Júlia Pinheiro, de 56 anos, encontra-se numa das fases mais promissoras da sua vida profissional. Com um programa em nome próprio que preenche as tardes da SIC – Júlia – e, em cena, quatro noites por semana, a apresentadora encontrava-se mergulhada em novos desafios quando a mãe, de 80 anos, sofreu um acidente vascular cerebral.

«A minha mãe tem uma idade provecta. Bateu os oitenta com galhardia, autónoma, senhora da sua vida e do seu nariz. Nunca foi dependente de ninguém. A liberdade de movimentos e de escolhas são a sua religião. No dia 3 de Março, sofreu um AVC severo. Quando a vi, alheada e perdida numa maca, já na ambulância, cravou-se uma garra no meu coração. Não parecia ela, a mulher altiva que me educou. Estava desprotegida e perdida no nevoeiro de um cérebro afetado, locomoção comprometida e sem reconhecer ninguém.»

 

Depois do incidente, a mãe de Júlia Pinheiro foi internada no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, e, assim que o pior passou, foi encaminhada para os cuidados médicos continuados.

«Achei que não seria mesmo capaz»

Nesse fim de semana, cumpria as primeiras três semanas de ensaios para a peça Monólogos da Vagina e, após as primeiras horas, Júlia ligou ao encenador Paulo Sousa e Costa, a pedir para não subir a palco. «Estávamos na fase mais crítica da construção do espetáculo, era impensável fazer um programa de televisão em direto, todos os dias, ensaiar todos os dias e acompanhar a minha Mãe nos Cuidados Intensivos», escreveu na crónica do seu site, acrescentando que «os amigos do teatro» não aceitaram que saísse do projeto.

«Chorei baba e ranho»

Tudo correu pelo melhor na noite de estreia. A saúde da mãe de Júlia Pinheiro encontrava-se estável e a apresentadora conseguiu sentir a tranquilidade necessária para subir ao palco.

«Na noite da estreia dos Monólogos da Vagina, estreei duas vezes. Apresentei-me em palco pela primeira vez, apesar de emocionalmente não ter condições para o fazer. Estreei-me por respeito aos que acreditaram em mim e estreei-me porque era preciso fazê-lo. Por mim e pela minha Mãe! Acredito que ela ainda irá ver a filha a cumprir o sonho e que, embora mais limitada e se calhar ajudada por todos, vai aplaudir a nossa mútua vitória. Está viva! Está melhor! A mulher altiva já regressou. Já refila, argumenta e, quando se sente muito cansada, dá-me a mão e agarra-a com muita força. Como quando eu era pequenina. E ambas ficamos mais confortadas. Amo-te Mamã»

De salientar que, na retaguarda, Júlia contou sempre com o incondicional apoio do marido, Rui Pêgo, e dos três filhos, Rui Maria Pêgo, Carolina e Matilde.

Agora que já respira de alívio, Júlia está confiante na total recuperação da mãe.

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