Pedro Abrunhosa intimidado pela Embaixada da Rússia. Governo já reagiu após pedido de ajuda

Pedro Abrunhosa atacou Vladimir Putin durante um concerto e acabou recebendo um recado oficial da Embaixada russa. O Ministério dos Negócios Estrangeiros já reagiu. Saiba tudo.

Pedro Abrunhosa intimidado pela Embaixada da Rússia. Governo já reagiu após pedido de ajuda

Pedro Abrunhosa, de 61 anos, atacou Vladimir Putin durante um concerto no festival AgitÁgueda, no passado dia 2 de julho, na qual falou sobre a guerra na Ucrânia, antes de começar a cantar o tema “Talvez F****” para mostrar a sua desaprovação para com o presidente russo e criticar a invasão da Ucrânia, mas a Embaixada da Rússia em Portugal reprovou a atitude do cantor. Este último veio posteriormente pedir um posicionamento do Governo português sobre o assunto e o Ministério dos Negócios Estrangeiros já reagiu em sua defesa.

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Tudo aconteceu esta quarta-feira, 20 de julho, quando a embaixada russa lançou um comunicado em resposta à provocação de Pedro Abrunhosa, após terem recebido “cartas de compatriotas russos zangados que afirmam estar chocados pelo comportamento de um dos famosos cantores portugueses”. Nele, foi denunciado a “gritos vergonhosos” e palavras “grosseiras e inaceitáveis sobre os cidadãos da Federação da Rússia, bem como os seus mais altos dirigentes”. O mesmo comunicado avançou ainda que “as suas palavras, indignas do homem de cultura que, ainda por cima, representa o país, que está a manifestar-se abertamente contra qualquer tipo de ódio e discriminação, foram ouvidas. As respetivas conclusões serão tiradas”, pode ler-se.

A agência de Pedro Abrunhosa veio depois pedir apoio. “Compreendemos que a Embaixada da Rússia não entenda facilmente o significado de liberdade de expressão, mas não deixa de ser inédito e muito preocupante que um cidadão português, em Portugal, seja assim intimidado por uma representação diplomática estrangeira”, avançou a nota.

Deste modo, o departamento governamental responsável pela formulação, coordenação e execução da política externa já veio repudiar “tom e conteúdo” da Embaixada da Rússia. “Foi transmitida à embaixada da Federação Russa, através dos canais diplomáticos, o repúdio pelo tom e conteúdo do comunicado da embaixada relativo ao concerto do músico Pedro Abrunhosa”, adiantou agência Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mais, de acordo com a mesma fonte, foi também apontado à embaixada russa “a liberdade de expressão, com particular ênfase no domínio cultural e artístico, como um valor inalienável em Portugal”.

Mas o que disse Pedro Abrunhosa para gerar tanta polémica? “Não podemos, nem vamos esquecer, que a Europa vive uma guerra. E a guerra mais estúpida de todas, uma guerra perfeitamente evitável, uma guerra de ódios, uma guerra em que famílias como as nossas todos os dias têm que fugir”, começou por dizer durante o espetáculo.

Pedro Abrunhosa relembrou ainda que também “há quem não fuja, e numa ilha da Ucrânia um marinheiro respondeu a um apelo de um barco russo dizendo: ‘Barco russo, go f**k yourself’, que é como quem diz ‘russian boat …’, que é como quem diz ‘Vladimir Putin, go f**k yourself'”. “Este grito hoje tem que se ouvir em Moscovo e em Kiev”, complementou o músico perante o público que o assistia.

Pedro Abrunhosa deseja “a obtenção da Paz”

Esta sexta-feira, dia 22 de julho, Pedro Abrunhosa e a agência e management que o representa, Sons em Trânsito, voltou a fazer mais um comunicado. Aos olhos do artista, a embaixada russa “refere que a voz de Pedro Abrunhosa se ouviu nos corredores do poder russo” e que “as autoridades daquele país ficarão atentas às atividades do músico”.

Além disso, o intérprete musical veio esclarecer que tem “um profundo respeito e admiração pelo povo russo” e que não confunde “a Rússia e o seu povo com o seu regime ou com os seus líderes”, desejando, assim, “a obtenção da Paz o mais rapidamente possível para o povo ucraniano e o povo russo”. Contudo, garantiu que irá continuar “a utilizar a sua voz e a sua visibilidade para esse fim, ou para outras causas que lhe pareçam justas, sempre que assim o entender”.

 

 

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Arquivo Impala 

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