é um desequilíbrio enorme. E aquilo que há que fazer é, no meu ver, juntar as federações todas – aquelas que recebem muito, aquelas que recebem muito pouquinho e aquelas que não recebem nada -, e encontrar uma solução que traga justiça, equidade e solidariedade ao sistema”, argumentou.

Acordada essa solução junto das entidades federativas, o COP falaria com o Governo, para serem encontradas “as soluções e as alterações que é preciso fazer”.

“Se isto não for feito, o desequilíbrio vai acentuar-se. E como esta lei funciona desde há 10 anos, é uma boa altura para nós pensarmos em refletir sobre ela e encontrar boas soluções”, insistiu.

O candidato diz até já ter visto da parte do Governo, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, “alguma abertura para que este tema fosse discutido, refletido e ultrapassada esta enorme dificuldade, que é caminhar para um desequilíbrio profundo e brutal no sistema de desportivo português”.

“Não vale a pena disfarçar. Não vale a pena fazer como faz uma federação, dessas que recebem muito dinheiro, pegar no seu orçamento e escrever na última linha uma coisa chamada donativos ‘milhões de euros’. Não é donativos, não. É receita pública que vem dos impostos”, denunciou.

Dias deu ainda como exemplo o futebol, que alegou ter feito “uma obra fantástica sem dinheiros públicos”, quando um terço do orçamento de 120 ME daquela federação, que foi presidida durante 13 anos por Fernando Gomes, o outro candidato às eleições de 19 de março, proveio de “receitas públicas de impostos”.

“É preciso falar claro. […] Com transparência e com verdade, não haverá donos disso tudo. Haverá a economia que nós temos, os dinheiros que nós temos, distribuídos com igualdade, com solidariedade e com equilíbrio. E é isso que nós desejamos”, manifestou.

*** Serviço áudio e vídeo disponível em www.lusa.pt ***

*** Por Ana Marques Gonçalves (texto), Jorge Coutinho (vídeo) e José Sena Goulão (fotos), da agência Lusa ***

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By Impala News / Lusa

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