Revelados detalhes novos do acidente que vitimou Angélico Vieira
Angélico Vieira morreu há nove anos e o pai de Armanda, uma das sobreviventes do acidente, conta como tudo aconteceu. José Leite deixa aos pais do cantor uma mensagem emocionada.
Angélico Vieira teria feito 38 anos neste dia 31 de dezembro. O ator e cantor morreu em 28 de junho de 2011 e foi precisamente há dias, quase uma década depois do fatídico acidente que lhe tirou a vida, que foram tornados públicos vários pormenores sobre os momentos que antecederam e que se seguiram à morte.
No passado dia 22 de dezembro, a SIC transmitiu novamente a entrevista a José Leite, pai de Armanda Leite, uma das sobreviventes do sinistro, ao programa Júlia, na qual o empresário revelou como tudo aconteceu. “A Armanda queria ser modelo, mas também queria tirar Direito. Como ela tinha nacionalidade portuguesa, trouxe-a de Angola para Portugal”, começou por contar. O empresário regressou a casa e, apesar de ter uma relação muito próxima com a filha, a jovem não lhe falou desta viagem que fez com Angélico e Anita Costa, namorada do cantor na altura. “Ela fez essa viagem sem dizer a ninguém. Não foi por mal. Foi só para não me estar a preocupar.”
Anita Costa contou todos os pormenores do acidente
Quando soube do acidente, o empresário voou de Angola para o Porto o mais rápido que conseguiu e, já no hospital de Santo António, é que ficou a saber em que circunstâncias tudo aconteceu. “Quem me contou os pormenores todos do acidente foi a Anita Costa. Ela apresentou-se como a namorada do falecido Angélico”, disse.
Na altura, Anita foi impedida de ver o cantor – alegadamente por Rita Pereira –, que estava em coma. “Não permitiam que ela entrasse para ir vê-lo e ela veio falar comigo para eu dar autorização para ela ir ver a Armanda. Como a Armanda estava num sítio e o Angélico estava perto, era para ir vê-lo. Eu autorizei e a partir daí ela contou-me a história. Elas estiveram sempre juntas na viagem”, explicou, relatando tudo o que lhe foi contado.
“Eles estiveram um dia ou dois em Vila do Conde, depois foram a Espanha encontrar-se com o Augusto [Fernandes], do Auguscar. Passaram o dia juntos, na praia, andaram de jet-sky, passaram lá o dia. À noite, regressaram. O Angélico combinou com o Augusto trocar de carro. O carro em que ele andava já era emprestado pelo Augusto, da Auguscar e era outro BMW. O Angélico ia fazer uma apresentação em Santo Amaro de Oeiras e ele ia escolher entre dois carros que ele [Augusto] tinha lá, um jipe Hummer ou um BMW. Ele ia escolher um para fazer propaganda do carro. Já era hábito o Angélico andar com os carros dele e tentar vender. Isto foi o que ela [Anita Costa] me explicou que estava combinado com o Augusto.”
O empresário continuou a relatar, emocionado, tudo o que a namorada de Angélico lhe contou. “Ela não estava nesta viagem, porque ficou no Porto. Assistiu a toda esta troca de carros. Eu perguntei a que horas isso tinha acontecido e ela disse por volta das 23h30. Perguntei se tinham verificado pneus e essas coisas e ela disse que não, que só tinham metido combustível e que arrancaram logo. O Angélico deixou-a em casa.”
«Sempre tive consciência que a culpa não foi» de Angélico Vieira
O acidente aconteceu ao quilómetro 254 da auto-estrada do Norte (A1), perto da saída para Estarreja, no sentido Porto-Lisboa. “A GNR informou-me de que o carro não tinha seguro e fui logo tentar acionar o Fundo de Garantia Automóvel. Nessa semana, ou na semana a seguir, eles foram ao hospital, puseram-lhe [à Armanda] uma pulseira com o número de processo e deram a entender que iam assumir a responsabilidade da situação”, contou José Leite, que abandonou tudo o que tinha em Angola para acompanhar os tratamentos da filha.
A empresa que tinha foi entregue ao filho e a um gerente, mas, dois anos depois, o negócio foi à falência. Desde que se mudou para Portugal, usou as suas poupanças para sobreviver e para os tratamentos da filha, que ficou com várias sequelas devido ao acidente. “Ela não mexe o lado direito completamente. Nem a perna, nem o braço. Tem sequelas cognitivas, mas não aceita muito bem”, diz. E explica que Armanda tem muitas falhas de memória. “Até 15 dias antes do acidente, ela lembra-se de tudo. Daí para a frente, já faltam algumas coisas.”
O acidente que vitimou Angélico Vieira levou a um longo processo em tribunal, com as várias partes envolvidas. No entanto, para o pai de Armanda, o que se passou está bem claro. “Eu sabia que ele [Angélico] não bebia, que não tinha vícios. Se o acidente se deu, algum motivo houve. Depois de ir ao local, fiquei mais descansado, porque vi logo que a culpa não foi dele. Não estou a dizer que não tivesse existido excesso de velocidade, mas sempre tive consciência de que a culpa não foi dele. Para mim, foi uma falha mecânica, uma falha no carro. O acidente foi numa reta, não foi numa curva, não iam a ultrapassar ninguém. Não se vê que ele tivesse andado aos esses, que tivesse travado. Não há nada, por isso vê-se que é uma falha do carro.”
«Nunca quis litígios com os pais do Angélico»
Por ter esta convicção, o empresário nunca quis causar nenhum tipo de problemas aos pais do cantor. “Nunca quis litígios com os pais do Angélico, nem com o Augusto. Foi com o Fundo de Garantia que eu lutei para adquirir os direitos da minha filha, mas sem litígio nenhum. Tudo dentro da legalidade”, disse, antes de acrescentar que foi o Fundo de Garantia que envolveu os pais de Angélico e o dono da Auguscar no processo.
Só no início de 2019, oito anos depois do acidente, é que José Leite recebeu grande parte da indemnização. “O Fundo de Garantia Automóvel já me fez chegar grande parte da indemnização e estamos, neste momento, em pequenos acertos, mas que não são valores significativos”, afirmou, explicando para que vai servir o dinheiro. “Quero criar algum investimento para o futuro da Armanda. O dinheiro está a ser canalizado para um dia ela ter algum rendimento para poder sobreviver. Já fiz uma casa para ela, está pronta. Não quero ver a minha filha numa instituição.”
Em relação aos pais do falecido cantor, António e Filomena Vieira, o empresário aproveitou a ocasião para lhes enviar uma mensagem emocionada, sem conseguir conter as lágrimas. “Gostava de lhes dizer que continuamos a ser amigos deles e queremos tudo de bom para eles. Que lhes corra tudo bem. No que precisarem de nós, nós estamos aqui.”
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Impala, Reprodução redes sociais e D.R
Siga a Impala no Instagram