Mulheres com covid-19 consideradas de imediato grávidas de risco
“Não há razão para adiar a gravidez devido ao novo coronavírus. As precauções são semelhantes relativamente a outros vírus”, afirma Catarina Godinho, especialista em Medicina da Reprodução.
Desde o início da pandemia de covid-19 que muitas mulheres se questionam se é seguro engravidar. Sempre que os números sofrem agravamento, a dúvida intensifica-se. Para Catarina Godinho, médica ginecologista e obstetra especialista em Medicina da Reprodução, “não há razão para adiar a gravidez, seja espontânea ou através de procriação medicamente assistida”.
«Nenhuma sociedade científica desaconselhou a gravidez devido à pandemia»
Na opinião de Catarina Godinho, a mensagem que médicos e outros profissionais de saúde devem passar às mulheres e aos casais é de tranquilidade e segurança. “Até ao momento, nenhuma sociedade científica desaconselhou a gravidez devido à pandemia.
“Os estudos internacionais e interdisciplinares já realizados confirmam que a gravidez não é fator de risco, mas sim a idade e a existência prévia de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias ou renais e obesidade, entre outras”, explica a especialista.
Mulheres com covid-19 consideradas de imediato grávidas de risco
Catarina Godinho frisa que as mulheres grávidas podem passar pela doença de forma leve ou assintomática, como acontece com a maioria da população. E acrescenta que não está demonstrado cientificamente que a infeção por SARS-CoV-2, durante a gravidez, esteja associada a maior incidência de problemas médicos ou obstétricos.
No entanto, nota que fatores de risco durante a gravidez como hipertensão arterial crónica, obesidade e diabetes gestacional podem agravar-se num eventual quadro de covid-19. Salienta, porém, que, a existirem estas condições associadas, a mulher é considerada grávida de risco e tem todo o acompanhamento previsto no protocolo médico instituído para estes casos.
Quanto à possibilidade de as mulheres grávidas com covid-19 poderem transmitir o vírus ao feto ou ao recém-nascido, refere que é uma situação muito rara. “O vírus propaga-se sobretudo por contacto próximo de gotículas respiratórias. Os casos dos fetos e dos recém-nascidos ainda estão a ser investigadas outras eventuais vias de transmissão vertical antes, durante e após o parto”, afirma.
Casos de nascimentos prematuros em grávidas com covid-19
Por outro lado, e de acordo com a médica, existem casos reportados de nascimentos prematuros em grávidas infetadas com covid-19, mas não há dados disponíveis que comprovem de forma inequívoca a relação entre a infeção e a prematuridade. “Outras infeções virais respiratórias que ocorrem durante a gravidez, como a gripe, têm sido associadas a complicações neonatais, incluindo baixo peso ao nascer e prematuridade. No caso da covid-19, a relação não está estabelecida. Portanto, o melhor é tomar precauções para prevenir este ou outros vírus”, alerta a médica especialista.
«O foco deve estar no momento especial que é o nascimento do bebé»
Considera, por isso, “importante controlar a ansiedade durante a gravidez e evitar deslocações desnecessárias ao médico. Acrescenta ainda que a mulher deve tentar manter a tranquilidade no momento do parto”. Explica que, embora o protocolo seja diferente em cada um dos hospitais e das clínicas, são efetuados testes no momento da admissão, além de outras medidas preventivas, como uso de máscara e desinfeção de mãos e espaços. Pelo que “o foco deve estar naquele momento especial que é o nascimento do bebé”.
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