A ação climática começa na educação, mas a escola “não resolve tudo”

O ministro da Educação sublinhou hoje o papel da educação na sensibilização para a ação climática, considerando Portugal um exemplo no ensino sobre o tema, mas considerou também que a escola “não resolve tudo”.

A ação climática começa na educação, mas a escola

 

“A coerência é fundamental. A educação não resolve tudo e o que os jovens querem ver é que aquilo que aprendem na escola é compatível com políticas nacionais e globais para as questões do clima”, disse João Costa, em declarações à agência Lusa.

O ministro da Educação está hoje no Dubai, Emirados Árabes Unidos, a participar num encontro paralelo à 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), dedicado ao papel do ensino no combate às alterações climáticas.

Convidado para apresentar o contributo do currículo escolar para a educação ambiental, o responsável considerou que Portugal lidera como exemplo, sobretudo após a introdução da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que tornou o tema transversal.

“É interessante ver que em muitos países as questões da sustentabilidade nem sequer entram no currículo. Ouvimos esse testemunho de muitos professores”, relatou, explicando que nas escolas portuguesas o tema entra pelos portões também através de vários projetos de organizações não governamentais, como o programa Ecoescolas ou o programa Escola Azul.

Ainda assim, João Costa ressalva que a educação não resolve tudo e entende que parte da frustração dos jovens resulta de uma ansiedade climática relacionada como facto de se sentirem “traídos por uma geração que lhes vai entregar um planeta em pior estado” e de não se sentirem ouvidos.

Transformar essa ansiedade climática em confiança climática requer formação, mas também implica dar voz aos jovens e ser coerente nas políticas.

“Se todos trabalharmos para esta coerência, acho que daremos passos e, sobretudo, seremos mais capazes de ouvir este manifesto, este medido de urgência na ação que os jovens estão a emitir por todo o mundo”, argumentou.

Sobre o papel da escola, o ministro da Educação sublinhou ainda a importância de incluir o multiculturalismo na discussão e o contributo que a diversidade nas escolas pode ter, reconhecendo a posição dos países em desenvolvimento no contexto das alterações climáticas.

“Sabemos que discutir as questões do clima também requer conseguirmos pôr-nos no lugar do outro e entender que as populações mais afetadas pelas alterações climáticas são muitas vezes as menos responsáveis pelo estado em que o planeta está”, explicou.

A COP28 começou em 30 de novembro e está a decorrer até dia 12 no Dubai, tendo arrancado hoje a segunda semana de cimeira, que termina com, pelo menos, dois dias de negociações finais. Hoje, o programa temático é dedicado aos jovens, crianças, educação e competências.

 

* A Lusa viajou para a COP28 a convite da Fundação Oceano Azul *

 

MCA // CC

By Impala News / Lusa

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