César Boaventura | Apito Dourado e a face negra do Futebol
César Boaventura | O Apito Dourado foi o expoente máximo de corrupção num país em que o dinheiro do futebol escoa num ápice para a corrupção.
O Apito Dourado foi, sem dúvida, o expoente máximo de corrupção num país em que o dinheiro do futebol escoa num ápice. A corrupção acaba por ser uma das formas de ultrapassar a minúscula dimensão que nos carateriza. É essa forma subterrânea a que algumas vezes certos clubes se entregam para ‘contornarem’ a falta de verbas internas.
Este nosso futebol é feito de monopólios, umas vezes a duas cores, outras a três, em ciclos de alguns anos. Com verbas milionárias para o primeiro classificado do campeonato nacional, e uma possível verba para o segundo, a Liga dos Campeões faz com que a luta de ‘gigantes’ internos seja avassaladora e, por vezes, corrupta. Sem olharem a meios para atingirem os fins, são uma vergonha internacional. Ainda por cima, no país Campeão Europeu…
«[…] continuam a enriquecer diariamente por não existir coragem de os expulsar» – César Boaventura
A isto podemos acrescentar os enriquecimentos pessoas que alguns dirigentes obtiveram ao longo de mais de 30 anos. Mais aqueles – considerados testas-de-ferro que os rodeiam – que, para bem da verdade, continuam a enriquecer diariamente por não existir coragem de os expulsar. Não podem expulsá-los porque, claro, sabem muito das vidas dos clubes. Sabem muito da vida privada dos domadores de monstros. Tudo isto é a face negra do futebol, e o pior de tudo é que, dentro das quatro linhas, as pessoas começam a esquecer.
As saudades que tenho de ir à bola com o meu primo do Sporting e ir para o lado dele, na bancada dos adeptos sportinguistas… Hoje, isso não é mais possível, em nenhum dos estádios onde jogam os ‘Grandes’. Porque os donos da bola espalham ódio através de mensageiros que andam na comunicação social: os piões dos clubes.
Aí, vemos um clube a julgar outro na praça pública. A abafar a verdadeira corrupção, que teve árbitros a assumirem de viva voz que foram corrompidos; mulheres que assumiram prostituição; escutas telefónicas descaradas. Ao ponto a que este país chega, quando vemos procuradores-gerais da República serem condenados por beneficiarem um clube, enquanto a procissão de ódio desfila por entre adeptos ferrenhos…
«As autoridades que ponham cobro nisto ou, então, que acabem de vez com este desporto no nosso país» – César Boaventura
Tudo isto porquê? Pelo monopólio financeiro que não é só usado para os clubes, mas sim, na sua grande maioria, para enriquecimento próprio. Clubes que venderam milhões em jogadores, receberam milhões em prémios da UEFA e apresentam resultados líquidos negativos abismais, para além de a dívida ser estrondosa e descabida.
Quem padece são os jogadores. Jogadores que, na grande maioria, recebem salários miseráveis, que mal chegam para a sobrevivência… Pior do que isso, neste mundo dos BOLAS, o jogador é cada vez mais o menos falado e o que tem menos protagonismo. As autoridades que ponham cobro a isto. Ou, então, que acabem de vez com este desporto no nosso país, que há muito deixou de ser um desporto ou uma festa e passou a ser uma batalha sem fim.
O dinheiro faz muita gente assobiar para o lado…
César Boaventura, empresário de Futebol
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