Têxtil português tem e terá papel “chave” no fornecimento da Inditex
As empresas têxteis portuguesas têm e continuarão a ter um papel “chave” no fornecimento da Inditex, cujo negócio assenta na “produção de proximidade” em Portugal, Espanha e Marrocos, afirmou hoje o presidente do grupo.
“Em termos de produção não há uma variação significativa no peso dos fornecedores de Portugal [em 2018 face a 2017]. Portugal é um dos nossos mercado-chave em termos de produção e fornecimento e vai continuar a ser no futuro”, disse Pablo Isla durante a apresentação dos resultados de 2018 do grupo, na Corunha.
Em 2017 Pablo Isla tinha apontado um peso de 20% das empresas do setor têxtil português no fornecimento de produtos ao grupo Inditex, valor que se terá mantido inalterado em 2018, “independentemente de qualquer questão ou quebra pontual em determinada campanha”. Segundo revelou, durante o exercício de 2018 “muitos fornecedores [em Portugal] aumentaram as vendas” para a Inditex, mantendo o grupo uma “relação estreita” com as empresas portuguesas, que “vai continuar no futuro”.
“Para nós a produção de proximidade em Portugal, Espanha e Marrocos é importantíssima para a essência do negócio e para a qualidade da confeção, independentemente de qualquer questão ou quebra pontual em determinada campanha, mas sem impacto na evolução estratégica do volume de produção nos nossos mercados de proximidade”, frisou.
Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados anuais da Inditex, que detém marcas como a Zara e a Massimo Dutti, Isla adiantou que as vendas do grupo (a câmbio constante) aumentaram 7% de 01 de fevereiro a 09 de março deste ano, em termos homólogos, prevendo o gigante têxtil galego terminar 2019 com um crescimento de 4% a 6% das vendas comparáveis e de 5 a 6% na superfície bruta de lojas.
No exercício fiscal de 2018 (de 01 de fevereiro de 2018 até 31 de janeiro de 2019), o lucro do grupo galego aumentou 2%, para 3.444 milhões de euros, e as vendas subiram 3%, para 26.145 milhões, níveis recorde, mas que representam o crescimento mais baixo desde há vários anos. Para Pablo Isla, trata-se de uma “conta de resultados muito sólida, afetada pelo impacto do câmbio, sem o qual os crescimentos seriam muito mais significativos” — a evolução teria sido de 12% no lucro e de 7% nas vendas – sendo que se registaram crescimentos “em todas as rubricas dos resultados”.
Conforme salientou o responsável, nos últimos cinco anos as vendas do grupo, líder mundial de comércio de roupa a retalho e que emprega 174 mil pessoas, cresceram mais de 56%, sendo o crescimento de 36% em termos comparáveis.
Atualmente, disse, as vendas ‘online’ representam já 12% das vendas totais do grupo (contra 10% em 2017) e 14% das vendas nos mercados onde esta funcionalidade está disponível, antecipando-se que este crescimento continue nos próximos anos, com efeitos positivos também nas vendas em loja.
De acordo com o presidente da Inditex, o comércio ‘online’ implica custos acrescidos de transporte, mas “não é menos rentável” do que a venda em loja, apresentando antes uma “estrutura de custos diferente”.
Pablo Isla destacou ainda “a importância dos investimentos realizados, tanto no canal logístico como na superfície comercial, destinados a dotar da máxima agilidade a plataforma integrada do grupo e a priorizar a seleção de espaços comerciais da máxima qualidade, para oferecer a melhor proposta de moda em todo o mundo”. No que diz respeito à atividade ‘online’, no exercício de 2018 as páginas ‘web’ do grupo Inditex registaram 2.947 milhões de visitas, mais 500 milhões do que no ano anterior, tendo chegado a responder a 9.500 pedidos no espaço de um minuto.
O grupo destaca que “a evolução integrada do modelo de negócio [entre as lojas e a Internet] levou a uma aceleração da expansão ‘online’ das várias insígnias” que, segundo Pablo Isla, estarão disponíveis ‘online’ em todo o mundo no ano 2020.
No âmbito desta estratégia, a Zara lançou em novembro a sua loja global Zara.com em 106 mercados em que a cadeia não tem presença física, tendo ainda aberto ‘online’ na Austrália e na Nova Zelândia e estando prevista para 20 de março a inauguração da loja ‘online’ no Brasil e, na primavera, também nos Emirados Árabes, Dubai, Arábia Saudita, Egito, Indonésia, Israel, Líbano, Marrocos, Sérvia, África do Sul e Ucrânia.
O grupo galego salienta o “papel crucial” da incorporação do sistema RFID (tecnologia de identificação de produtos e de gestão do ‘stock’ por radiofrequência) em todas as marcas da empresa: “Atualmente a incorporação diferenciadora deste sistema de identificação por radiofrequência já é uma realidade na Zara, Massimo Dutti, Pull&Bear e Uterque e está a ser desenvolvida nas restantes insígnias”, refere.
Questionado sobre o impacto previsto do ‘Brexit’, Pablo Isla admitiu que, para a Inditex, “como para qualquer empresa, o cenário pior é a saída sem acordo”, mas garantiu que o grupo está “completamente preparado para qualquer cenário”, porque é “uma empresa global”.
Siga a Impala no Instagram