Sem Filtro | Bruno de Carvalho ataca Jorge Jesus

O livro é apresentado esta terça-feira, dia 15, e nós mostramos-lhe as maiores polémicas e ataques feitos pelo ex-presidente do Sporting

«Enquanto Bruno de Carvalho esteve à frente do Sporting, o clube conquistou mais de 450 títulos nacionais e regionais e 7 títulos europeus, em 33 modalidades – 2018 foi mesmo o ano com mais títulos nacionais e europeus da história de um clube em Portugal». É assim que começa Sem Filtro – Os Bastidores da Minha Presidência, assinado em co-autoria com Luís Aguilar.

Neste livro, Bruno de Carvalho promete revelar, sem filtro,  muitos episódios inéditos sobre os cinco anos e meio de Sporting.  A história que conta, diz, « tem muitas traições e deslealdades. Mas também muito amor».

Ainda na introdução, diz que« houve quem se aproveitasse para transformar o meu sonho de criança num pesadelo de adulto».

«Não tenho cabeça para fazer o jogo. Preciso de saber já se renovo ou então na segunda-feira vou-me embora.»

«Não tenho cabeça para fazer o jogo. Preciso de saber já se renovo ou então na segunda-feira vou-me embora», terá dito Jorge Jesus a Bruno de Carvalho.

«Foi assim que Jorge Jesus se dirigiu a mim, em pleno estádio do Braga, cerca de 15 minutos antes do último jogo da época 2015/2016. Ainda podíamos ser campeões, caso vencêssemos o nosso desafio e o Benfica não ganhasse ao Nacional, mas o Jorge achou que aquele seria o momento certo para negociar a sua renovação, apesar de ainda ter mais uma época de contrato com um salário anual bruto de 5 milhões de euros. Fiquei estupefacto com aquela atitude e não o escondi: «Jorge, mas vamos falar nisso agora? O jogo está quase a começar.» «Pois, mas não estou com cabeça», insistia. «Têm de falar já com o meu agente. Preciso de receber um telefonema dele a dizer que está tudo bem. Ou então segunda-feira vou para outro lado porque tenho clubes interessados. O Porto diz que paga o valor para eu sair e voume embora.» Perguntei-lhe o que queria, mas ele continuava a responder num tom desesperado: «Não, eu não falo de valores. Isso é com o meu agente. Mas tenho de saber já.», lê-se no livro.

Bruno terá saído para fumar um cigarro e ligar a Costa Aguiar, o empresário de Jorge Jesus.

«Então, mas o que é que ele quer?», perguntei. Do outro lado vem a resposta: «O homem não está bem. Quer 8 milhões, precisa de 8 milhões, têm de ser 8 milhões.» E não saía daquilo. Parecia um disco riscado a falar da verba que Jesus exigia. «Se não tiver os 8 milhões, ele vai-se embora, porque diz que tem outras ofertas.» «E tem mesmo?», voltei a questionar. «Não sei, não faço ideia, mas o homem já me ligou. E, olhe, está a ligar outra vez. Eu não sei, o presidente é que sabe, o presidente é que escolhe, mas ele está a insistir, a insistir. Olhe, presidente, faça o que achar melhor», escreve, revelando que é  assim que se dá o início da renovação com Jorge Jesus.

Sobre Jesus, continua: «O Jorge queria saber tudo. Todos os detalhes. Quais as bancadas que iriam estar abertas, quem subiria ao relvado, quem iria estar no relvado, quem falaria primeiro, quem falaria depois, como falaria, quando falaria, onde falaria. Assim estava ele antes da sua apresentação como treinador do Sporting Clube de Portugal. Nervoso. Muito nervoso. Mas satisfeito. E obcecado em ter a certeza de que ninguém iria roubar-lhe um pingo de protagonismo. Era «eu, eu e eu», lê-se, sobre a apresentação a 1 de julho de 2015.

Mais adiante, revela que « oJorge nunca conseguiu ultrapassar a forma como saiu do Benfica. Não raras vezes falava comigo, comparando o Sporting ao seu anterior clube, dizendo que tudo era melhor de onde veio. Fosse a estrutura do futebol, da comunicação ou do marketing. E que o Benfica tinha assim. E que o Sporting também deveria ter.»

Num capítulo a que dá o nome de Presidente, High Five, ataca Marco Silva. «De anjinho, o Marco só tinha a cara. «Lobo em pele de cordeiro» é uma expressão que lhe assenta bem. Vivi uma época de terror com ele», escreve. Há vários outros capítulos dedicados ao ex-treinador do Sporting.

Findada a temporada 2012/13, relata que começaram os problemas familiares. «O Sporting estava repleto de problemas que careciam de resolução urgente e eu não tinha tempo para estar com a minha família. Passavam-se dias inteiros sem vê-los e semanas em que não conseguíamos estar juntos para uma simples refeição. Por isso, quando a equipa foi para o Algarve, a fim de participar no Torneio do Guadiana, pedi à então minha mulher para ir comigo, porque era a única forma de estarmos juntos por breves momentos.»

Num capítulo que intitula de O Estranho mundo de Octávio Machado, continuam os ataques.

«Octávio Machado entrou no Sporting por intermédio de Jorge Jesus. Somente por ele. Somente por isso». lê-se.

«Não demorei muito tempo a perceber, contudo, que o novo diretor-geral do futebol era um elemento altamente perturbador. Todos os dias, por volta das 8h00, punha logo o Jorge fora de si porque começava a ler-lhe tudo o que vinha na imprensa sobre pessoas que poderiam ter emitido uma opinião menos simpática sobre o nosso treinador. «Já viste o que este diz de ti? E este aqui?» Esta forma de estar mexia muito com o Jorge. Estamos a falar de um homem bastante influenciável e sempre muito preocupado com o que os outros dizem sobre ele.»

Sobre os seus à data normais estados de Facebook reage: «A certa altura, também começaram a dizer que eu usava o Facebook do meu pai para lançar ataques ao nosso treinador. Outra mentira. Mas é natural que a minha família também sofresse por mim, e tentasse defender-me, ao ver-me dar tudo ao Sporting, dar tudo às pessoas que faziam parte do clube, e receber de volta muita ingratidão. O Jorge foi um desses casos»

 

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