Ángel Cruz fala sobre a morte do filho: «Quem sabe se Gabriel não me salvou a vida»
O pai de Gabriel, o menino de oito anos morto pela madrasta, revelou que a morte do filho pode ter salvo a sua própria vida.
Ángel Cruz e Patrícia Ramirez, os pais do Gabriel, o menino de oito anos que foi assassinado pela madrasta em Espanha, deram uma entrevista conjunta, onde falaram sobre a morte do filho. O pai do menor, sempre mais contido que mãe, quebrou o silêncio e afirmou que a trágica morte do filho pode ter salvo a sua própria vida.
«Quem sabe se Gabriel não me salvou a vida», confessou o Ángel Cruz durante o programa «Desaparecidos», da TVE, na passada quarta-feira, dia 14 de março.
Quando questionados sobre a visível relação forte que unia o ex-casal, Ángel Cruz garantiu que neste momento de luto era essencial serem o apoio um do outro. «Vamos continuar unidos porque temos de manter a memória do nosso filho viva», referiu o pai de Gabriel.
Visivelmente em sofrimento, mãe e pai não esconderam que ainda não conseguiram aceitar que perderam o filho.
«Não há consolo neste momento, mas se essa mulher não for capaz de magoar mais alguém, o Gabriel ganhou, apesar de ter pagado com a sua própria vida e de isso ter destroçado as nossas», desabafou Patrícia Ramirez.
Ana Julia, a madrasta de Gabriel, atacou o menor com um machado e ,de seguida, estrangulou o menino
Passados dois dias do corpo de Gabriel Cruz ter sido encontrado na mala do carro de Ana Julia, a madrasta confessou ter matado o menino de oito anos na passada terça-feira, dia 13 de março.
De acordo com os órgãos de comunicação social espanhóis, a mulher natural da Republica Dominicana explicou às autoridades que, após ter encontrado a criança a dirigir-se para casa dos primos, abordo-a e que começaram a discutir. De seguida, Ana Julia garante que o menino de oito anos pegou num machado e tentou agredi-la. A mulher tirou-lhe o machado das mãos e golpeou-o com a «parte romba» do objecto.
Ana Julia ainda acrescentou que o golpe foi forte mas que não tinha a intenção de magoar a criança. No entanto, depois de ter deixado Gabriel inconsciente com o golpe de machado, a mulher terá estrangulado a criança até à morte. O relatório da autópsia ao corpo do menor confirmou que este tinha morrido por asfixia.
Autoridades suspeitam que Ana Julia esteja a declarar ter agido em legitima defesa para atenuar a pena.
Autoridades tentam reconstruir cena do crime
Os investigadores acreditam que o crime também terá acontecido num terreno da família do pai de Gabriel, para onde Ana terá levado o corpo já semi-consciente. A madrasta terá cavado uma cova e ali manteve o corpo desnudo do menino. A cova foi feita junto ao poço que existe no terreno. A polícia acredita que Gabriel foi abordado no caminho para casa dos primos, onde nunca chegou.
Aí, em discussão com a madrasta, esta terá batido no menino e acabou por o matar já no terreno onde o deixou escondido. Durante os doze dias de buscas intensivas, a assassina esteve em liberdade e até participou nas buscas. Também hoje foram encontradas as roupas de Gabriel, num terreno na zona oeste da costa de Almería.
Quando desapareceu, o menino de oito anos estava em casa da avó Carmen, em Las Hortichuelas, em Espanha. Filho de pais separados, era habitual passar dias em casa da avó paterna. Nessa manhã, brincou em casa dos primos. No dia seguinte era feriado e não tinha aulas.
Foi a casa da avó, onde almoçou, e voltou para junto dos primos, para mais uma tarde de brincadeira. A avó ficou a vê-lo à porta enquanto Gabriel percorreu cerca de 80 metros. Até casa dos primos faltariam uns 20, mas o menino nunca lá chegou.
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A família só deu por falta do menino por volta das 18h00, uma vez que a avó estava ciente que o neto se encontrava em casa dos primos, e vice versa. O alerta às autoridades foi dado pelas 20h00.
A única pista que existia até se encontrar o corpo era uma camisola branca com o ADN de Gabriel, peça curiosamente encontrada por Ana Julia e pelo pai do menino.
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