Falam com apoiantes e baseiam as opiniões no que leem nas redes sociais para evitar críticas. Ana de Sousa, que já liderou algumas teams, fala desta relação entre comentadores e apoiantes, e conta ainda como funcionam estes grupos e os milhares de euros que gastam por semana.

Os reality shows têm cada vez mais peso na antena da TVI. Além das galas e dos programas diários a escrutinar tudo o que se passa dentro da casa mais famosa do País, há outros formatos que analisam à lupa o comportamento dos concorrentes, e comentadores que dão opinião sobre os seus favoritos e sobre aqueles que querem ver expulsos. Mas a verdade é que nem sempre estes últimos dizem aquilo que realmente pensam. Cada vez mais os grupos de fãs – as chamadas teams – têm influência naquilo que é dito por alguns deles.

A NOVA GENTE falou com Ana de Sousa, que foi líder de algumas das teams mais poderosas dos últimos realities. Foi ela uma das grandes responsáveis pela vitória de Miguel Vicente no Big Brother 2022 e de Francisco Monteiro no Big Brother 2023, tendo sido na edição do algarvio – e atual concorrente do Secret Story – Desafio Final – que se começou a falar mais nestes grupos de fãs organizados (já lá vamos). Para esta fervorosa adepta de reality shows, não há nenhuma dúvida de que alguns comentadores “constroem” a sua opinião com base naquilo que se passa no exterior da casa. “O verdadeiro jogo é cá fora. Há muita estratégia. É por isso que eu digo que cá fora, às vezes, se joga mais do que lá dentro”, começa por dizer, assumindo que parte desta estratégia passa pelos comentadores. “Alguns estão em contacto com grupos de fãs e acabam por receber influências”, afirma, sem querer avançar nomes.

Este facto é corroborado à nossa revista por uma fonte da produção dos Diários e do Extra, relatando que alguns destes comentadores nem sequer veem aquilo sobre o que têm de falar. “Não veem o programa, não veem o TVI Reality e muitas vezes nem sequer os resumos. E o que fazem é pedir a estes grupos de fãs para lhes enviarem vídeos ou os temas mais relevantes do dia. E depois claro que se percebe que as opiniões não são genuínas, porque, quando se vai um pouco mais fundo sobre o tema, não sabem do que se está a falar”, conta esta fonte. “Há comentadores que, durante os programas em direto, estão a trocar mensagens com fãs, que estão em casa a ver o programa e lhes vão dando indicações sobre o que se passou. Isto comenta-se nos corredores e já houve alguns que foram chamados à atenção sobre isto”, acrescenta ainda. Ana de Sousa revela ainda outra situação que pode mudar a opinião de quem comenta reality shows. “Eles acompanham muito o que se passa nas redes sociais, no Twitter, etc., e seguem as tendências para não serem cancelados. Vão ver quais os concorrentes mais gostados e os menos gostados, e é a partir daí que fazem os seus comentários”, explica, sem querer dizer, mais uma vez, os nomes de quem lhe vem à cabeça. “Prefiro enaltecer aqueles que dão a sua opinião, mesmo que ela vá contra a corrente do momento. São altamente atacados, levam muito hate [ódio] nas redes sociais, mas não se importam e são fiéis a eles próprios. Eu admiro muito estes comentadores, como é o caso do Francisco Monteiro, porque não vão atrás de likes.”

Apesar de não haver nenhuma prova, há até quem comente, nos corredores da TVI e em surdina, que grupos de fãs já chegaram até a pagar a alguns comentadores para darem opiniões positivas sobre determinado concorrente. No entanto, Ana de Sousa garante não ter conhecimento de nenhum caso desta natureza. “Sei que há esses rumores, mas que eu tenha conhecimento, não. Nem pagamentos em dinheiro, nem presentes, nada. Estou a falar dos grupos que geri. De outros, não sei, mas acredito que isso não seja verdade.”

 

Leia este artigo na íntegra na sua NOVA GENTE desta semana. Já nas bancas.

 

 

Texto: Ana Filipe Silveira e Patrícia Correia Branco; Fotos: impala e d.r.

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