Jordão, o homem que veio para jogar no Benfica mas que se tornou lenda no Sporting
O internacional português Rui Jordão, apelidado de ‘Gazela de Benguela’, veio de Angola como ‘novo Eusébio’ para jogar no Benfica, mas foi no Sporting que se tornou uma lenda, além de também ter ‘brilhado’ pela seleção.
O internacional português Rui Jordão, apelidado de ‘Gazela de Benguela’, veio de Angola como ‘novo Eusébio’ para jogar no Benfica, mas foi no Sporting que se tornou uma lenda, além de também ter ‘brilhado’ pela seleção.
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O homem que se tornou, depois de deixar o futebol em 1989, um pintor formado na Sociedade de Belas Artes de Lisboa morreu hoje, aos 67 anos, deixando um legado com 43 jogos pela seleção principal e 15 golos, dois deles na meia-final do Euro1984, em que Platini ‘roubou’ uma primeira final sénior a Portugal.
Homenageado pelo Sporting numa fase em que já estava hospitalizado, na vitória de quinta-feira frente ao LASK Linz (2-1), com um aplauso ao minuto 11, número da ‘sua’ camisola, Jordão cedo mostrou dotes de goleador.
Rapidez e forma batizaram-no de ‘Gazela de Benguela’
Nascido em Benguela, a rapidez e a forma em frente à baliza batizaram-no de ‘gazela’, uma rima que se tornou em ‘poesia’ ao lado de Manuel Fernandes, entre 1977 e 1987, altura em que faturou 184 golos em 282 partidas.
Este período nos ‘leões’ seguiu-se a 79 tentos (128 jogos) pelo Benfica e uma época menos conseguida em Espanha, no Saragoça, e tem breves intervalos, um deles em 1979, em que representou os norte-americanos do Jacksonville Tea Men, mas também pelas várias lesões que o afetaram.
Mudou-se para o país vizinho, e para o Saragoça, depois de uma época fulgurante pelas ‘águias’, com 33 golos em 34 jogos, um registo goleador numa só época que viria a superar em 1981/82, quando apontou 34 tentos em 37 encontros.
Depois dos ‘leões’, ainda jogou duas épocas no Vitória de Setúbal, que lhe valeram uma chamada à seleção após o ‘caos’ causado pelo ‘escândalo Saltillo’, que deixou os atletas escolhidos para o Mundial do México de fora, e 12 golos, para fechar com 304 golos (547 jogos) a carreira.
Pelo meio, fica a ‘guerra’ entre Benfica e Sporting, para que foi fundamental, desde logo, o amor aos ‘verdes e brancos’ e a intervenção do então presidente leonino João Rocha, que também impediu uma investida de Pinto da Costa, que queria o ponta de lança aliado a Paulo Futre no FC Porto.
Jordão, um palmarés recheado e muitas lesões
Representou a seleção portuguesa no Euro1984, onde ficou perto de uma glória que só viria a ser conseguida, pelos lusos, em 2004, na final perdida para a Grécia, e na investida vitoriosa no Euro2016. Frente à França, marcou dois golos, um deles num prolongamento em que as aspirações da equipa das ‘quinas’ caíram por terra a um minuto do fim, quando Michel Platini fez o 3-2 que levou os franceses à final.
Conquistou seis campeonatos de Portugal, quatro no Benfica e dois pelo Sporting, além de três Taças de Portugal, duas pelos ‘verdes e brancos’, numa carreira em que foi duas vezes o melhor marcador da I Liga, em 1975/76 e 1979/80.
Já depois de ter jogado com Eusébio no Benfica (marcou um golo ao Sporting que lhe ‘lançou’ a carreira pelos ‘encarnados’), foi com Manuel Fernandes que acabou por ser mais feliz, potenciando um Sporting de futebol ofensivo.
Nem as lesões, numa tíbia e num joelho, acabaram com um ímpeto que ameaçou acabar cedo, dada a gravidade dos problemas físicos, conhecendo novo fulgor quando à equação Jordão-Fernandes foi acrescentado António Oliveira, levando-os ao título em 1982, ano em que fizeram o ‘pleno’ nacional, com Taça e Supertaça.
De jogador a pintor
Depois de acabar a carreira, manteve um perfil discreto no tocante ao desporto de que foi figura de proa durante mais de dez anos e dedicou-se à pintura, que estudou, e também à escultura, artes a que entregou o restante do tempo de vida.
Em 2018, inaugurou na galeria do Palácio Egito, em Oeiras, nos arredores de Lisboa, a exposição “Que a Mente resista/Projeto de uma exposição/Palavras Ditas”, um dos últimos ecos de uma profissão artística que começou com a licenciatura em História da Arte, na Universidade Nova de Lisboa, que lhe valeu um estágio no Centro Cultural de Cascais-Fundação D. Luís I, tendo recebido o Prémio Vespeira, por “Rosto da Cidade”, e expososto nas Bienais de Amarante e Montijo, entre outros locais.
Rui Jordão tinha 67 anos quando morreu, devido a problemas cardíacos a que não resistiu após ser hospitalizado.
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