Kapinha E Mafalda Teixeira “Quando temos filhos, é mais difícil separarmo-nos”

Kapinha e Mafalda Teixeira vão dar vida a um casal que faz tudo para salvar a relação. Na vida real não são casados, mas pode vir a acontecer um dia destes. Por agora, representam juntos pela primeira vez, arrasam nas redes sociais e continuam a preocupar-se em manter acesa a chama da paixão.

Vão estar em cena nos dias 13, 14 e 15 deste mês no Casino Estoril, com Despedida de Casados, em que dão vida a um casal que tenta tudo para evitar o divórcio. 

Mafalda Teixeira (M.T.): Sim, é verdade. Já tivemos a oportunidade de estar noutros locais do País e realmente o feedback do público foi incrível. É uma comédia escrita pelo Boinas, o Luís Filipe Borges, e ficámos muito contentes de poder interpretar um texto de um autor português. E que autor, porque ele é fantástico a escrever comédias. E já tínhamos este gosto, este sonho de estarmos juntos em palco. 
Que acaba por ser uma estreia? 
M.T.: Já fizemos muita coisa juntos, mas um teatro a dois é a primeira vez. E abraçámos este desafio que nos foi colocado pelo Ricardo Castro, que é o nosso encenador, e também diretamente pela produtora, a Caixa de Cena. Damos vida à Leila, que é uma advogada, e ao Kiko, que é um professor de Educação Física. Um casal que já está junto há mais ou menos 20 anos e que tem uma filha, de 18 anos. E estão naquela fase de rutura. Já estão muito cansados da sua rotina diária e de tudo aquilo que já viveram.
Uma história muito real.
M.T.: Muito real e acho que quase todas as pessoas se identificam. E eles vão tentar tudo para salvar o casamento. Muitas temáticas serão abordadas nesta peça, com muita piada. A Leila tem, realmente, mais iniciativa, agarra no Kiko e leva-o para passar uma noite num motel. 
Tudo pode acontecer depois disso? 
M.T.: Exatamente. Sempre com um teor e sempre com uma mensagem muito interessante que o público se vai rever muito. 
Identificam-se em alguns aspetos com estas personagens?
Jorge Kapinha (J.K.): Sim, obviamente que o Kiko é muito diferente do Kapinha, assim como a Mafalda da Leila. Felizmente, não estamos em rutura, mas temos também esta iniciativa, que é importante para os casais, de falar abertamente sobre tudo, que é um dos temas abordados. Muitas das vezes as pessoas guardam as coisas para si, não deitam cá para fora, não esclarecem e começam a acumular. Outra coisa que sabemos que é essencial para o casal é ir reacendendo a chama ao longo da sua vida amorosa para quebrar essa tal rotina. É necessário.
Vocês têm isso em conta na vossa relação fora do trabalho? 
J.K.: Sim, sim. De vez em quando… Ainda agora, este fim de semana, vamos para o Porto. 
Só os dois? 
J.K.: Por acaso, não, vamos com o Gabriel  [o filho], mas é giro fazer coisas diferentes. Quando temos filhos, é mais difícil separarmo-nos. Mas procuramos fazer programas e férias diferentes, escapadinhas… Voltando à peça, a Leila tem uma proposta gira, que é passar uma noite amorosa fora, num motel, que geralmente tem o varão e aquelas camas redondas que fazem parte, às vezes, do imaginário de certas pessoas. Mas, realmente, esta procura constante, esta preocupação em manter a chama acesa da paixão é uma das coisas que nós temos em comum com as personagens. 
Que outros segredos têm para manter esta vossa união de mais de 15 anos? 
M.T.: Eu acho que conversar, o respeito, a confiança e não guardar. Porque as pessoas, quando guardam, tenho a ideia que depois vão acumulando e chega a um ponto que explodem. E quando isso acontece, é porque a coisa já está muito má. Nós desde o princípio que partilhamos tudo um com o outro. Sem filtros. 
Falam de tudo, portanto?
M.T.: Sim, porque eu acho que o casal, para além de ter uma relação amorosa, são amigos, não é? Devem confiar, devem partilhar. E deve haver esta espontaneidade em falar acerca de tudo. Principalmente, quando também há filhos envolvidos. Porque não só têm de pensar na relação enquanto casal, e manter o romantismo e a paixão, como também na educação de um ou mais filhos. E depois há um outro grande segredo, que é: é muito importante nós querermos a felicidade do outro. Nós vivemos cada vez mais numa sociedade que é muito egoísta. Eu posso ser feliz em poder também jantar só com as minhas amigas. E porque é que não vou eu agora jantar com as minhas amigas, e depois vais tu com os teus amigos? Assim toda a gente fica feliz e vai socializar, que é tão importante para a nossa estrutura emocional. Portanto, acho que é isso. Respeito, diálogo, partilha e querer a felicidade do outro. 
Vocês são muito diferentes um do outro?
J.K.: Eu costumo dizer uma frase que eu acho que nos caracteriza muito, que é: nós completamo-nos com as nossas recíprocas diferenças. E acho que temos muitas coisas em comum que gostamos e temos outras coisas que eu gosto mais e a Mafalda gosta menos, e vice-versa. Mas é aquilo que a Mafalda disse e bem. Acho que o importante é nós proporcionarmos a felicidade ao outro e sabermos que às vezes abdicarmos um bocadinho de nós para que o outro possa fazer algo que goste e que o faz feliz, e vice-versa, é fundamental. E de facto é um dos grandes segredos para uma relação saudável e duradoura. 
Vem aí o Dia dos Namorados. É uma efeméride que costumam celebrar?
M.T.:
Eu acho que o amor é para celebrar todos os dias. Sem dúvida alguma. E quando não se está à espera e somos surpreendidos ainda é melhor. Sim, temos algumas datas que vamos celebrando e gostamos muito de nos mimar reciprocamente. E no Dia dos Namorados, muitas das vezes, se conseguirmos ir jantar os dois, vamos, se conseguirmos fazer um programa diferente, fazemos. O ano passado, por exemplo, passámos o Dia dos Namorados em Paris e o Gabriel estava connosco. Foi muito giro. Este ano estamos em cena. É a primeira vez que vamos passar o Dia dos Namorados juntos em cima do palco. Vai ser incrível. 
J.K.: Temos muitas pessoas que nos disseram que a nossa peça vai ser um ótimo programa para o Dia dos Namorados e por isso deixamos aqui o convite para que todos apareçam. Casados, sozinhos…
Divorciados.
J.K.: Sim, já tivemos uma senhora que levou o ex-marido a ver a peça. 
Já trabalharam juntos noutros projetos, inclusive em reality shows. Ficaram espetadores desse tipo de programas? 
J.K.: E participámos há relativamente pouco tempo. Eu tinha sido convidado para fazer um Big Brother VIP, mas não tive possibilidade. E depois fui convidado pela TVI para ser comentador. E nessas alturas a pessoa fica mais ligada. E é giro, divirto-me com a novela da vida real. Atualmente, confesso que, com tanto trabalho que temos e tantos conteúdos para fazer e produzir, estou um bocadinho mais desligado, mas percebo por que razão é um conteúdo muito presente na sociedade portuguesa.
Vocês são um sucesso no TikTok, Instagram. Como é que começou tudo isto? 
M.T.:
Sim, nós começámos na altura da pandemia de uma forma também muito espontânea, eu estava a gravar uma novela, tive de deixar as gravações. Acho que foi um choque para todos nós, não é? E nós, que estamos sempre nesta fase, nesta vida de atores e artística, ora com trabalho, ora sem trabalho. Eu sou daquelas pessoas que não conseguem estar paradas, é um drama. Vou arrumar a casa toda, vou limpar… Mas depois, na altura, o nosso agente tinha-nos dito que havia uma plataforma nova. E eu pensei: “É agora que vamos explorar isto do TikTok”. E foi supernatural, começámos a divertir-nos com estes conteúdos e foi acontecendo genuinamente. 
E quando é que começa a ser mais a sério? 
M.T.: Talvez depois quando começa tudo a voltar ao normal. E as marcas vêm ter connosco, a dizer: “Olhem que giro este conteúdo dentro daquilo que vocês comunicam, podia ser giro comunicar desta forma a nossa marca”. Eu sou licenciada em Design Gráfico, portanto, volto a juntar-me à publicidade, que foi a minha licenciatura, e começou tudo a desenvolver-se.
J.K.: Eu acho que aqui a grande diferença foi que nós fomos pioneiros nesta mudança digital que foi o aparecimento dos microvídeos. Não existiam. Publicavas vídeos longos ou publicavas fotografias no Instagram e nas plataformas, e o TikTok veio revolucionar isso com vídeos de 15, 20 segundos. Nós temos mais de dois milhões de seguidores no TikTok, é muita gente. Lembro-me de no início, ainda a meio de 2020, íamos à televisão e as pessoas perguntavam-nos o que é isso do TikTok? E já tínhamos um conhecimento muito grande sobre o assunto. Cheguei a ser convidado pelo diretor internacional do TikTok para dar uma palestra às 50 maiores marcas nacionais. Portanto, o TikTok entra depois em força em Portugal no mercado da publicidade. 
Onde se mantêm?
J.K.: Onde nos mantemos e nos divertimos muito, e, inclusivamente, já trouxe trabalho não só para ambos mas também para o Gabriel. 
Porque o Gabriel também participa em alguns vídeos que vocês vão fazendo, não é? 
M.T.:
Sim, sim, na altura que nós começámos, ele também estava em casa, ia participando e divertindo-se. Hoje em dia, às vezes, até vem com uma ideia ou outra. Ele está muito ligado ao futebol e gosta de partilhar algumas coisas e curiosidades acerca do futebol. É um bocadinho um divertimento em família.
Tirando as redes sociais e a peça, em  que outros projetos estão envolvidos? 
M.T.: Eu tenho o meu projeto, o Funny Cook, que já tem oito anos de existência, em que tenho um livro e faço workshops ao longo de todo o ano, em todo o País. É um projeto que tenho juntamente com a APCOI, a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, e a minha missão é, de facto, a partir desta atividade culinária interativa com as crianças, tentar que elas consigam perceber outras sugestões que são importantes na vida delas, e que possam ter uma alimentação mais correta e mais saudável. Nos próximos meses, terei um novo livro, que está associado também a lancheiras saudáveis. E mantenho-me a fazer dobragens para uma novela que está a passar na SIC. 
Gostava de voltar a representar em televisão?
M.T.: Sim, gostava. 
Completamente aberta a convites?
M.T.:
Sim, sim. Já sabemos que isso nunca depende exclusivamente de nós. Mas continuamos a ser chamados até, inclusivamente, para castings internacionais, que era uma coisa que eu também gostava muito de fazer. É uma luta contínua, temos de estar sempre à procura de novas oportunidades, mas também como não somos pessoas de ficar à espera que as coisas caiam do céu, também lutamos por elas. É importante lutar pelos nossos sonhos, acreditar que realmente conseguimos chegar lá e temos mesmo de trabalhar para isso. 
Kapinha, a que outras áreas se mantém ligado?
J.K.: Eu acabei de fazer uma participação na novela A Fazenda, na TVI, enquanto ator. Foi muito giro, gostei imenso. E depois, paralelamente, desde sempre, eu formei-me em Engenharia Eletrotécnica, no Técnico, e mantenho essa atividade na Casa Sonotone, a empresa mais antiga de aparelhos auditivos em Portugal, da minha família. Eu mantenho-me na parte do marketing e publicidade, gestão de projetos, parcerias e protocolos.
Como definem o vosso filho, Gabriel, nesta altura do campeonato? 
J.K.: O Gabriel é um menino de ouro, graças a Deus. Às vezes, as pessoas perguntam: “E agora, quando é que vem a menina?” E eu, na brincadeira, digo assim: “Nós não vamos ter mais filhos, porque se fizermos mais algum vamos estragar”. Não conseguimos fazer melhor. 
E não querem mesmo ter mais filhos?
M.T.: Acho que nesta fase, se calhar, já não. Não pensamos nisso.
Ele nunca pediu irmãos? 
M.T.: Não, por acaso, uma vez falámos quando ele tinha quatro ou cinco anos. Eu pensei que se calhar seria uma boa altura. E, entretanto, falámos sobre isso, mas os três não estávamos muito motivados para que acontecesse. Mas o Gabriel tem muitos primos. A minha irmã tem três filhas. Da parte do Kapinha também tem mais dois primos. Não são irmãos, óbvio, mas são primos muito próximos que dormem lá em casa, passam o fim de semana, férias, e depois, ao mesmo tempo, tem também os seus momentos com os seus amigos, está numa fase em que gosta de estar muito com os amigos e jogar futebol. Está tudo em harmonia.
J.K.: Como eu disse anteriormente, ele é um menino de ouro, porque é um menino muito bem-educado, felizmente, é uma pessoa muito meiguinha. Eu lembro-me de que o meu melhor amigo, que tem uma filha, me dizia que as meninas eram mais meiguinhas com os pais. E sinto que o Gabriel é muito meiguinho, é muito fofinho. Gosta de carinhos, gosta de dar beijinhos. É um ótimo aluno, felizmente. Como se costuma dizer, é um grande compincha.
Lembrando de novo o nome da peça, Despedida de Casados, vocês não são casados?
J.K.: Não, nós não somos casados no papel. 
Mas chegou a haver o pedido, Kapinha?
J.K.: Não.
M.T.: Kapinha ou Mafalda (risos).
Claro que sim, qualquer um de vós podia fazê-lo. Mas, então, quer dizer que não houve ainda um pedido de casamento?
J.K.:
Não, na realidade, acho que nunca se concretizou, porque foi tudo muito rápido. Nós éramos namorados, a Mafalda vivia na casa da mãe, eu vivia na casa da minha mãe. A Mafalda engravidou e de um momento para o outro a vida deu uma volta de 180 graus, porque nós íamos passar a viver juntos, íamos ser pais, íamos ter uma criança.
M.T.: Tudo ao mesmo tempo.
J.K.: Portanto, aquilo foi uma coisa muito rápida. Não tínhamos casa. Também confesso que não é uma coisa que para nós faça uma grande diferença, assinar um papel de casamento. Não é isso que une as pessoas. Os sentimentos verdadeiros, esses, sim. E acho que, talvez por isso, passou um bocadinho en passant. 
Mas não gostavam de fazer uma festa para a família e amigos, para celebrar o amor e a vossa união? 
M.T.: Para mim, se há festa está sempre tudo bem. E se algum dia fizéssemos uma comemoração destas, eu gostava que fosse assim numa altura que tivéssemos a oportunidade de oferecer uma viagem a todos para uma praia paradisíaca. Tudo de pezinho na areia, com o mar quentinho, e ficávamos um dia a festejar.
Portanto, um dia pode acontecer este casamento?
M.T.:
Pode, sim (risos).
J.K.: É uma sugestão que fica no ar.

Texto: NEUZA GOMES; Fotos: NUNO MOREIRA; Produção: ZITA LOPES; 
Maquilhagem e cabelos: All About Makeup 
Agradecimentos: Sant Jordi Lisbon (santjordihostels.com/lisbon), Imperial Garden (instagram.com/imperialgarden.sj), Cawé (cawe.pt), Gant Shoes 
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