Paulo Portas, a pop star da Convenção da AD

A Aliança Democrática realizou a sua Convenção, no último Domingo, em Cascais e Paulo Portas pode ser considerado a pop star daquela reunião.

Paulo Portas, a pop star da Convenção da AD

Uma iniciativa que reuniu os líderes do PSD e CDS, mas em que faltou o líder do PPM. Não me pareceu bem que a coligação tenha escondido dos portugueses um dos líderes dos partidos que integra a AD. Têm vergonha de Gonçalo da Câmara Pereira? Não sei. Talvez com o decorrer da campanha percebamos que o PPM seja apenas um mero parceiro de ocasião e de conveniência jurídica.

O discurso de Luís Montenegro foi bom. Apresentou várias propostas que me parecem positivas para o país. Porém, não consegui entender a ausência de propostas na área da Justiça, nomeadamente no que diz respeito à transparência e ao combate à corrupção.

Foi bom ver o ex-primeiro ministro e antigo líder, do PSD, Pedro Santana Lopes, regressar à casa que foi sempre a sua. Na sala foi notório que se mantém intacta a química que sempre existiu com os militantes.

Mas o convite feito a Santana Lopes apenas reforçou a minha ideia de que não entendo porque Pedro Passos Coelho não foi convidado para esta iniciativa.

Hoje é indiscutível que o ex-primeiro-ministro é a maior referência da Direita em Portugal. Mais, Passos Coelho é hoje a única personalidade que tem a capacidade de federar a Direita portuguesa. A sua presença, o que teria para dizer ao país, seria com toda a certeza a alavanca que a AD tão necessitava para descolar do PS nas sondagens.

Para além da ausência do convite a Passos Coelho, não compreendi também que não tivessem sido convidados, para um momento tão importante, os antigos Presidentes do PSD. Até podemos apreciar mais uns que outros, mas todos são um património de que o PSD se deve orgulhar. Pinto Balsemão, o militante n°1 do Partido, Cavaco Silva, Fernando Nogueira, Durão Barroso, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite ou Rui Rio seriam uma preciosa ajuda para Luís Montenegro neste pontapé de saída para uma dura e difícil campanha eleitoral.

Optaram, antes, por convidar Paulo Portas e Cecília Meireles que representam hoje um partido que vale entre 1% a 2% nas sondagens, mas que a comunicação social e os comentadores políticos, nas horas seguintes, rapidamente os transformaram nas “pop stars” da Convenção.

A Convenção da Aliança Democrática acabou por se tornar num “take over” de um partido sem representação parlamentar sobre um PSD que é alternativa política ao Partido Socialista.

Contam as notícias que a estrela maior da Convenção foi mesmo Paulo Portas que solenemente, num tom senatorial, disse ao país para colocar na agenda os quatro temas que considera chave nesta campanha “demografia, produtividade, inovação e a poupança”. Mas tudo isto numa abordagem superficial e sem substância que as televisões, nos últimos anos, transformaram num especialista de política internacional, geopolítica e geoestratégica, mas que também nada disse sobre o impacto que, as eleições que teremos este ano na UE e nos EUA, poderão ter para o país até ao final da década.
Mas pior, terminou a sua intervenção com o discurso do medo com o exemplo do brexit e da pandemia que não fazem qualquer sentido. O primeiro é delírio. O segundo até é contraproducente porque António Costa, sejamos justos, até não se saiu mal da pandemia.

Porém, o mais divertido da intervenção de Paulo Portas foi o ataque ao populismo da Direita. Talvez muitos já não se recordem, mas Portas foi um dos fundadores do “Independente” arquitectado exclusivamente para derrubar do poder Cavaco e ao mesmo tempo para que Portas ascendesse à liderança do CDS-PP, nem que para isso tenha traído o seu “amigo” Manuel Monteiro.

As famosas e tão ansiadas “capas” das sextas-feiras que, na sua maioria, não passavam de populismo em estado puro, levaram à demissão de ministros honestos e competentes como Leonor Beleza ou Miguel Cadilhe. Pasmem-se, para atingir João Deus Pinheiro, na altura, Ministro dos Negócios Estrangeiros, fez uma capa em que este teria roubado uma manta no fim de uma viagem de avião na TAP.

Se isto não é populismo, mas do mais barato, não sei mesmo o que é populismo.

Mas sejamos pragmáticos, Portas não foi à Convenção com a ideia genuína de ajudar a AD a vencer as próximas eleições, mas sim posicionar-se para ser o candidato presidencial apoiado pela Direita nas próximas eleições que escolherão o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa.

Aliás, Paulo Portas sabe, que nós sabemos, que apenas poderá sonhar com a Presidência da República se a esquerda governar em 2026.

Paulo Vieira da Silva

Paulo Vieira da Silva
Gestor de Empresas / Licenciado em Ciências Sociais – área de Sociologia
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

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