Português Eduardo Freitas é o novo diretor de corridas da Fórmula 1
O novo diretor de corridas da Fórmula 1 é português. Eduardo Freitas, desempenhava as mesmas funções nas 24h de Le Mans e começou a carreira a desmontar a pista de karts do Estoril nos anos 70.
O português Eduardo Freitas vai desempenhar, de forma alternada com o alemão Niels Wittich, o cargo de diretor de corrida no Mundial de Fórmula 1, substituindo o australiano Michael Masi, anunciou esta quinta-feira a Federação Internacional do Automóvel (FIA). Masi foi afastado na sequência das decisões controversas tomadas no Grande Prémio de Abu Dhabi, derradeira prova do campeonato de 2021, em especial a de relançar a corrida na última volta — que estava a decorrer com a presença do ‘safety car’ -, permitindo ao piloto neerlandês Max Verstappen (Red Bull) ultrapassar o britânico Lewis Hamilton (Mercedes) e conquistar o título mundial.
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“Niels Wittich e Eduardo Freitas vão atuar, de forma alternada, como diretor de corrida, assistidos por Herbie Blash, na qualidade de conselheiro principal permanente”, anunciou o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, revelando que Masi se vai manter no organismo, a desempenhar outras funções, sem especificar quais. Eduardo Freitas, que tem vasta experiência como diretor de corrida no Mundial de resistência, vai ser promovido à categoria rainha do desporto automóvel, na qual Masi esteve apenas dois anos como diretor de corrida, depois de ter substituído Charlie Whiting, na sequência da morte do britânico, em 2019.
O presidente da FIA informou também que será criada “uma sala de controlo remota”, instalada fora dos circuitos em que decorrerem as provas, “à semelhança do que sucede no futebol, com o VAR (videoárbitro)”, em contacto com o diretor de corrida em tempo real, com o objetivo de “ajudar à aplicação dos regulamentos”. “As comunicações diretas de rádio durante as corridas [entre o diretor de prova e os responsáveis das escuderias de F1], que, atualmente, são transmitidas em direto na televisão, vão ser suprimidas, a fim de proteger o diretor de corrida de qualquer pressão”, acrescentou.
A estreia do português será nos testes de Barcelona, entre os dias 23 e 25 de fevereiro. A primeira corrida está agendada para 20 março, no GP do Bahrein.
De mecânico de karts a diretor de corridas na F1
Eduardo Freitas tem 60 anos (nasceu a 27 de outubro de 1961), é natural de Cascais e sempre foi um apaixonado por motores. Numa entrevista ao Autosport em 2020, contou como tudo começou em 1977. “Costumava fazer arranjos a motores a dois tempos para motorizadas, e um dia um amigo pediu-me para fazer o mesmo a um motor a dois tempos de um kart. Dois anos depois, fui ao Mundial de Karting no Estoril para comprar um chassis ao Martin Hines da Zip Kart, que era um piloto fantástico, e que vi correr, comigo sentado na bancada. Decidi que não queria mais ver corridas desta maneira, e a parte mecânica já não me dava a adrenalina que eu queria, então na segunda feira seguinte, dia 24 de setembro de 1979, comecei como aprendiz, desmontando a pista de karting do Estoril.”
Depois foi sempre a subir até ao cargo de diretor de provas. “Quando surgiu a oportunidade de ser diretor de corrida numa prova de karting, passei para essa posição. Então, em 2002, quando era chefe do colégio de comissários no Estoril, surgiu a oportunidade de ir para o FIA GT”, contou na mesma entrevista. Do FIA GT e ETCC passou para o WTCC [World Touring Car Championship], em 2004, onde ficou até 2009. “Em 2010, a FIA decidiu mudar-me para o Campeonato do Mundo de GT, que só durou em 2011, então fui convidado para vir para o Campeonato do Mundo de Endurance [WEC]. E como sou diretor de corridas de resistência aqui, faço o mesmo trabalho na European Le Mans Series e na Asian Le Mans Series”, indicou Eduardo Freitas.
“Cada prova é uma prova e todas têm de ser vistas com muita responsabilidade pois o risco está sempre presente. Seja quem for que esteja em pista, temos de nos assegurar que quem está na pista tem a segurança necessária para depois sair dela sem problemas. Enquanto me der gozo fazer isto continuarei, no dia em que deixar de me dar gozo opto pelo golfe ou pelo windsurf ou outra coisa que me estimule”, disse ainda ao Autosport.
Foto: FIA WEC redes sociais
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