Languising, a sensação constante de apatia e estagnação
Estado emocional marcado pelo vazio propagou-se durante a pandemia. Fabiano de Abreu define languishing como uma “ansiedade constante”.
O isolamento social provocou uma série de consequências para a saúde mental, uma delas foi o aumento dos casos de ansiedade e depressão. A dor da perda de familiares e amigos, incerteza sobre o futuro, sensação de esgotamento e uma certa apatia… tudo isso promoveu em diversos indivíduos uma sensação estranha de vazio, que o psicólogo Adam Grant nomeou como languishing, num artigo para o New York Times. “O languishing não é uma doença, mas sim um estado emocional que, caso não seja tratado, pode evoluir para patologias severas como a depressão”, explica Fabiano de Abreu, pós-doutorado em neurociência e mestre em psicanálise. “É caracterizado por uma sensação de vazio, marcada pela apatia e a falta de esperança”, acrescenta.
As mulheres são as mais afetadas. Não há estudos que apontem as causas exatas, mas os especialistas acreditam que a divisão desigual de tarefas domésticas e fatores como a pressão social maior em cima das mulheres sobre a criação dos filhos estejam gatilhos. É importante destacar que o languishing é marcado por apatia e desanimo por longos períodos. “É normal ficar um ou dois dias desanimado, afinal a tristeza também faz parte da vida. Agora quando se trata de algo que continua por semanas ou até meses, é necessário investigar mais a fundo e tomar medidas sobre a situação”, adverte.
Languishing é uma ansiedade constante
De acordo com o neurocientista, esse estado emocional repercute em alterações no funcionamento cerebral. “O sistema homeostático do cérebro é alterado. É como se o sistema de deteção de ameaças do cérebro estivesse em alerta”. “Chamo de ansiedade constante, ativa, sem recursos, que molda o cérebro e leva-nos a um definhamento ou a um estado de definhar crónico. Um vazio entre a depressão e o florescimento, marcado pela ausência de bem-estar”, afirma.
Caso identifique que está a viver num estado emocional de languishing, procure cuidar do seu bem-estar emocional e mental antes que evolua para depressão. O doutor Fabiano de Abreu indica que seja adotada uma mudança na rotina em prol do bem-estar, incluindo planejar novos programas ou traçar um objetivo que lhe promova esperança e bem-estar. “Ccomece pelos objetivos pequenos e evolua de forma gradativa para recuperar o seu ânimo e viver uma nova vida”, orienta o neurocientista. Outra dica é buscar ajuda especializada com um psicólogo.
É benéfico fazer sestas após as refeições?
Conversámos com o especialista Fabiano de Abreu para esclarecer se é ou não positivo fazer uma sesta após a refeição. (… continue a ler aqui)
Siga a Impala no Instagram