Ministério Público pede dois anos e meio de prisão para Rubiales por beijo a Hermoso
O Ministério Público pediu dois anos e meio de prisão para o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol Luis Rubiales por agressão sexual e coação no processo do beijo à jogadora Jenni Hermoso, segundo um documento hoje conhecido.
Os procuradores espanhóis pediram também condenações a um ano e meio de prisão por delitos de coação para o ex-treinador da seleção feminina de futebol de Espanha Jorge Vilda, para o antigo diretor de marketing da federação Rubén Rivera e para o diretor da seleção masculina, Albert Luque.
Estes pedidos de condenação foram enviados pelo Ministério Público ao juiz da Audiência Nacional espanhola que tutelou a instrução do caso e estão a ser divulgadas hoje por diversos meios de comunicação social em Espanha.
Além de uma pena de prisão, no caso de Luis Rubiales, os procuradores pediram que o ex-presidente da federação de futebol fique proibido de trabalhar no âmbito desportivo durante o mesmo tempo da condenação.
Os procuradores defenderam ainda que Rubiales fique proibido de contactar com Jenni Hermoso ou de estar a menos de 200 metros da jogadora durante quatro anos.
Em agosto do ano passado, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso no estádio de Sidney, após a final do Mundial de futebol feminino, que Espanha venceu.
Jenni Hermoso disse que o beijo não foi consentido e queixou-se também de coações por parte de outros dirigentes da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e da seleção feminina, que queriam que a jogadora corroborasse a versão diferente sobre o beijo que deu Luis Rubiales.
Em 25 de janeiro, a Audiência Nacional espanhola decidiu que o antigo presidente da RFEF vai a julgamento por este caso.
O juiz Francisco de Jorge considerou que o beijo em causa “não foi consentido” e que o selecionador Jorge Vilda, que também vai a julgamento, “exerceu pressão” sobre Hermoso.
Segundo o juiz, “o beijo não foi consentido, foi uma ação unilateral e de surpresa”.
“A finalidade erótica ou não, bem como o estado de euforia e agitação que se seguiram ao extraordinário triunfo, são elementos cujas consequências, ou consequências legais, devem ser determinadas durante o julgamento”, indicou o juiz.
A argumentação foi neste sentido face às justificações de Rubiales, quando disse que a situação ocorreu num “momento de felicidade, de grande alegria e no momento”, rejeitando qualquer “conotação sexual”.
Já o juiz entendeu que este beijo na boca “afeta a esfera da intimidade, reservada às relações sexuais entre dois adultos”.
Além de Luis Rubiales, o magistrado decidiu levar também a julgamento o diretor da seleção masculina, Albert Luque, o antigo selecionador feminino Jorge Vilda e o antigo diretor de marketing da RFEF Rubén Rivera, pelas “pressões” exercidas sobre a jogadora após os acontecimentos.
Francisco de Jorge considerou ter existido ação concertada entre os três, com a conivência de Luis Rubiales, “para quebrarem a vontade de Jenni Hermoso e levarem a jogadora a gravar um vídeo referindo que o beijo tinha sido consentido”.
Após os acontecimentos, Rubiales recusou demitir-se do cargo de presidente da federação, o que acabou por fazer em 10 de setembro.
Por causa deste caso, a FIFA suspendeu Luis Rubiales por três anos de todas as atividades relacionadas com futebol.
O comportamento de Rubiales valeu-lhe ainda a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha, além da queixa na justiça apresentada por Jenni Hermoso.
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