Sara Prata, de 42 anos, nunca teve pressa para encontrar o amor. A carreira de atriz ia de vento em popa, os amigos enchiam-lhe os dias… e a maternidade? Nem pensar. “Quando era miúda dizia que queria ter cinco filhos. Depois passou-me!”, contou no podcast Aqui Entre Nós. Mas, entretanto, apareceu João Leitão e um jantar ao qual não queria mesmo ir – e tudo mudou.

A história do encontro dos dois é digna de um filme romântico. A culpa foi do Miguel, o seu professor de inglês, que decidiu que seria boa ideia juntá-la a um amigo. “Estava a ter aulas de inglês com o meu professor, o Miguel, e numa brincadeira ele disse que íamos ser amigos. Eu respondi: ‘Não vamos ser amigos, somos colegas. Já estou habituada na minha profissão. Depois os projetos acabam e cada um também tem a sua vida. Apesar de ter muita empatia e carinho. Não sou amiga de toda a gente. Portanto, será o mesmo connosco.’” Mas o destino tinha outros planos. Num dia em que Sara estava particularmente perturbada, Miguel sugeriu-lhe um jantar com um amigo. “Eu disse que não queria, que odiava essas coisas. Mas ele insistiu”, conta. Foi assim que, contrariada, a atriz acabou por conhecer João Leitão. “Quando dobro a esquina – e isto é mesmo verdade – e bati os olhos no João, senti ‘ah, cheguei a casa’. Mas uma sensação de que ele era meu, que era meu cúmplice, meu amigo, meu companheiro, meu, de alguma forma já teria pertencido à minha vida, e já pertencia à minha vida. E a verdade foi essa, sentámo-nos como desconhecidos e saímos do restaurante, parecia que éramos amigos há muito tempo, com muita vontade de continuarmos aquela conversa. E assim foi, já se passaram seis anos de longas conversas, de uma grande história, de uma grande cumplicidade”, partilhou a atriz, que há pouco tempo viveu um momento assustador num táxi.

Hoje, passados quase sete anos, o sentimento mantém-se. “Com o João descobri que, afinal o amor existe, que o amor é bonito e que é leve. E tem sido assim, a vida ao lado dele tem sido muito mais bonita e muito mais leve (…) Eu e o João temos uma coisa ótima: sabemos que não podemos ter fome ao mesmo tempo, senão dá asneira. Mas tirando isso, somos a melhor equipa”, disse.

“Revejo-me muito na Amélia”

Se o amor foi um acaso, a chegada da pequena Amélia, há três anos, foi um choque. No bom sentido. “Não tive vontade de ser mãe, não tive… foi mais medo. Foi inesperado. Quer dizer, estávamos… Se acontecesse, acontecia. Mas aconteceu rápido. Então, foi assim meio inesperado, um choque. Porque, lá está, nunca tive essa paixão em mim. Mas estava confortável. Eu estava num sítio bom. Estava segura. Estava de mão dada. Então, olha, vamos juntos. Vamos nesta aprendizagem. Vamos com medo, mas vamos com tudo e juntos. E tem sido assim (…) A Amélia é a maior sorte que me calhou na vida. Estou sempre a dizer, eu é que recebi uma bênção, uma sorte de poder estar a crescer e evoluir ao lado dela. É a minha paixão”, revelou. A filha herdou o lado artístico da mãe, mas Sara deixa-a explorar o seu próprio caminho: “Revejo-me muito na Amélia. Ela é uma criança feliz, a descobrir o seu lado mágico. Se um dia quiser ser atriz, será por ela, não por mim”. Apesar das alegrias que a maternidade lhe tem trazido, a atriz é peremptória: “Não quero ter mais filhos!”.

Poucos amigos e um sonho por realizar

Apesar de ser uma figura pública, a artista contou que mantém um círculo íntimo de amigos muito pequeno, “talvez por ser muito exigente”. Especialmente na profissão. “Trato toda a gente com muito carinho e com muito respeito (…) mas tenho poucos amigos. Porque é a minha forma de ser e porque tenho, se calhar, um grau de exigência muito grande. Quando são mesmo meus amigos eu entrego muito. Então, todos os outros que eu digo que não são meus amigos, se calhar, na cabeça deles já são, porque eu dou muito. Mas, provavelmente, neste meio terei, sei lá, cinco amigos e dez ou 15 pessoas especiais. Mas também tenho outros amigos sem ser no meio. Mas gosto muito de toda a gente com quem trabalho”, explicou.
Sara já fez um pouco de tudo na carreira – televisão, teatro, cinema. E a sua sede de desafios continua. Mas quando fala em sonhos por concretizar, a atriz foge da ambição profissional e revela um desejo especial: “Quero criar uma comunidade sénior para mim e para os meus amigos”, anunciou, entusiasmada. A ideia? “Cada um tem a sua casa, mas vivemos todos juntos. Fazemos ioga, ténis – para os que ainda conseguirem mexer-se –, temos um enfermeiro por perto e passamos os dias a rir”, explicou. Para já, é um plano sem data, mas já há amigos interessados e a ver sítios. “Só falta o dinheiro e um terreno”, afirmou.

Texto: Inês neves; Fotos: impala e d.r.

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