Artistas tauromáquicos escrevem carta à Ministra da Cultura
Toureios, empresários e forcados reivindicam medidas através de uma carta aberta enviada à Ministra da Cultura onde apelam «que se tomem medidas de apoio nesta fase, que tenham em conta as particularidades deste setor».
Depois de o Governo ter anunciado várias medidas de apoio a vários setores culturais para fazerem face à crise provocada pela covid-19, são agora várias as associações do setor da tauromaquia que se unem para reivindicar apoios.
Toureios, empresários e forcados reivindicam medidas através de uma carta aberta enviada à Ministra da Cultura onde apelam «que se tomem medidas de apoio nesta fase, que tenham em conta as particularidades deste setor».
Leia a carta na íntegra:
«Somos cerca de 1800 artistas e profissionais da Tauromaquia, representados nas associações abaixo assinadas, e decidimos vir por este meio endereçar-lhe uma carta pública com o intuito de partilhar consigo parte do ADN da cultura portuguesa.
Somos uma das áreas mais originais e autênticas da cultura portuguesa e uma das poucas áreas culturais que não têm programas de apoio. Incorporamos quase 100% de mão de obra nacional, exportamos cultura portuguesa, contribuindo para a divulgação da nossa cultura e para o equilíbrio da balança comercial. Fomentamos o turismo e temos de um impacto económico directo e indirecto de muitos milhões de euros, criando emprego e riqueza, muitas vezes em regiões deprimidas do interior.
Estamos a viver tempos críticos e a cultura, tal como a Exma. Sra. Ministra da Cultura Graça Fonseca afirmou, terá um papel crucial quando o estado de emergência terminar. “A cultura tem o papel fundamental de devolver confiança às pessoas. Vamos querer sair, vamos querer festejar, estar na rua”, disse ao Observador.
Queremos promover a confiança, o festejo e a felicidade das pessoas porque é nestes momentos mais difíceis que a cultura é mais precisa do que nunca. Ela é “o alimento de primeira necessidade para a saúde mental” e não nos podemos esquecer disso.
“O cancelamento de todas as atividades culturais do país sobretudo em territórios mais distantes dos centros urbanos é um desastre económico”, explicou vossa excelência, mais uma vez ao Observador, e nós – os artistas e profissionais da Tauromaquia – assinamos por baixo.
É tempo de “pegar o touro pelos cornos”, ir à luta, e muito importante, não deixar de forma nenhuma que o cancelamento de atividades culturais sejam uma tragédia para Portugal.
Representamos economia e emprego com uma implementação territorial diversa, entre norte e sul, urbano e interior. E aqui passamos a citá-la novamente: “Para alguns territórios, até mais do interior, a economia local tem um fortíssimo contributo de atividades culturais [por exemplo] de um festival, de uma bienal, de um conjunto de atividades que acontecem com bastante regularidade, já para não falar em tudo o que são eventos de natureza mais local”, declarou ao mesmo órgão de comunicação.
A nossa atividade é muito particular. Por exemplo é sazonal e, por esse motivo, é mais afetada pela paragem total dos espectáculos. As largas dezenas de espectáculos já perdidos e os que ainda não serão realizados, são impossíveis de recuperar. Este infortúnio retira-nos meios para obter receitas e suportar custos com um valor elevado, como a alimentação e manutenção de cavalos, a preparação técnica e artística, as equipas de tratadores, veterinários entre muitos outros. A preparação da produção dos espectáculos desta temporada já foi iniciada há largos meses e a sua não realização acarreta avultados prejuízos em investimentos perdidos e reduções drásticas de receitas.
Para vossa excelência estar a par, cada corrida de toiros precisa de cerca de 170 intervenientes diretos. É urgente que se tomem medidas de apoio nesta fase, que tenham em conta as particularidades deste setor que tutela, e é necessário preparar a fase de retoma dos espectáculos com medidas adaptadas, por exemplo corrigindo com urgência o IVA dos espectáculos tauromáquicos para 6%, que é agora uma medida incontornável de apoio social à cultura e aos artistas.
Toureiros, empresários, pessoal técnico, campinos, artesãos e alfaiates…e, sem esquecer os forcados amadores, todos são fundamentais para a existência da cultura taurina, tal como o para o efeito económico e riqueza que gera, alimentando famílias e regiões.
Temos várias propostas de medidas que queremos partilhar pessoalmente com vossa excelência e esperamos que aceite discuti-las como decorre da sua obrigação governativa de tutela deste setor.
Terminamos esta carta com um pedido importante. Solicitamos, uma vez mais, uma reunião com a Exma. Sra. Ministra da Cultura para ouvir os artistas e profissionais deste setor cultural e perceber o motivo pelo qual fazemos parte do ADN da cultura portuguesa.
Agradecendo desde já toda a atenção dispensada,
Cordialmente aguardamos a resposta de sua excelência,
Associação Nacional de Toureiros
Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos
Associação Nacional de Grupos de Forcados»
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