José Fidalgo não tem estado tão presente na televisão como noutras fases da sua carreira, mas isso está longe de significar que tem estado parado. Com novos projetos a caminho — no cinema e na televisão — e um olhar atento ao que se faz além-fronteiras, o ator vive um momento de redefinição profissional e pessoal, num equilíbrio entre as oportunidades que surgem e aquelas que decide recusar. “A fase em que estou é como sempre estive. As personagens aparecem e, com a minha agência, decidimos se vale a pena fazer. É um dilema constante”, revelou à margem da gala dos Prémios Play, que se realizaram a 3 de abril, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. 

Num mercado que não permite grandes margens para escolhas de luxo, Fidalgo vai gerindo propostas com pragmatismo e visão a longo prazo, e realça que a ausência das novelas não se deve a falta de vontade, mas sim à natureza do próprio mercado. “Não é uma questão de eu sentir vontade ou não. Nós não vivemos numa indústria em que há escolhas para todos e cada um faz o que quer. Eu faço as minhas escolhas e tomo as minhas decisões. Há determinadas personagens que nos aparecem e nós dizemos se queremos ou não queremos, e depois aceitamos essas consequências de não querermos e de querermos. Temos de aproveitar o que aparece e decidir”, explica. Questionado sobre férias, responde com uma gargalhada metafórica: “Nunca há férias. Há as férias forçadas, não é? Ou decidimos ter férias ou, quando não há trabalho, fazemos as férias. É um pouco por aí”. 

Apesar da ausência nas novelas, a agenda do ator, de 45 anos, não está vazia e este prepara-se para integrar o elenco de Felp, uma nova série da RTP que mistura humanos e personagens fictícias e fala sobre o mundo atual. “A série é fenomenal. As analogias constantes à realidade que vivemos hoje são muitas e eu estou a adorar”, diz, acrescentando que tem ainda dois filmes prontos para chegar ao grande ecrã. Um deles, O Criador de Ídolos, estreia-se em setembro. O outro, Lugar dos Sonhos, realizado por Diogo Morgado, deverá ser lançado em abril. 

Ainda que mantenha os pés bem assentes na realidade nacional, José Fidalgo não esconde a ambição de internacionalizar a sua carreira. A aposta em coproduções e num mercado cada vez mais aberto à ficção estrangeira dá-lhe motivação. “Eu penso e busco sempre isso. É o normal em qualquer ator. Tento criar oportunidades para que aconteça e acredito que, se Deus quiser, elas vão aparecer. É apanharmos esse barco. Eu também estou um pouco dentro desse barco, umas vezes à boleia, outras vezes aceno, e dizem-me para entrar na carruagem”, assume.

Texto: Inês neves; Foto: Tito CALADO

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