Apesar da indemnização, viúva de ucraniano assassinado no SEF fica “com ódio a Portugal”

Viúva de Ihor, cidadão ucraniano morto à guarda do SEF, revela que não consegue ouvir a palavra Portugal e não percebe como é que o marido foi morto no aeroporto de um país europeu

Apesar da indemnização, viúva de ucraniano assassinado no SEF fica

Nove meses depois da morte do marido, Ihor, Oksana Homenyuk revela que não recebeu qualquer palavra ou apoio do Estado português. Os filhos – um rapaz de nove anos e uma rapariga com 14 – ainda não sabem as condições em que o pai foi morto. “Sabem que ele se sentiu mal, que esteve no hospital e que morreu, mas que ele foi morto, não sabem”, explicou a mãe, em entrevista exclusiva à SIC.

Ihor, de 40 anos, morreu nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa após, indica a acusação, ter sido agredido violentamente por três inspetores do SEF. A viúva assume que nunca pensou passar por uma situação destas. “Era para ter vindo logo e já cá não está. No aeroporto… E tantas pessoas viram-no. Tantas pessoas sabiam o que estava a acontecer e ninguém o ajudou”, critica. As razões para a sua morte são incompreensíveis, “[foi morto] por causa de nada. Não era nem criminoso, nem terrorista, nem assassino; era uma pessoa normal”, atira.

«Fiquei com tanto ódio a Portugal»

A viúva não esconde a dor e a revolta com a situação. “Choro todos os dias”, lembrando as dificuldades quer a nível psicológico, quer a nível financeiro. Do Estado português revela que não recebeu qualquer contacto ou ajuda. Além disso, foi com os poucos recursos financeiros à disposição que teve de suportar os custos com a transladação do corpo do marido, num processo que custou mais de dois mil euros.

Com o aproximar da altura natalícia, Oksana revela que os seus filhos sentem ainda mais a ausência do pai. “Por estes dias festivos choram muito. Vai ser muito difícil, vai ser muito complicado sem ele”, antecipa.

Decorridos nove meses desde o trágico incidente, a mulher de Ilhor espera que se faça justiça e que os responsáveis sejam devidamente punidos. “Se eles estão nas suas casas, em prisão domiciliária, que justiça é que pode haver?”, questiona. A (não) atuação das autoridades portugueses deixou cicatrizes profundas na ucraniana. Revela que sempre que lhe falam de Portugal, tem uma sensação estranha, “fiquei com tanto ódio a Portugal. Nem consigo ouvir essa palavra. Sei que há muitas pessoas que não têm culpa de nada, mas, depois, do que aconteceu, por causa de três pessoas…”

Tal como escreve o Jornal de Notícias, Oksana assegura que a sua luta não é monetária. “Honestamente, não quero nada. Só queria que mo trouxessem de volta, nem que fosse que inválido“, explica.

Impala Instagram


RELACIONADOS