Hacker do Benfica: «Portugal quer silenciar-me porque tem medo do que eu sei»
O hacker do Benfica, Rui Pinto, responsável pela divulgação de documentos sobre o futebol mundial que redundou no ‘Football Leaks’, acusou as autoridades portuguesas de quererem silenciá-lo e negou ser «um criminoso».
O hacker do Benfica, Rui Pinto, responsável pela divulgação de documentos sobre o futebol mundial, criticou a «propaganda portuguesa» que quer fazer dele «um criminoso», numa entrevista concedida à revista alemã ‘Der Spiegel’. Rui afirma ainda que seria importante que as autoridades europeias investigassem a informação que tem no seu computador.
«Não posso revelar o que tenho no meu computador, mas acho que as autoridades europeias deveriam ver o que tenho. As autoridades portuguesas não, porque não querem investigar os crimes, querem apenas utilizar o que eu encontrei para me acusarem e usarem isso contra mim», afirmou à publicação germânica.
Rui Pinto confessou que «estava a colaborar com as autoridades francesas e a iniciar outra colaboração com as autoridades suíças», quando «Portugal sabotou tudo».
«O que era apenas uma simples ordem de investigação a nível europeu transformou-se num mandado de detenção europeu contra mim. Foi chocante. Criaram toda esta confusão internacional. Têm medo que eu saiba demasiado e que partilhe o que eles acham que eu sei com jornalistas ou outros países. Portugal quer apenas silenciar-me e ocultar o que eu tenho no meu computador portátil. Têm medo», referiu Rui Pinto.
O português, que se encontra em prisão domiciliária em Budapeste, na Hungria, após ter sido detido há duas semanas, autointitulou-se «denunciante» e não um ‘hacker’. Rui Pinto assegurou que «os documentos do Football Leaks são verdadeiros».
O alegado ‘hacker’ do Benfica, que acedeu ilegalmente aos e-mails do clube da Luz, diz nunca ter apontado «especificamente a este ou àquele clube, federação ou país».
«Se tenho informação sobre determinado clube de futebol, por que não deveria partilhá-la com os ‘media’», questionou. Rui Pinto confirma ser «adepto do FC Porto», embora esta condição nunca o tenha «impedido de partilhar ou publicar informação relevante».
Ainda assim, o cidadão luso admite ter sido «ingénuo» e ter feito «coisas estúpidas», nomeadamente no caso com o fundo Doyen.
«Decidi contactar o Nélio Lucas [administrador executivo da Doyen] e disse-lhe que tinha em minha posse documentos sobre a Doyen. Queria ver a reação deles e perceber o quão valiosos eram aqueles documentos para eles. Queria ver até onde estavam dispostos a ir. Não houve extorsão, nem ganhei dinheiro com isso.»
«Quando era pequeno, o meu pai disse-me que o futebol iria arruinar-me a vida»
Na entrevista à ‘Der Spiegel’, Rui Pinto deixou também uma revelação curiosa: «Quando era pequeno, tomava notas dos jogos do campeonato português, desenhava os equipamentos dos clubes. O meu pai disse-me para não ser tão fanático, caso contrário, um dia, o futebol iria arruinar-me a vida.»
O hacker foi ouvido no dia 18 de janeiro em interrogatório judicial em Budapeste, após a detenção, dois dias antes, na sequência de um mandado de detenção europeu.
O cidadão luso encontra-se em prisão domiciliária, na capital húngara, enquanto aguarda pelo desenrolar do processo de extradição para Portugal, ao qual os seus advogados já se opuseram.
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