Apostas em sites e casinos virtuais crescem 58% em Portugal no primeiro trimestre
O segmento de jogos de azar e apostas virtuais está a registar um crescimento jamais antes visto desde a sua regulamentação, que ocorreu em 2015.
No primeiro trimestre, o montante realizado em apostas foi de 961 milhões de euros, uma subida de 58% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foi registado um valor na ordem de 609 milhões de euros. Esta é, também, a maior quantia já apurada de sempre.
Os dados tornaram-se públicos após divulgação realizada pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do Turismo de Portugal (SRIJ), organismo integrado no Instituto do Turismo de Portugal que tem a responsabilidade de fazer a regulação e inspeção dos jogos e apostas em todo o território português.
As estatísticas também apontam para um crescimento vertiginoso na receita proveniente dessas atividades, e consequentemente na arrecadação de impostos pelo governo. Nas apostas desportivas à cota, a receita subiu de 24,8 para 34,5 milhões de euros, um aumento de 39,2%. Já nos jogos de fortuna e azar (que incluem roleta, blackjack, poker e slots), essa subida foi na ordem de 56,5%, saindo de 22,6 para 35,3 milhões de euros.
A receita bruta total foi 47,5% superior à do período homólogo de 2019. Essa crescida implica diretamente no valor arrecadado do Imposto Especial de Jogo Online (IEJO), que foi de nada menos que 20,8 milhões de euros. Para efeitos de comparação, no primeiro trimestre do ano passado, esse valor foi 40% inferior, cerca de 15 milhões.
Número de jogadores também cresce
O aumento não para por aí. O número de portugueses a apostar em sites legais no país (devidamente autorizados pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos) registou uma subida na ordem de 33%, atingindo a marca de 426 mil em todo o território nacional. Destes, mais de 157 mil registaram-se durante os três primeiros meses, ou seja, são novos utilizadores de uma das 13 entidades exploradoras licenciadas pelo SRIJ.
Isso representa um aumento de 25,8% em relação ao primeiro trimestre de 2019. No entanto, se comparado com o último trimestre de 2019, o número de novos jogadores foi ligeiramente menor (6,5%).
A faixa etária que mais registou crescimento foi o público entre 25 e 34 anos, com 33,3% de novos jogadores. No total, essa faixa representa cerca de 40% dos usuários, sendo também a mais predominante no segmento, seguida por aqueles entre 35 e 44 anos, depois pelos jovens entre 18 e 24 anos.
Um dos possíveis motivos para o aumento no número total de jogadores é o isolamento social que obrigou os portugueses a procurarem outra forma de diversão sem ter de sair de casa. Porém, essa razão pode ser insuficiente para explicar e fenómeno, já que apenas 15 dias de março contaram para o período de confinamento.
A expectativa, no entanto, é de que o crescimento seja ainda maior nos meses de abril, maio e junho. “São dados que só vamos conhecer melhor no próximo trimestre, pois é possível e é provável que haja uma migração das apostas desportivas para o jogo de fortuna e azar”, diz Pedro Hubert, psicólogo e diretor do Instituto do Apoio ao Jogador, em entrevista ao Jornal de Notícias.
Quais os jogos e apostas preferidas?
O estudo tornado público pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos também permite traçar o perfil do jogador português nos sites. As apostas desportivas ainda são a modalidade preferida, sendo praticadas por 60,4%, mas não ficam muito à frente dos jogos de azar, que têm 58,8% de adeptos. 19,4% fazem tanto apostas desportivas quanto jogos de fortuna e azar.
Nos desportos, aquele que mais atrai apostadores é o futebol, com 74% do volume de apostas. As competições mais populares são a nossa Primeira Liga, a Premier League (Inglaterra), a La Liga (Espanha) e a Série A (Itália). O basquetebol responde por 11%, seguido pelo ténis (9,12%) e hóquei no gelo (2,53%). Juntas, essas quatro modalidades representam mais de 96% das apostas realizadas por jogadores portugueses.
Já no que diz respeito aos jogos de fortuna e azar, as máquinas de jogos (também conhecidas como caça-níqueis ou slots) dominam, com cerca de 70% do volume de jogo. Em seguida aparece a roleta, com 12,55%, seguida por poker (11,3%) e blackjack (6,3%).
Independentemente da modalidade, é certo que este segmento está a crescer cada vez mais no território português desde a sua regulamentação, em 2015. São mais de 20 licenças emitidas para entidades exploradoras em todo o país. Todos saem a ganhar: as empresas, os jogadores e também o governo.
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