Conviver em sociedade não é fácil. A todo momento, existem conflitos gerados por diferenças e dificuldades de relacionamento. Porém, é possível desenvolver habilidades que melhoram este cenário. O conceito de inteligência geral foi desenvolvido para definir habilidades gerais, relacionadas com áreas específicas do cérebro, que, ao serem desenvolvidas, são possíveis de aprimoração de habilidades específicas. Já a inteligência social é vista como um aspecto evolucionário da espécie humana, já que ela é a capacidade de um indivíduo de resolver problemas recorrendo a experiências passadas e encontrando padrões similares entre elas.

A origem destas capacidades – como a memória, o raciocínio lógico, a capacidade de comunicação verbal e o reconhecimento de símbolos – está localizada no córtex cerebral, que, durante a evolução, passou por processos de alteração significativos, como o aumento do cérebro, as mudanças e o desenvolvimento de suas estruturas internas, o aumento das sinapses e a quantidade de neurónios.

De acordo com vários estudos, o início das interações sociais deu-se no período de desenvolvimento do Homo Erectus. Acredita-se que esta espécie hominídea apresentava características que a diferenciava dos outros primatas como o bipedalismo, capacidade de utilizar ferramentas e o uso do fogo para proteção, entre outras. Este período é caracterizado pela união da espécie em pequenas comunidades cooperativas, demonstrando comportamentos similares ao homem moderno.

A capacidade de relacionar-se e de interagir de forma inteligente é o resultado do desenvolvimento de uma série de traços comportamentais como o autocontrolo, a adaptação, a empatia, a inspiração e o trabalho em equipa. Ter em mente a intencionalidade das próprias ações permite melhor conhecimento de si mesmo e melhor orientação dos próprios comportamentos.

Ou seja, a inteligência social é a forma com a qual um indivíduo se comporta na sociedade e para desenvolvê-la é necessário o autoconhecimento. É natural para o ser humano a disputa e a competição. Porém, os indivíduos que desenvolvem inteligência social sentem-se confiantes e satisfeitos consigo mesmos e não entram em disputas. Também são capazes de confiar mais nas pessoas, praticam a humildade e aprendem com os outros. Outro ponto é que esta aprendizagem permite a ativação dos neurotransmissores da recompensa, que promovem a plenitude e evitam a ansiedade e a insegurança.

Fabiano de Abreu Rodrigues, filósofo e cientista

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