Vorarefilia: o bizarro fetiche sexual das pessoas que sonham serem comidas vivas [vídeo]

É de facto um fetiche bizarro mas há quem o tenha. Milhares de pessoas sonham serem comidas vivas e no Youtube existem vários vídeos ‘vore’ que satisfazem essa estranha fantasia.

É de facto um fetiche sexual bizarro, mas há quem o tenha. Existem milhares de pessoas que sonham serem comidas vivas e no Youtube existem milhares de vídeos que satisfazem esta estranha fantasia. Basta procurar por “vore” – abreviatura de vorarefilia – e surge-nos de imediato um número infindável de resultados em que, por norma, uma mulher gigante apanha alguém, lambe-a repetidamente para prová-la até que, no final, a engole viva de uma vez: “Acho que te vou comer inteirinho”.

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Será extremamente difícil – se não impossível – saber exatamente quantos ‘vorafilos’ existem, pois, sem surpresa, a maioria é sigilosa sobre os seus fetiches sexuais. Mas este parece ser mais comum do que se imagina. Existem milhares de vídeos no Youtube que mostram pessoas a serem mastigadas ou engolidas (embora grande parte deles seja animação), com alguns a ultrapassarem facilmente milhões de visualizações únicas. Pensa-se que muitos vorafilos são submissos e gostam da ideia de que estão a ser dominados. Afirmam que as suas fantasias foram despertadas na infância, ao ouvirem contos de fadas sobre monstros a comerem pessoas inteiras.

Desejo intenso de serem comidas vivas por uma mulher gigante

Existem vários subgrupos de ‘vore’ com os dois principais sendo ‘soft vore’, onde as pessoas são engolidas sem dor, e ‘hard vore’ – semelhante ao canabilismo –, em que os vídeos ou animações apresentam pessoas a serem despedaçadas e comidas violentamente. Um estudo sobre vorafilos, publicado já em 2013 na revista Arquivos do Comportamento Sexual, permitiu concluir que havia ligações entre o fetiche e o BDSM – sigla para o conjunto de práticas consensuais que envolvem bondage e disciplina, dominação e submissão, sadomasoquismo e outros tipos de comportamento sexual humano relacionados.

A ligação entre vorarefilia e BDSM tem em comum o facto de os praticantes desfrutarem da fantasia de serem dominados por uma mulher poderosa ou mais forte. No mesmo estudo também se conclui que a bizarra fantasia de serem comidas vivas pode ser motivada pelo desejo de se fundirem com um outro, mais poderoso, ou para escapar à solidão, tornando-se parte de outra pessoa. Stephen, de 45 anos, foi internado num hospital psiquiátrico de Toronto afirmando que sentia um “descontrolado desejo de ser engolido por uma mulher gigante e dominante e de, depois, ser defecado por ela”.

Stephen solicitou o internamento porque o fetiche estava a tomar conta da vida dele. este ‘desvio’ sexual pode ser explicado pelo facto de que, na sua essência, “a dinâmica é a de dominação, objetificação e degradação”, lê-se nas conclusões daquele estudo. “Ser reduzido a nada mais do que a uma fonte rápida de saciar a fome e a luxúria de um predador.” Os autores do estudo explicam ainda que “não há tratamento conhecido para ‘vorafilos’ e que estas pessoas devem tentar ajustar-se, em vez de mudarem ou suprimirem o seu interesse sexual”.

Fazer passar-se pela presa

Embora a maior parte da prática ‘vore’ envolva assistir a vídeos ou a desenhos animados em que uma pessoa é consumida seja descrita com grande detalhe, algumas pessoas tentaram simular serem “presas” – colocando as próprias vidas em risco no processo. Um utilizador do Reddit, que atende pelo nome de DeltaSolana, descreveu mesmo pormenores da sua prática. Lambuzaram-se em lubrificante e fecharam-se num saco de lixo industrial com um “tubo de nylon” para deixar entrar oxigénio. “Combinámos uma palavra de segurança para usarmos se sentíssemos que estávamos a ficar sem ar”, testemunhou.

“Convenci a minha parceira a sentar-se na cama e a cobrir-me com a camisa-de-noite, para que sentisse dentro dela. Há muito tempo não tinha tanto prazer”, acrescentou. Noutros casos, os ‘vorafilos’ usam um saco-cama para imitar um estômago gigante. Alguns psicólogos consideram que aqueles que se colocam no lugar da presa veem os espaços fechados como calorosos e protetores. Em 2014, um outro estudo, australiano, reportou casos de um homem que fantasiava ser cozido e comido pela bruxa do conto João e Maria. Noutro caso, descrito como “o homem da Turquia”, o sujeito “contratava dominatrizes e pedia que lhe descrevessem como elas iam cozinhá-lo e comê-lo. Enquanto relatava na primeira pessoas o caso aos estudiosos, “ficou tão excitado com a fantasia que atingiu o orgasmo sem ser tocado”.

“Os meus joelhos dariam um bom fertilizante”

Vorarefilia: o bizarro fetiche sexual das pessoas que sonham serem comidas vivas [vídeo]
No círculo, Bernd Brandes, alemão que respondeu a um anúncio de Armen Meiwes (na foto principal) em 2001 num site canibal a pedir por um “jovem e bem constituído que queira ser comido”
Aquele para quem a vorarefilia não permaneceu se ficou apenas por uma simples fantasia, ou fetiche, foi Bernd Brandes, alemão que respondeu a um anúncio de Armen Meiwes em 2001 num site canibal a pedir por um “jovem e bem constituído que queira ser comido”. A polícia reportou na altura que Brandes “fantasiava desde a juventude ser assassinado e comido”. Era “obcecado por mutilação sexual” e já havia oferecido a uma ex-namorada 4 mil euros para cortar e comer-lhe o pénis.

Conversaram algum tempo depois de Brandes responder ao anúncio de Meiwes e este terá informado o primeiro de que depois de o matar iria “cortá-lo habilmente”. “Além dos joelhos da pele, das cartilagens e dos tendões, não restará muito de você”, prometeu. Brandes contrapôs. “Ouvi dizer que joelhos moídos são um bom fertilizante.” Acertadas as condições, o primeiro ritual foi macabro, embora satisfatório para ambos. Meiwes cortou e cozinhou o pénis de Brandes, fritaram-no e comeram-no. Depois, Meiwes matou Brandes e armazenou pelo menos 18 quilos do corpo no frigorífico, que foi cozinhando e comendo com vinho tinto a acompanhar. Acabou condenado a prisão perpétua por homicídio, em janeiro de 2004, apesar de Brandes ter consentido em ser morto e comido.

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