Os acontecimentos que marcaram o ano 2019

Extrema direita chegou ao Parlamento, a SIC recuperou a liderança, Portugal venceu a Liga das Nações e os motoristas pararam o país.

2019 está a chegar ao fim e com ele o típico balanço de tudo o que aconteceu. Foram vários os acontecimentos nacionais e internacionais que marcaram o último ano: a extrema direita chegou ao Parlamento, a SIC recuperou a liderança, Portugal venceu a Liga das Nações e os motoristas pararam o país. Recorde aqui.

LEIA DEPOIS
GNR detém 45 de pessoas por condução sob efeito do álcool

Política

Chega! no Parlamento

André Ventura fundou o partido há seis meses, entrou no Parlamento há dois e o presidente da Assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues, já o repreendeu por utilizar a palavra ‘vergonha’ com «demasiada frequência». A ascensão do Chega! e a sua chegada à Assembleia da República abrem caminho à extrema-direita em Portugal.

Durante a campanha política, André Ventura afirmou várias vezes que queria ir buscar votos aos que estavam «descontentes com o sistema» e com isso conseguiu convencer 66.442 eleitores elegendo um deputado – o próprio – pelo círculo de Lisboa, distrito onde conseguiu 22.053 votos. O Chega! é o primeiro partido com discurso de extrema-direita a entrar no Parlamento.

Brexit

O processo de saída do Reino Unido da União Europeia foi iniciado em 2017 estando, agora, previsto terminar em 2020. A 24 de novembro de 2018 e após dois longos anos de negociações, a União Europeia resolveu aceitar os termos de saída propostos por Theresa May, a então primeira-ministra britânica. Contudo, May não conseguiu que o seu projeto fosse aprovado pelo Parlamento e foi obrigada a demitir-se, sendo substituída pelo deputado conservador Boris Johnson.

O atual primeiro-ministro britânico é um assumido defensor do hard Brexit. Depois de chegar ao poder, Boris Johnson decidiu pressionar os deputados e pediu à Rainha Isabel II para que adiasse a abertura oficial do Parlamento, pedido que foi aceite pela monarca. Milhares de britânicos protestaram nas ruas, mas a decisão manteve-se. O objetivo era impedir a articulação da oposição. Os primeiros debates no Parlamento foram um fracasso e o Partido Conservador perdeu mesmo um dos seus deputados e outros 21 foram suspensos. Johnson dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições nas quais os conservadores conquistaram a maioria absoluta de deputados e, assim, poderem seguir com as negociações do Brexit.

A 16 de outubro de 2019, o Reino Unido conseguiu um acordo para a saída da União Europeia. O projeto foi aprovado pelo Parlamento, mas os parlamentares não quiseram realizar o debate em dois dias e obrigaram Boris Johnson a pedir um novo adiamento à União Europeia. Desta vez, a data para o possível Brexit será 31 de janeiro de 2020.

Desporto

Portugal vence a Liga das Nações

Uma nova competição e que até tinha pouco interesse para alguns, mesmo para os verdadeiros amantes de futebol. A Liga das Nações começou em setembro de 2018, logo após o Mundial da Rússia. A fase final desta nova competição da UEFA foi organizada em Portugal em junho de 2019. O Estádio do Dragão, no Porto, e o Dom Afonso Henriques, em Guimarães, foram palco da final four da competição colocando, mais uma vez, Portugal em destaque no mapa de organizadores de competições europeias.

A Seleção Nacional, campeã europeia em título, recebeu a Inglaterra, a Holanda e a Suíça, deixando as cidades do norte em festa durante uma semana. Já nas meias-finais, a equipa das quinas derrotou a Suíça por 3-1, com um hat-trick de Cristiano Ronaldo, enquanto no Dom Afonso Henriques a Holanda bateu a Inglaterra também por 3-1, mas precisou de ir a prolongamento para carimbar o passaporte rumo à final.

Já na final, foi a vez de Gonçalo Guedes brilhar e assumir o papel de Éder. À passagem do minuto 60, no Estádio do Dragão, o avançado do Valência fez o único golo da partida, tornou-se herói nacional e deu o primeiro título da Liga das Nações a Portugal.

A ressurreição do Flamengo pelas mãos de Jorge Jesus

Jorge Jesus assinou contrato com o Flamengo em junho. Nada fazia prever o sucesso do treinador no Brasil, mas seis meses bastaram para provar o valor do técnico português. Jesus foi muito criticado quando chegou a terras de Vera Cruz, mas rapidamente deu a volta à situação e conseguiu recuperar os oito pontos de desvantagem que o Flamengo tinha do Palmeiras, líder do Brasileirão.

Jesus levou o Flamengo à final da Libertadores conquistando-a depois de 38 anos de jejum, ao bater o River Plate por 2-1. No mesmo fim-de-semana, mesmo sem jogar, o antigo treinador de Benfica e Sporting conquista o Brasileirão ao aproveitar a vitória do Grémio sobre o Palmeiras quando ainda faltavam quatro jornadas para o fim.

Com Jorge Jesus no comando técnico, o Flamengo somou números astronómicos com um total de 27 vitórias, oito empates e apenas três derrotas, atingindo também a maior sequência invicta no campeonato com 17 jogos sem perder. Apesar da malograda final do Mundial de Clubes, onde o Flamengo saiu derrotado pelo Liverpool (1-0), Jorge Jesus devolveu a glória ao Mengão tornando-o no primeiro clube 1963 a vencer ambas as competições no mesmo ano.

Sociedade

Greve dos motoristas parou o país

Foi a meio de abril que a greve convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, ameaçou para o país. Motoristas reclamavam à ANTRAM o reconhecimento da sua categoria profissional e o fim dos salários compostos sobretudo por ajudas de custo, sacrificando o rendimento em caso de doenças ou após a reforma.

A adesão foi quase total e o país ficou a conhecer toda a situação vivia pela classe profissional e, também, a intransigência por parte dos patrões. Os serviços mínimos foram decretados pelo Governo e contestados pelo sindicato. A ideia de que a greve estava a por em risco o abastecimento de combustível por tempo indeterminado espalhou-se e o que se seguiu foi um verdadeiro caos na corrida às bombas que acabou mesmo por secar muitas delas.

Três dias depois, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, anunciou que já havia acordo para reabrir negociações entre sindicato e patrões, mas não duraram muito tempo e resultaram em duras acusações de desrespeito pelo acordo assinado para o fim da greve de abril.

Faltavam dois meses para as eleições e o Governo de António Costa não queria ver repetido o mesmo cenário em plenas férias de verão, decretando requisição civil a 12 de agosto. Sindicato argumentou que os serviços mínimos estavam a ser cumpridos e acusou o Governo de querer mais. A greve acabou desconvocada, mas os motoristas não desistiram e convocaram outra paralisação às horas extra e fins-de-semana em setembro continuando na luta pelos seus direitos.

Incêndios consomem Amazónia

Amazónia, um dos pulmões do mundo, foi consumida por vários incêndios durante o ano de 2019. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, afirmou que as Organizações Não-Governamentais (ONG) estavam envolvidas nas queimadas que deflagram na floresta. O Observatório do Clima, rede que reúne cerca de cinquenta ONG em prol de ações contra as mudanças climáticas, respondeu dizendo que a quantidade de focos de incêndio é «apenas o sintoma mais visível da ‘antipolítica’ ambiental do governo de Bolsonaro».

Especialistas atribuem os incêndios ao «discurso agressivo» que Bolsonaro tem relativamente às questões ambientais e vários foram os países que ofereceram ajuda ao Brasil para combater os incêndios na floresta, mas esta foi sempre rejeitada.

O Brasil sofreu o maior número de focos de incêndio desde 2010. Em novembro, mesmo com o início do período de chuvas na Amazónia, o número de incêndios voltou a subir: 30% em relativamente a outubro e 15% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Entretenimento

SIC dá à volta à TVI

A mudança de Cristina Ferreira da TVI para a SIC foi um dos momentos mais marcantes do ano de 2019. A estrela da estação de Queluz trocou a companhia de Manuel Luís Goucha no Você na TV! por um programa me nome próprio – O Programa da Cristina – nas manhãs do canal de Paço de Arcos e, certamente, com ela foram muitos espetadores que devolveram a liderança das manhãs, e não só, à SIC 12 anos e meio depois.

Daniel Oliveira, diretor Geral de Entretenimento do grupo Impresa, é um dos responsáveis pelos números conseguidos pela SIC durante o ano de 2019 e assume que assim quer continuar em 2020.

A afirmação da Netflix

São 158 milhões de assinantes em mais de 190 países que assistem a séries, documentários e filmes de diversos géneros e idiomas. Em 2016, a Netflix, ficou disponível no mundo inteiro, chegando a mais de 130 países. Em 2017, a plataforma conquista o seu primeiro Óscar com «Os Capacetes Brancos», na categoria Melhor Documentário Curta-Metragem e em 2018 conquista também com «Ícaro».

Mas foi em 2019 que a plataforma se afirmou com um total de 15 indicações para os Óscares. «Roma», obra com o maior número de indicações, arrecadou três prémios: melhor filme estrangeiro, melhor fotografia e melhor diretor. Este foi o primeiro filme de ficção produzido pela empresa a levar um Óscar.  Plataformas de streaming como a HBO, a Amazon, Crackle estão agora também a ganhar força no mercado.

Texto: Joana Ferreira

LEIA MAIS
Transportes com mais de 8700 reclamações nos primeiros seis meses do ano
Crime | Vídeos são fundamentais para apanhar ladrões que mataram jovem em Lisboa

Impala Instagram


RELACIONADOS