Comer seringas-do-mar reverte o envelhecimento
Os cientistas podem ter encontrado a fonte da eterna juventude, depois de descobrirem que as ascídias, conhecidas por seringas-do-mar, revertem o envelhecimento.
Ratos alimentados com extratos de ascídias – criaturas marítimas de aparência estranha comummente chamadas de seringas-do-mar por esguicharem água como forma de se locomoverem – reverteram alguns dos sinais de envelhecimento, de acordo com um recente estudo científico chinês.
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Os extratos fornecidos aos ratos-domésticos são os chamados plasmalogénios – uma forma de gordura – encontrados na membrana das células de órgãos humanos como cérebro, rins, músculos e pulmões. Têm uma variedade de funções, incluindo a regulação de como as células trocam informações, protegendo-as de danos no DNA e diminuindo estados de inflamação.
Investigações anteriores já tinham comprovado que a quantidade de plasmalogénios no sangue diminui com a idade e principalmente em pessoas com doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência. Alimentos como as carnes de frango, porco, vaca, mexilhão, vieira e, claro, ascídia – consumida de forma maciça principalmente na Coreia, mas também no Japão – têm quantidades significativas de plasmalogénios.
Neste último estudo, os investigadores deram plasmalogénios a ratas de meia-idade em concentrações bastante mais altas (cerca de 300 a 500 vezes maiores) do que normalmente seriam encontradas na mesma porção de frango ou vieiras. Os cientistas avaliaram posteriormente a memória dos ratos-domésticos e alguns parâmetros fulcrais que se alteram no cérebro com a idade, incluindo o número de células-tronco neurais – que geram novos neurónios (células cerebrais) – e o número de ligações entre os neurónios. Ambos são importantes para manter a capacidade de aprender, de recordar e de raciocinar.
Verificou-se que todos estes parâmetros foram melhorados quando os ratos-domésticos foram alimentados com plasmalogénios, ao longo de dois meses. Além disso, os estados inflamatórios foram radicalmente reduzidos nos ratos alimentados com plasmalogénio, comparativamente aos do grupo de controlo (que se mantiveram numa dieta normal). A inflamação aumenta com a idade e acredita-se que seja uma causa importante do agravamento dos sintomas de Alzheimer.
Os cientistas também comprovaram que os ratos melhoraram a memória. Usaram um teste – o chamado labirinto aquático de Morris –, que usa habilidades sensoriais, incluindo boa visão, para aprenderem a realizar uma tarefa.
Com a idade, os ratos tendem a sofrer perda de habilidades sensoriais, como cegueira e audição e, portanto, esta descoberta deve ainda ser alvo de cautela. Além do mais, o enriquecimento da memória pode ser o resultado de habilidades sensoriais aprimoradas, e não da memória em si.
Estas últimas descobertas são apoiadas num estudo prévio, no qual pessoas com comprometimento cognitivo leve foram alimentadas com plasmalogénios (desta vez de vieiras) duas vezes por dia durante 24 semanas. Os participantes que receberam os plasmalogénios mostraram melhoria na memória. Essa melhoria, contudo, apenas observada num subgrupo de pacientes do sexo feminino e com idade inferior a 77 anos. A razão pela qual funcionou apenas para este subgrupo não é clara e continuará a ser estudada, agora num grupo maior de participantes.
Os gero-protetores das seringas-do-mar
Embora estas descobertas sejam interessantes, é necessário mais trabalho para descobrir se os plasmalogénios realmente são “gero-protetores” – substâncias que retardam o envelhecimento celular, reduzindo assim o risco do desenvolvimento de muitas doenças relacionadas com a idade. É importante descobrir como os plasmalogénios retardam o envelhecimento e se os seus efeitos vão além do cérebro, para incluir outros órgãos importantes, como o coração, os músculos e o sistema imunológico.
Ao longo do tempo, já foram testados mais de 200 gero-protetores em animais. Em muitos estudos, os investigadores demonstraram que os gero-protetores podem melhorar a função de órgãos vitais. Alguns deles também demonstraram retardar o início e a gravidade de condições crónicas relacionadas com a idade, como osteoartrite, doenças cardíacas, osteoporose e a doença de Alzheimer, experiências até agora apenas demonstradas em experiências laboratoriais.
O próximo passo é testar estes medicamentos em pacientes humanos, o que é difícil, devido à forma como os medicamentos são testados e aprovados para uso e apenas ocorre em pacientes com uma doença específica e uma vez que a doença tenha sido diagnosticada. No entanto, estes medicamentos são mais propensos a proporcionar melhores resultados quando tomados para evitar doenças relacionadas com a idade.
Podem até prevenir mais do que uma doença ao mesmo tempo e para testá-los, os cientistas necessitam, primeiro, de identificar quem está em risco de desenvolver uma ou mais doenças relacionadas com a idade e, a seguir, realizar um teste longo e dispendioso para descobrir quem contrai a doença e quem está protegido.
Para reduzir o tempo de teste, estão neste momento a ser desenvolvidas formas de identificar antecipadamente quem desenvolverá doenças específicas relacionadas com a idade. Mas mesmo que estes estudos sejam bem-sucedidos, permanece a questão de saber se o uso de gero-protetores para prevenir doenças é económico e, principalmente, seguro. Talvez outras medidas, como uma dieta saudável e exercício, possam ser tão boas, se não melhores do que a tal fonte da eterna juventude…
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