Um copo de leite por dia pode reduzir o risco de cancro do intestino

Um copo de leite por dia pode ajudar a afastar o cancro do intestino, de acordo com as descobertas de um novo estudo da Universidade de Oxford e da Cancer Research UK.

Um copo de leite por dia pode reduzir o risco de cancro do intestino

Um copo de leite por dia pode ajudar a manter o cancro do intestino longe – de acordo com o que foi possível extrair das conclusões de um estudo da Universidade de Oxford e da Cancer Research UK. A investigação sugere que “aumentar a ingestão diária de leite em apenas um copo pode ter um impacto significativo na redução da probabilidade de desenvolver cancro do intestino”, certifica Justin Stebbingo, professor de Ciências Biomédicas da Universidade Anglia Ruskin.

Em cada ano, registem-se “quase 45 mil casos de cancro do intestino, só no Reino Unido” e dez mil em Portugal. Trata-se, por isso, do “quarto cancro mais comum” naquele país – e o terceiro no mundo. Muitos destes cancros “são preveníveis“, de acordo com dados do Cancer Research UK. Pouco mais de metade – 54% – de todos os cancros do intestino poderiam ser “prevenidos com um estilo de vida mais saudável”. “Fumar, falta de exercícios, álcool, carne processada e dieta deficiente são fatores significativos no desenvolvimento do cancro do intestino.

Como oncologista, “aconselho os meus pacientes sobre como a dieta e o estilo de vida podem influenciar a saúde, incluindo o risco de desenvolver cancro“, diz Stebbingo. “Mas este estudo – um dos maiores sobre dieta e doença até agora – lançou uma nova luz sobre como mudanças fáceis e baratas na dieta podem ajudar-nos a reduzir o risco de cancro.”

Por exemplo, “além de beber um copo extra de leite por dia, reduzir o consumo de álcool e carne vermelha e processada também pode ajudar a proteger-nos do cancro”. O estudo permitiu concluir que “beber 20g adicionais de álcool por dia, o equivalente a uma taça grande de vinho, aumentou o risco de cancro no intestino em 15%”. E consumir “mais de 30g de carne vermelha e processada diariamente foi associado a um aumento de 8% no risco de cancro do intestino”.

Os investigadores adotaram uma nova abordagem – dupla – para examinar a associação entre o consumo de leite e o risco de cancro do intestino. Em primeiro lugar, “analisaram dados genéticos de mais de 542 mil mulheres e concentraram em variantes – pequenas mudanças no ADN – associadas à persistência da lactase, a capacidade de digerir lactose na idade adulta“. Depois, “reuniram informações dietéticas detalhadas dos participantes, incluindo a ingestão diária de leite”. “Ao combinar estes dois conjuntos de dados, os investigadores conseguiram estimar melhor o efeito causal do consumo de leite no risco de cancro do intestino.”

Resultados impressionantes

A análise revelou que os participantes que consumiram 244g adicionais de leite por dia – aproximadamente o equivalente a um copo grande com 300mg de cálcio – tiveram um “risco 17% mais baixo de desenvolver cancro do intestino”. Esta redução no risco aplicou-se “a vários tipos de leite, incluindo integral, semidesnatado e desnatado”.

Os cientistas descobriram que “o efeito protetor do consumo de leite era independente de outros fatores alimentares e hábitos de estilo de vida”. Isto sugere que “os benefícios do leite na redução do risco de cancro do intestino não são porque o leite substitui escolhas alimentares não saudáveis ​​ou é consumido como parte de um estilo de vida mais saudável em geral”.

As razões pelas quais o consumo de leite pode reduzir o risco deste tipo de cancro “não são totalmente compreendidas”, mas os investigadores propõem várias hipóteses de explicação. “Primeiro, o leite é uma fonte rica em cálcio, que foi anteriormente associado a um risco reduzido de cancro do intestino. O cálcio pode ajudar a proteger contra o cancro ao ligar-se a substâncias potencialmente prejudiciais no intestino e promover a morte de células anormais.”

E depois porque “muitos produtos lácteos são fortificados com vitamina D, que demonstrou ter propriedades anticancerígenas e pode ajudar a regular o crescimento e a divisão celular“. Além disso, a lactose no leite “pode promover o crescimento de bactérias intestinais benéficas que produzem butirato, um ácido graxo de cadeia curta com efeitos anti-inflamatórios e anticancerígenos”. Finalmente, o leite “contém ácido linoleico conjugado, encontrado em carnes e laticínios, que, de acordo com um estudo laboratorial de 2021, também pode ter propriedades anticancerígenas”.

O consumo de leite pode no entanto “não ser adequado ou benéfico para todos”. Quem sofra de “intolerância à lactose, alergias ao leite ou outras restrições alimentares deve consultar profissionais de saúde antes de fazer alterações significativas na ingestão de laticínios”.

“Genericamente, esta investigação inovadora fornece evidências convincentes para o papel potencial do consumo de leite na redução do risco de cancro do intestino. A descoberta de que um aumento relativamente modesto no consumo diário de leite pode levar a uma redução significativa nesse risco é particularmente encorajadora. Sugere que pequenas mudanças alcançáveis ​​na dieta podem ter impactos significativos na saúde pública”, considera o professor de biomedicina.

“À medida que continuamos a desvendar as complexas relações entre dieta e doença, estudos como este fornecem ‘insights’ valiosos que podem informar tanto escolhas de saúde individuais quanto estratégias mais amplas de saúde pública”, diz. “O potencial de uma simples mudança alimentar ter um impacto tão significativo no risco de cancro revela a importância dos estudo contínuo neste campo e destaca o poder da nutrição em moldar a nossa saúde”, conclui Justin Stebbingo, professor de Ciências Biomédicas da Universidade Anglia Ruskin.

The Conversation

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