Ministério Público quer levar todos os arguidos do e-toupeira a julgamento
O Ministério Público afirma que Luís Filipe Vieira tinha conhecimento de todas as contrapartidas dadas por Paulo Gonçalves aos funcionários judiciais.
No debate instrutório, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), o Ministério Público (MP) pediu para que o processo ‘e-toupeira’ seja levado para julgamento «nos exactos termos da acusação».
Para a acusação, Luís Filipe Vieira tinha conhecimento de todas as contrapartidas entregues por Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do clube, aos funcionários da justiça que em troca recebia informação privilegiada sobre casos em segredo de justiça que envolviam o SL Benfica e os clubes rivais, FC Porto e Sporting CP.
No debate instrutório, o procurador Valter Alves reforçou a tese do Ministério Público que formula uma «teia de interesses e de contrapartidas que havia entre os arguidos», acrescentando que, durante a fase de instrução, ficou demonstrada a «hipotética normalidade das ofertas».
O procurador do MP reiterou que o presidente da SAD do clube encarnado, Luís Filipe Vieira, tinha conhecimento dos pedidos de convites e artigos de merchandising e tal fica provado através da troca de emails entre Paulo Gonçalves e o líder da SAD da Luz. Valter Alves referiu ainda que para o Benfica estas regalias dadas aos funcionários judiciais era segundo a «a regra do bom senso», defendendo que «o bom senso não é regra, é um princípio ético» e, neste processo, representa a «desregulação» com a «oportuna ausência» de regras do clube encarnado.
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Valter Alves é peremptório nesta situação: «[Ofertas de merchandising e os convites] não foram entregues por amizade, foram entregues pelas razões que estão descritas na acusação do Ministério Público. Não é crime ter amigos, é crime ter praticado os factos descritos na acusação, sendo amigos ou não»
Paulo Gonçalves tinha ligação directa à SAD
Para o Ministério Público, o antigo assessor jurídico esteve «presente na maioria das reuniões do conselho de administração da SAD benfiquista» e que sempre se manteve próximo «da liderança e das tomadas de decisões da SAD».
Paulo Gonçalves tinha também uma relação de amizade «muito próxima» com Vieira.
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Ministério Público fala em ‘favorzinhos’
O MP descreve os dois funcionários judiciais, José Silva e Júlio Loureiro, como indivíduos que prestavam estes ‘favorzinhos’ de forma a terem um ‘status’, ao serem vistos na tribunal presidencial do Estádio da Luz ou na presença de jogadores e outras figuras de proa do emblema encarnado.
Ainda segundo Valter Alves, Paulo Gonçalves não conseguiu justificar os pedidos feitos aos funcionários judiciais e respectivas trocas de favores, assim como as conversas trocadas com José Silva. Por esclarecer ficou também o facto de Gonçalves ter no seu escritório na SAD um inquérito judicial em segredo de justiça e um currículo do sobrinho do funcionário de justiça que, supostamente, iria ser contratado pelo Museu do Benfica.
O procurador afirmou ainda que «Só não há prova dirccta do acordo. O acordo retira-se dos actos que as pessoas praticam. O acordo é lógico e prova-se através dos factos descritos. Ninguém em momento algum recusou: nem Paulo Gonçalves recusou as informações, nem Júlio Loureiro nem José Silva recusaram as ofertas».
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