Paulo De Carvalho “Não sou rico, tenho de fazer contas. Mas não me queixo”

Aos 77 anos é feliz com o que tem. Cinco filhos, uma mulher que adora, quatro ex-companheiras com quem se dá bem, “um carro pequeno” e uma “casa a 300 metros da água”. O Globo de Ouro de Mérito e Excelência não é um prémio qualquer: está exposto na sala, ao lado da televisão. Foi a filha mais nova que escolheu o sítio.

O que é que fizeste ao Globo: está na sala à vista de todos ou arrumaste-o numa gaveta?

Não, não. Está à vista de todos [sorriso]. Foi posto pela minha filha na nossa sala, ao lado da televisão — onde mais seria? —, mas fará parte do meu espólio que está a ser pensado com o Presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Ficará por aqui [a entrevista decorre num restaurante junto ao Parque dos Poetas].

 

Tens o teu lugar na História, desde logo porque uma música tua foi senha do 25 de Abril. Tens tido ao longo da vida vários prémios e reconhecimentos públicos. O Globo de Mérito e Excelência é especial?

É mais uma coisa especial. Tenho tido várias no meu percurso profissional, detesto o termo carreira. E o Globo é mais uma. Dá-me muito prazer, aliás, os prémios dão-nos sempre. Neste caso em concreto, acho que tem muita importância e fiquei satisfeito, contente e bastante sensibilizado até por uma razão muito simples. Sabes o quê? Acho que mereço [pausa].

 

Um prémio destes dá alento?

Não. Uma coisa é eu viver desalentado, como muitos de nós, com o que nos rodeia e com aquilo que nós próprios somos e fizemos deste mundo. Outra, é desalentado com a música, e isso não estou.

 

O facto do Bernardo, o Agir, ter seguido as tuas pegadas também é bom para ti? Sentes que há ali uma espécie de aprendizagem com ele?

O Bernardo foi quem produziu o meu último disco, que muito vendeu e que muitas pessoas quiseram ouvir. A ideia dele foi sensacional, ele misturou-me com gente mais nova, mas também com gente mais velha.

 

O Agir trabalhou com o artista Paulo de Carvalho ou com o pai?

Com o artista, com o artista. Ali em estúdio não há pai, o que é muito enriquecedor. Com o pai às vezes há uma boa discussão em relação aos princípios e às formas de fazer.

 

O muito que trabalhaste, cantaste, gravaste e vendeste permitiu-te chegar aos 77 anos com uma vida financeiramente desafogada?

Não [risos].

 

Tens de fazer contas?

Tenho, mas não me queixo. Não gosto de falar dessas coisas, porque a malta esquece-se que já fui casado cinco vezes e em quatro delas as casas ficaram para trás, porque entendo que, quando um casal se separa, os filhos devem ficar na casa.

 

Leia a entrevista na íntegra na sua NOVA GENTE desta semana. Já nas bancas.

 

Texto: Nuno azinheira; Fotos: Tito Calado

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