Jorge Jesus já saiu do tribunal (fotos)
Antigo treinador do Sporting foi presente esta terça-feira a tribunal para prestar depoimento relativamente ao ataque à academia de Alcochete, a 15 de maio de 2018.
Terminou a sessão do julgamento do ataque à academia de Alcochete. Jorge Jesus já saiu do Tribunal de Almada, onde foi ouvido esta terça-feira, 7 de janeiro, via videoconferência.
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O antigo técnico do Sporting começa por recordar a entrada dos atacantes. «Eram tantos… Lembro-me perfeitamente que comecei a correr direto à cabine. Não os vi a entrar, eram muitos, a maior parte da cabeça coberta. Os últimos 4 elementos que fizeram a invasão vinham de cara destapada, um deles reconheci: o Fernando Mendes. Mais de 20 eram de certeza. Parecia a marcha de um pelotão de guerra», afirma o treinador.
«Foi à porta de entrada do vestiário [balneário] que vi o Fernando Mendes e lhe pedi ajuda. Foi antes de entrar no edifício. Pedi para ele impedir aquilo de acontecer. Mas eles já estavam quase todos dentro da cabine do vestiário. Muito fumo, muitos gritos dentro do vestiário. Não consegui chegar à cabine onde estavam os jogadores. Fui agredido e reagi à agressão», recorda, referindo que o agressor fugiu de imediato.
Quando chegou ao balneário «muitos já estavam a sair», conta. Momentos depois, Jorge Jesus recorda que voltou a ser agredido. «O Petrovic viu-me a sangrar. Apareceu outro indivíduo, que trazia um cabo. Também me viu levar um soco. Entrei dentro das instalações e há um que me dá com o cinto na cara e no ombro. Vou atrás dele e quando saio da cabine vejo-os todos. Isto passou-se nos corredores», conta Jorge Jesus. «O Fernando Mendes está perto de mim quando levo um soco», acrescenta.
«Parecia um filme de terror»
O treinador recorda ainda que os dois indivíduos que o agrediram «tinham a cara tapada». «O do soco ia de calções e ténis. Era um jovem de 22, 23, 24 anos. Fernando Mendes não me explicou por que razão estava ali. Dirigiu-se para perto dos outros e começaram a dispersar», relata.
«Um indivíduo entrou com um carro, que reconheci da televisão. Ele só aparece depois daquilo ter acontecido», explica. «’Já viste o que me fizeram?’, perguntei ao Fernando Mendes. Voltei para perto dos meus jogadores. O Bas Dost estava a chorar. Não vi o que se passou dentro da cabine», continua a explicar Jorge Jesus.
Quando entrou no balneário o cenário «parecia um filme de terror», recorda. «O William falou com o Fernando Mendes e com o outro, o Aleluia, acho eu, que também estava de cara destapada. Perguntei ao William quem era aquele que estava a falar com ele. Soube depois que era o Aleluia. Era um dos quatro que acompanhava o Fernando Mendes.»
Texto: Sílvia Abreu; Fotos: Zito Colaço
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