Fabergé: A incrível história dos ovos mais famosos do Mundo

Os ovos Fabergé são mundialmente famosos. Mas conhece a sua história? Sabe como nasceu a tradição na Rússia czarista, do imperador oferecer jóias em forma de ovos à imperatriz? Descubra um dos mais fascinantes episódios da joalharia associada à Páscoa.

Fabergé: A incrível história dos ovos mais famosos do Mundo

Já pensou qual a relação da Páscoa com os ovos? Nesta quadra abundam os ovos de chocolate, embrulhados em pratas coloridas e alguns com recheio, certo? E todos os folares têm ovos na sua decoração, não é? Pois bem, a oferta de ovos é uma tradição milenar, usada mesmo antes do nascimento de Cristo. O ovo é símbolo de fertilidade e renascimento de vida e era dado a amigos e familiares no início da primavera para celebrar o fim do inverno. Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a primavera foi integrada no calendário da Semana Santa. E também aí os ovos eram oferecidos, mas para dar importância à data começaram a ser coloridos e pintados. Com o passar do tempo, estas ofertas começaram a ganhar valor nas elites. O rei Eduardo I de Inglaterra começou a oferecer ovos banhados a ouro aos seus súbditos favoritos. Em França, Luis XIV oferecia ovos em madeira, porcelana e metais com uma surpresa no interior. E estes dois exemplos serviram para Peter Carl Fabergé conceber os famosos ovos imperiais.

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Início dos ovos Fabergé

A corte russa adorava celebrar a Páscoa em grande. O imperador gostava de assinalar esta data oferecendo ovos à família, porque representavam uma esperança, uma nova vida e eram o símbolo máximo de Cristo ressuscitado. Enquanto o povo oferecia entre si ovos pintados, o czar (título do imperador) Alexandre III gostava de os oferecer em ouro. Foi então que teve a ideia de fazer uma encomenda especial. E pediu a Peter Carl Fabergé para criar um ovo especial para oferecer à imperatriz. Estávamos em 1884. Assim, Maria Feodorovn recebe o seu primeiro ovo Fabergé, cujo interior quando aberto deixa à vista uma galinha em ouro com uma safira. Esta relíquia agradou tanto a imperatriz, que Fabergé passa a receber a distinção de fornecedor da corte. Começa assim a tradição dos ovos imperiais da Fabergé para a corte russa.

Dois ovos por ano

Enquanto foi vivo, Alexandre III encomendou sempre um ovo por ano. Com a sua morte, o filho, Nicolau II, o novo czar, quis dar continuidade a esta tradição, mas em vez de fazer uma fazia duas encomendas: um era para a mãe e outro para mulher, a imperatriz Alexandra.
Estes ovos são exemplos sofisticados da arte da joalharia e embora não se possam usar, servem para decoração. Uns mostram momentos privados da família, outros são uma homenagem à História do império russo. Todos têm um mecanismo para abrir e no interior todos têm um segredo, que era a grande surpresa para quem os recebia. Por isso, as imperatrizes quando os recebiam ficavam maravilhadas não só por se tratar de peças muito valiosas mas também porque era grande a expetativa de ver o que tinham no seu interior.

Tesouro disperso

Os ovos, cujo tamanho não ultrapassam os 13 centímetros, eram feitos com ouro, prata, esmaltes coloridos e pedras preciosas. Demoravam um ano a estar concluídos e eram feitos no maior sigilo. Entre 1885 e 1917, altura do fim do império, os ateliers da Fabergé criaram mais de 50 ovos para a família imperial. Com a revolução bolchevique, os tesouros dos Romanov foram dispersos e os seus bens foram confiscados, perdendo-se muitos destes ovos. O Museu do Kremlin, em Moscovo, conserva 10 ovos, o Museu de Belas Artes da Virgínia, nos EUA, têm três. Em 1998, foram localizados 44 ovos, alguns nas mãos de privados. Em 2002 um ovo Fabergé foi vendido em leilão por 9,6 milhões de dólares.

Rainha Isabel tem três ovos

A soberana britânica tem três ovos Fabergé nas suas coleções. Recebeu-os de herança dos avós. Com efeito, o rei George V e a rainha Mary eram grandes fãs do trabalho desta joalharia russa. Em 1933 compram os ovos Colunas, Cesto de Flores e Mosaico. O Ovo Mosaico é um dos mais conhecidos de toda a coleção imperial.

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Ovo de 20 milhões numa sucata

Durante muitos anos, um homem tinha um ovo que comprou numa sucata, numas velharias e não lhe deu importância. Não sabia do que se tratava, mas um dia olhou melhor para ele e quis vendê-lo para ficar com o ouro. Em 2012, foi a um antiquário que percebeu a raridade que tinha em mãos. Depois de autenticado, o ovo com um relógio no interior, foi vendido a um colecionador privado por 20 milhões.

A tradição da caça aos ovos

Curiosamente, em alguns países há uma forte tradição no Domingo de Páscoa de se fazer a caça aos ovos e porquê? Em França e na Bélgica, por exemplo, como os sinos não tocam entre a Sexta Feira Santa e o Domingo da Aleluia, acreditava-se (segundo a lenda) que os sinos voavam para Roma e no regresso deixavam cair os ovos, que as crianças tinham de encontrar. Hoje ainda existe esta tradição, mas ovos, esses, é que não são tão valiosos.

Texto: Alberto Madeira Miranda; Fotos: DR

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