Preços das casas “dificultam a subida do nível de vida” dos cidadãos

De acordo com a OCDE, os preços das casas e a escalada do que se cobra nos arrendamentos “dificultam subida do nível de vida e a compra de habitação dos cidadãos” e impede a criação de riqueza.

Preços das casas

Os preços das casas subiram 9,4% na zona euro e 10% União Europeia (UE), no quarto trimestre de 2021. Estes aumentos representam aumentos que representam novos recordes, de acordo com o gabinete de estatísticas Eurostat. Na zona euro, a subida homóloga de 9,4% dos preços das casas é a maior desde o início da série, em 2005, e na UE desde o quarto trimestre de 2006. Face ao terceiro trimestre de 2021, os preços das casas aumentaram 1,9% na zona euro e 2,1% na UE. Em Portugal, nos últimos três meses de 2021, os preços das casas aumentaram 11,6% face aos três últimos meses de 2020 e 2,7% face ao trimestre anterior.

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As subidas nos preços das casas não é de agora e confirma a tendência, que na UE, na última década, superaram em muito a taxa de crescimento dos arrendamentos. O relatório do Eurostat, divulgado em 8 de abril, revelou que entre 2010 e o quarto trimestre de 2021, os preços das casas subiram 42%, enquanto os arrendamentos aumentaram, em média, 16%. Estónia, Hungria e Luxemburgo assistem a curvas mais acentuadas, com os custos médios dos preços das casas mais que a duplicarem em dez anos: 156% na Estónia, 128% na Hungria e 124% no Luxemburgo.

Preços das casas “dificulta a subida do nível de vida dos cidadãos”

A Europa está mergulhada numa crise imobiliária. Proprietários de imóveis estão a lidar cada vez mais com os crescentes custos de vida – incluindo com os arrendamentos, o gás e a eletricidade – tornando mais difícil economizar para casas cada vez mais caras. A situação agravou-se na pandemia, quando muitas pessoas com empregos menos remunerados perderam os rendimentos. De acordo com a Euractiv, isto está ser sentido particularmente nos antigos países comunistas da UE, que “foram líderes em habitação social”, mas cujas cidades, como Praga, estão agora a sentir os efeitos da privatização. Os preços em alta atingem mais fortemente os grupos de baixo rendimento, o que, explica a OCDE, “dificulta subida do nível de vida e a compra de habitação dos cidadãos, afetando a capacidade das famílias de baixo e médio rendimentos para acumular riqueza e a transmiti-la às gerações futuras”.

O mercado do arrendamento também é parte desta crise, com Estónia, Lituânia e Irlanda a verem os preços dos arrendamentos a dispararem a um ritmo ainda mais rápido do que os dos seus mercados imobiliários. O Independent explica como, na Irlanda, isto se deve em parte ao facto de os proprietários arrendarem as suas casas a turistas em vez de a inquilinos de longo prazo, enquanto a Selectra aponta para os problemas das milhares de casas vazias e abandonadas em toda a ilha, bem como falhas na política habitacional. Apenas três países registaram descidas, tanto nos preços das casas como nos custos de arrendamento desde 2010 – Chipre, Itália e Grécia.

Infographic: European House Prices Outstrip Rents | Statista

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