Os 4 motivos da insatisfação com a vida e como lidar com eles

Psicanalista e neurocientista aponta os 4 motivos da insatisfação insatisfação e que nos deixam desanimadas. Saiba também como lidar com eles.

Os 4 motivos da insatisfação com a vida e como lidar com eles

Raiva, tristeza, solidão, frustração e ansiedade. Sentimentos cada vez mais frequentes no quotidiano e que foram agravados com a pandemia. São simultaneamente a causa e a consequência de falta de interesse pelas atividades do dia a dia e pela dificuldade de concentração nas mais simples tarefas. Tudo é normal, de acordo com o psicanalista, neurocientista e pesquisador do comportamento humano Fabiano de Abreu, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. «Quase todos nós já passámos ou vamos passar por um momento como este, não importa quem, onde ou quando. A questão é identificar os gatilhos para trabalhá-los», explica o cientista.

Os 4 motivos da insatisfação

Relações pessoais

Quem pensa que o problema está nas contas a pagar, na casa própria não conquistada ou naqueles quilos a mais está errado. A primeira grande causa apontada pelo especialista é a das relações pessoais. «A falta de relacionamentos profundos e verdadeiros gera um grande vazio existencial. Somos dependentes do contato social, do toque e do afeto», explica Fabiano de Abreu. «É fundamental criarmos laços profundos com alguém, desenvolver empatia, identificação, termos sentimento de pertença a um local ou a uma comunidade, mesmo que seja apenas dentro da nossa casa», destaca. A dica do psicanalista é identificar quais são as pessoas especiais na nossa vida e trabalhar estas relações para que sejam valorizadas.

Pendências

Outro ponto que frequentemente afeta os indivíduos são as pendências, ou seja, assuntos não resolvidos no passado que assombram o presente. «Acreditar que apenas o passado representa cada um de nós e nossa vida é um erro, pois mesmo que o passado faça parte da nossa trajetória, temos de nos focar no presente e no que podemos fazer agora», analisa. Por isso, mesmo que ainda haja rancor, dor e arrependimento em relação à oportunidade de trabalho perdida, ao grande amor não valorizado ou à morte de alguém especial, devemos trabalhar esses sentimentos, de forma a que fique claro que não há como mudar o passado e que as nossas ações agora é que poderão evitar novas dores. Aceite, confie e faça as coisas de forma diferente.

Auto-conhecimento

Para além dos pontos já citados há um que o psicanalista considera fundamental: o auto-conhecimento. Conhecermo-nos a nós próprios pode ser mais difícil do que conhecer o nosso melhor amigo. O investigador acrescenta que esta pode ser a base de inúmeras questões e dilemas. «Só podemos saber o que nos faz felizes quando verdadeiramente nos conhecemos. Caso contrário, serão tentativas vãs que apenas nos farão perder tempo e energia. Imaginemos a vida como um grande buffet. Se não soubermos quais os nossos pratos preferidos, não saberemos escolher. Poderemos encher demais o prato com alimentos que não nos agradarão e empanturrarmo-nos com o que não nos irá deixar-nos satisfeitos. Ou, ainda, desperdiçar alimentos que poderiam satisfazer outra pessoa. Com os relacionamento e as oportunidades passa-se o mesmo. Tal como fazemos com os alimentos, experimente e descubra os sabores que lhe agradam. Assim, diante das inúmeras opções da vida, será mais fácil ser assertivo e fazer escolhas sábias. Meditação, leituras e tempo ocioso – o chamado ócio criativo – contribuem para nos analisarmos», conclui o psicólogo.

Metas

Por último, e não menos importante, tenha metas.«Viver sem um rumo definido é frustração garantida, pois viver sem metas é andar em círculos, que não nos levam a qualquer lugar, senão àquele onde sempre estivemos», afirma. O sentimento de conquista move o ser humano. Assim, almejar um propósito e conquistá-lo é motivador. Da mesma forma que viver sem um ideal traz tédio e vazio. «Gosto do pensamento do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Ele faz a metáfora da utopia como algo que está a afastar-se sempre que nos aproximamos, pois o seu sentido é fazer-nos caminhar na sua direção. Assim são as metas», define o neurocientista.

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