Ana Guedes Rodrigues Jornalista da CNN confessa: “Às vezes reconheço que seja preciso dar um murro na mesa”
O rosto principal da CNN Portugal abre o coração, numa entrevista à NOVA GENTE, para falar sobre a profissão, a família, as dúvidas e os sonhos.
Não é uma líder, não gosta de dar murros na mesa e nunca fecha a porta ao diálogo. Aos 42 anos, apresenta o Jornal da CNN, mas já esteve na TVI, na RTP e no Porto Canal. Nunca pensou em ser outra coisa, mas a pressão do dia a dia fá-la pensar frequentemente que quer mudar de vida. Talvez seja da boca para fora, mas quando for mais velha, quer ter um negócio de praia.
Vamos lá colocar os pontos nos is: é mesmo verdade que tudo se passa em Lisboa e que é duro remar contra esse centralismo ou tu és a prova de que é possível?
[risos] As duas são verdadeiras. Sou o rosto do principal noticiário da CNN Portugal e faço-o todos os dias do Porto, o que prova que é possível. Tem sido muito estimulante, mas ao mesmo tempo exigente. Aliás, parte do estímulo vem da exigência. Até porque a CNN veio mudar a forma como se faz e se consome televisão em Portugal. Os jornais têm muito mais análises e comentários, o que implica que estejamos preparados para muitos mais temas.
Tens 42 anos, e já muita experiência televisiva, entre as quais as funções de diretora de Informação do Porto Canal. Só não passaste pela SIC…
[risos] De facto, não. Sou licenciada em Ciências da Comunicação e Jornalismo. Comecei na TVI cá no Porto com um estágio em reportagem. Depois, fui para o Algarve. Entrei duas vezes no Porto Canal, deixo sempre as portas abertas [risos]. Depois, abre a TVI24 e volto para a TVI. Chamaram-me para Lisboa e aí vou para o Diário da Manhã, depois o Jornal da Uma. De seguida, engravido e decido ficar no Porto, mas não havia lugar para mim cá e tive de sair da TVI. Fui novamente para o Porto Canal, onde estive sete anos. Depois, passo meio ano na RTP e volto agora com a abertura da CNN.
É engraçado dizeres “deixo sempre as portas abertas”. A ideia que muita gente tem de profissionais que saltitam muito de empresa em empresa ou é que são muito bons e toda a gente quer, ou é que são muito instáveis, causam problemas e não se agarram a nada.
[gargalhada] Foi a força das circunstâncias, mas é uma verdade que nunca fecho as portas. Sou muito tranquila na hora de sair. Não faço ondas. E isso até me trouxe alguns problemas.
Em que circunstâncias?
Na forma de me relacionar com os outros. Às vezes, reconheço que seja preciso dar um murro na mesa.
Já te apaixonaste e desapaixonaste por algum lugar?
Ai, várias vezes [risos]. Por um lugar, pela profissão, pelas pessoas… Isso faz parte da nossa natureza.
Se não tivesses sido jornalista, terias sido o quê?
Não faço ideia.
Nunca houve um momento em que pensaste “estou farta disto e vou mudar de vida”?
Acontece-me quase todas as semanas [pausa]. É fruto desta exigência, às vezes fico muito cansada.
Leia mais na nova edição da NOVA GENTE. Já em banca.
Texto: Nuno Azinheira; Fotos: João Manuel Ribeiro
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