Rui Santos recorda agressão física na SIC: “É para me tentar calar”
Rui Santos recorda agressão física de que foi alvo no parte de estacionamento da SIC. Em conversa com Júlia Pinheiro, o comentador desportivo falou ainda da pressão que sentiu sobre o violento episódio.
Rui Santos esteve à conversa com Júlia Pinheiro nesta sexta-feira, 28 de maio, e recordou uma agressão de que foi alvo no parque de estacionamento do Parque Holanda, em Carnaxide, onde se localizam os estúdios da SIC há 13 anos.
Na emissão desta sexta-feira do vespertino da estação de Paço de Arcos, o comentador desportivo falou sobre o caso e de como decidiu “não ceder” à pressão sobre ele colocada com aquele episódio.
Rui Santos começou por falar do “processo natural” que foi a sua entrada em televisão. Em 2002, depois de mais de 20 anos como jornalista de imprensa, começou por fazer aparições nos três canais de televisão generalistas: RTP, SIC e TVI. “Na SIC, aconteceu-me uma coisa giríssima. Quando começava a comentar futebol, as coisas corriam muito bem, as pessoas consumiam muito, as audiências eram ótimas. De repente, comecei a ganhar gosto pelas coisas da televisão”, afirmou.
O comentador foi “ficando” na estação e, em 2004, criou para a SIC Notícias o programa “Texto Extra”. O formato mantém as suas transmissões ao fim de 17 anos, ainda que a exposição que a televisão lhe traz, aliada ao facto de falar sobre futebol, provoque uma onda de amor e ódio.
“Faço uma coisa em contramão com aquilo que é normal. O futebol desperta emoções. As pessoas perdem a cabeça, defendem o seu clube… E eu tive uma coisa sempre que é tentar racionalizar o futebol, que é uma coisa impossível ou quase impossível. E a racionalização de uma coisa que, às vezes, é irracional, torna-se penosa. E perigosa”, defendeu.
“Nunca facilitei e nunca quis facilitar. Às vezes penso se fiz o caminho que deveria ter feito nesse sentido. Posso ter mais favoritismo por este ou aquele, por razões que têm que ver com postura e com o que se diz, mas a questão do clube… Quer dizer, eu não foi refrear as minhas críticas por ser o Benfica, o Sporting ou o Porto. Eu tenho simpatia pelas ideias e pelas posturas e levo isso muito a sério. Acho que só é possível fazer isto se uma pessoa, durante o seu tempo de crescimento profissional, não condescender e não facilitar Não aceitar convites para passar férias, para viajar, para almoços e jantares grátis… Sempre fui muito cioso da minha independência”, garantiu ainda.
“Quem fez isto ou quem mandou fazer é para me tentar calar. Eu não vou ceder”
Rui Santos admitiu, ainda assim, que já foi alvo de ameaças. E foi então que, instigado pela anfitriã do programa “Júlia”, recordou o episódio de violência que sofreu, em fevereiro de 2008, no parque de estacionamentos dos estúdios da SIC, tinha ele acabado de estar em mais um “Tempo Extra”.
“Agrediram-me… Do outro lado da rua. É [uma coisa horrível], mas deu-me força para dizer: ‘Quem fez isto ou quem mandou fazer é para me tentar calar. Eu não vou ceder’. Não quero ser persecutório. O futebol tem um lado mau. Aguento tudo, só não aguento o tal futebol bandido”, afirmou.
“Tentaram retirar-me do carro e comecei a dar pontapés e a chamar nomes”
De acordo com o que foi, na altura, noticiado, Rui Santos e Luís Costa Branco, o então moderador do programa da SIC Notícias, estavam a sair das instalações da SIC em Carnaxide, cerca das 01h00, quando o comentador notou “um movimento estranho junto da cancela do segurança”. Eram três homens encapuzados.
“O Luís avisou-me para correr para o carro e só tive tempo de abrir a porta. Nesse momento percebi que era mais do que um. Tentaram retirar-me do carro e comecei a dar pontapés e a chamar nomes”, descreveu, então, ao Correio da Manhã, Rui Santos.
A polícia tomou conta da ocorrência e acompanhou o jornalista e o comentador às respetivas casas.
“Rui Santos foi, é e será comentador da SIC”
Em comunicado, a SIC confirmou, na altura, que “os agressores se dirigiram rapidamente à viatura de Rui Santos estacionada no parque privado. Abriram a porta, tentaram retirá-lo do automóvel e acertar-lhe com um objeto”. “O caso foi imediatamente participado à PSP e os agressores, bem como a viatura em que se deslocavam, estão a ser identificados através do nosso sistema de vigilância com o fim de serem processados criminalmente. Este caso vem mostrar, uma vez mais, a profunda intolerância que algumas pessoas ligadas ao futebol continuam a ter face à crítica livre, a que, pelos vistos, continuam a não estar habituados. Este tipo de pressões inaceitáveis não fazem a SIC alterar o rumo da nossa informação ou a liberdade dos comentadores. Rui Santos foi, é e será comentador da SIC”, garantiu a estação, na missiva. Treze anos passaram e Rui Santos mantém-se como comentador de “Tempo Extra”.
Texto: Dúlio Silva; Fotos: reprodução SIC e redes sociais
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