Adriano Luz “Continuo a ter a mesma vontade de viver de quando era jovem”
Ator, encenador, realizador, diretor artístico. Adriano Luz já vestiu tantas personagens que a sua vida quase se confunde com a ficção. Homem do rigor e do método, tem consciência que não é de riso fácil. Cresceu num caldo de Liberdade, diz-se um humanista e continua a ser de esquerda. Workaholic, promete abrandar o ritmo, mas ainda não é já.
Mais de 35 filmes no cinema, mais de 45 projetos de ficção televisiva, e ator de algumas das maiores companhias de teatro de Portugal, como A Comuna, o Teatro Aberto, Cornucópia, a Malaposta, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional de S. João. O teatro continua a ser a base de tudo?
Sim. Quer dizer, o teatro é a matriz dos atores, é a nossa grande tribuna, onde temos tempo para refletir e para nos reinventarmos.
Um ator coloca-se em causa mesmo quando tem tantos anos de carreira como tu?
No teatro, absolutamente. Aquela ideia de que com os anos ficamos menos nervosos é mentira [risos].
Os portugueses estão a ver-te na novela da SIC A Promessa, mas ao mesmo tempo integraste a série da RTP O Americano, ambas produzidas pela SP Televisão. Um registo mais ligeiro, num núcleo de comédia, e um trabalho mais denso sobre um gang de criminosos.
Eu gosto desse casamento entre a comédia e drama. Para mim, não há géneros maiores e menores. Há coisas bem feitas ou mal feitas [pausa]. A novela é um bocadinho como a comida de conforto. Tem essa função e pode ser muito boa ou má, uma coisa não tira a outra. Sou obcecado por debates e noticiários, e da pouca televisão que vejo, assisto muito isso. Mas às vezes preciso de ver coisas que me desliguem o cérebro. O futebol funciona muito bem para isso. O humor também.
Vamos a essa história de abrandar o ritmo, em que nem tu acreditas [sorriso]. Já tiveste um susto grande há uns anos, um enfarte. Não deixaste que aquilo te condicionasse?
Sim. Eu faço ginásio praticamente todos os dias. A única diferença é deixei de ser tão desleixado e de achar que só acontece aos outros. Mas, atenção, eu já fazia ginásio. No dia em que tive um enfarte, pensei que estava mal disposto e pensei em ir para o ginásio para me sentir melhor. Agora, passei a fazer análises, tenho um cardiologista que me faz os exames que tenho de fazer. O meu melhor exame é estar no ginásio. Tenho de fazer cardio.
Passaste a ter medo da morte?
Não. Não permiti que esse susto me aniquilasse. Continuo a ter a mesma vontade de viver de quando andava à boleia, em jovem.
Leia a entrevista na íntegra na sua NOVA GENTE desta semana. Já nas bancas!
Texto: Nuno Azinheira; Fotos: Tito Calado; AGRADECIMENTOS: Teatro da Trindade, Lisboa.
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