Luís Onofre “Chorei quando fiz o meu primeiro sapato”
Tu és um dos maiores empresários portugueses. Mas sempre que se fala de ti na Imprensa, aparece sempre “o homem que calça as famosas portuguesas”. Bem, e aqui estamos nós a fazer exatamente a mesma coisa. Isso incomoda-te por ser redutor?
[sorriso] Percebo o sentido da tua pergunta, mas não me incomoda. Os hábitos de consumo mudaram, a forma como os consumidores se relacionam com as marcas também. Hoje, o conceito de marca ou super brand, seja o que queiram chamar, está a passar um momento de extrema mudança.
Não muito [risos]. Quando tu nasceste, nos anos 70, o negócio da tua avó já tinha 30 e tal anos. De que é que te lembras, nos teus primeiros anos de juventude, de ver a tua avó fazer? Fascinava-te já isso?
As coisas mudaram muito, as fábricas não eram o que são hoje. Agora temos fábricas modernas, com um bem-estar social muito maior. Nós tivemos um pós-25 de Abril ainda muito ligado à palavra “patrão” e eu detesto esta palavra, é algo que me deixa um bocadinho maldisposto. As pessoas que trabalham comigo são os meus colaboradores.
Há gente que trabalha contigo na Onofre que já trabalhava com o teu pai e com a tua avó?
[sorriso saudosista] Há pouco tempo saiu o último, que trabalhou quase 70 anos. Trabalhou até dizer “não me apetece mais”.
És um tipo emotivo ou frio?
Sou muito emotivo.
De choro fácil?
Sou. Às vezes, há coisas que parecem insignificantes, mas consigo buscar a parte psicológica da coisa.
Alguém, filho e neto de industriais do calçado, quando conseguiu criar o seu primeiro sapato, emocionou-se?
Emocionei-me [risos]. Mas acho que a minha primeira emoção grande foi quando tive o prazer de ganhar o prémio de Construções na Areia do Diário de Notícias, na praia do Furadouro [risos]. É engraçado que foi daqueles momentos em que até as pernas tremeram, porque eu via toda a gente a receber prémios e prémios, e eu não tinha nada. De repente, o primeiro prémio veio para mim e recebi uma bicicleta. Portanto, acho que foi provavelmente a minha primeira grande emoção.
Leia a entrevista na íntegra na sua NOVA GENTE. Já nas bancas.
Texto: Nuno azinheira; Fotos: João Manuel Ribeiro
Siga a Impala no Instagram