César Boaventura | Bruno de Carvalho pensou que já era rei
As nossas famílias são as que mais sofrem e eu desejo muita força à família dele. Que Bruno sirva de exemplo para os muitos (cada vez menos) brunistas
O presidente Bruno tinha o mundo aos seus pés. Entrou no Sporting e ganhou Poder. Começou a desenvolver um trabalho magnífico na gestão do clube, conseguiu chamar a si nomes como Jorge Jesus, atletas como há muito não se via no Sporting e fez vendas como os ‘Leões’ nunca tinham feito. O mundo do Futebol é uma ilusão metódica. Ilusão que facilmente faz sonhar um presidente inconsciente. Um agente inconsciente. Se uma ilusão provoca isto, muitas levam a que se confunda Poder com Populismo.
A verdade é que ao não saber gerir pode tornar o homem no Poder num autêntico inimigo interno. E foi o que se passou com Bruno de Carvalho. Bruno pensou que já era rei. Para além do seu Sporting, queria destruir o eterno rival. E começou, na praça pública, a prometer desmascarar o vizinho. Com o tempo, percebeu-se que fez uma aliança com o rival do Norte para conseguir atormentar o vizinho.
Participou em reuniões de aliança. Conseguiram ‘roubar’ informação privilegiada e lançaram-se na sua luta, prometendo que a mesma era pela verdade desportiva. Iludiu-se com elogios. Refez a vida com um casamento de gabarito. Dinheiro não faltava e a vida era bela. Bruno esqueceu os valores dos nossos avós, que sempre disseram «primeiro olha para dentro e só depois para fora». Bruno deixou de se preocupar em vencer dentro e começou a querer a destruição dos de fora…
Bruno de Carvalho «viu um castelo construído em areia desmoronar-se» (César Boaventura)
Iludiu-se num mundo que é uma ilusão de apoiantes e de amigos. E desequilibrou-se. Foi o primeiro a ter um processo consumado de corrupção – Cash Ball –, esteve, como se fala, moralmente envolvido no ataque à Academia e viu um castelo construído em areia desmoronar-se. Certo é que os rivais continuam e ele está a contas com a Justiça.
Bruno esqueceu que a família é a nossa base e até esse casamento de sonho perdeu. Esqueceu que não se constrói nada com a destruição dos outros. Esqueceu que nunca devemos cuspir para o ar. Esqueceu que um homem tem de medir as atitudes e as decisões. Bruno foi o tudo que deu em nada.
Nunca podia ter feito isto aos sportinguistas e muito menos à sua família. O Bruno popular será a partir de agora conhecido pelas piores razões. Eu fui umas das vítimas nas suas mãos e hoje olho para ele e vejo um homem desonrado. Que me repudia por não ter aproveitado o mundo que teve aos seus pés.
As nossas famílias são as que mais sofrem e eu desejo muita força à família dele. Que Bruno sirva de exemplo para os muitos (cada vez menos) brunistas…
César Boaventura, empresário de Futebol
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