Memorização: Como a retenção de informações influencia a inteligência

Uma das habilidades mais usadas no dia a dia é a memória, essencial para a nossa sobrevivência. Mas uma alta capacidade de memorização será o mesmo do que uma personalidade inteligente?

Memorização: Como a retenção de informações influencia a inteligência

Uma das habilidades mais usadas no dia a dia é a memória, a capacidade de guardar e recuperar informações e lembranças é essencial para a nossa sobrevivência. Mas apesar de importante, a memorização é cercada de mitos, como a íntima relação com a inteligência e o medo de esquecermos informações.

Recentemente, um estudante brasileiro de 17 anos entrou para o Guinness Book depois de quebrar o recorde de maior quantidade decorada de dígitos do número de Euler (número matemático com infinitas casas decimais) – o facto, apesar de ser um feito incrível, não implica que tenha alto QI.

As pessoas acreditam que a facilidade de memorização está ligada à inteligência, e não estão totalmente erradas nesse aspeto. Existe uma relação entre elas pelo fato de as conexões entre as sinapses de alguém com alto QI serem mais rápidas, culminando numa maior memória.

Mas o contrário não segue a mesma regra. Apenas a memória não significa que se tenha uma personalidade inteligente, sendo necessário realizar testes específicos para o determinar.

A memória também pode utilizar técnicas e macetes para ser melhorada. Se alguém utilizar as estratégias corretas, conseguirá memorizar melhor e torna-se, por consequência, mais intelectual, influenciando assim na perceção de inteligência sobre ele.

Nem sempre a memorização é totalmente benéfica. O esquecimento também é importante para o bom funcionamento cerebral. Existe, por exemplo, uma doença chamada HSAM – Síndrome da Memória Autobiográfica Altamente Superior – que torna os indivíduos ‘imunes’ ao esquecimento, conseguindo lembrarem-se de acontecimentos específicos ocorridos em qualquer data ou idade.

No entanto, isto não é tão benéfico quanto parece. Causa uma série de malefícios à saúde, como fortes dores de cabeça, desequilíbrios emocionais, alterações no sono, depressão e ansiedade. Na realidade, o nosso cérebro também está condicionado para esquecer. O esquecimento também está relacionado com a inteligência.

Segundo uma pesquisa publicada pelo Neuro Journal, pessoas mais inteligentes são mais propensas a esquecer, pois o hipocampo, região responsável pelo armazenamento das memórias, precisa de ser ‘limpo’ para que o seu funcionamento seja otimizado e o cérebro possa direcionar melhor a sua energia. Geralmente, este esquecimento ocorre com informações mais supérfluas e menos relevantes. Cérebros ‘inteligentes’ filtram aquilo que precisam ou não de ‘guardar’ – memorizar.

A inteligência, apesar de ser um fenómeno complexo, é extremamente interessante. A neurociência já desvendou muita coisa sobre a inteligência, mas ainda é preciso compreender o que são os pormenores sobre o que é a inteligência em si.

Consiste numa melhor eficiência nas funções cerebrais, tem relação com o córtex pré-frontal e faz todas as funções dessa região trabalharem de forma mais eficiente. Ou seja: memorizarmos tudo não significa necessariamente sermos inteligentes.

Fabiano Lima

Fabiano de Abreu Rodrigues, filósofo e cientista

Leia agora
Cérebro: estudo relaciona o Tálamo com o QI
Estudando a relação do Tálamo com a memória, desenvolvi um novo estudo publicado pela revista científica multidisciplinar Cognitionis, onde explico a importância do tálamo na memória e como ele está relacionado ao QI  (… continue a ler aqui)

Impala Instagram


RELACIONADOS