Austrália rejeita mina de carvão a céu aberto perto da Grande Barreira de Coral

Governo rejeitou, pela primeira vez, um pedido de abertura de uma mina de carvão por potenciais danos para a Grande Barreira de Coral.

Austrália rejeita mina de carvão a céu aberto perto da Grande Barreira de Coral

A Austrália rejeitou pela primeira vez um pedido para a abertura de uma mina de carvão por motivos ambientais, com o Governo a citar o potencial dano à Grande Barreira de Coral. A ministra do Ambiente australiana, Tanya Plibersek, disse na quinta-feira que vai decidir sobre projetos individuais com base no mérito. “Tomarei cada decisão que chegue até mim caso a caso, de acordo com a lei e de acordo com a ciência disponível”, disse Plibersek, no parlamento.

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Um dia antes, a ministra tinha anunciado a decisão de impedir que a mina fosse aberta a noroeste da cidade de Rockhampton, no estado de Queensland, e a menos de dez quilómetros da Grande Barreira de Coral, na costa nordeste da Austrália. O projeto teria impacto na água doce da área e, potencialmente, nos frágeis prados de ervas marinhas que alimentam os dugongos, um mamífero marinho, e servem de incubadoras para peixes, disse Plibersek.

A governante disse que o risco de “poluição e danos irreversíveis ao recife é muito real”. “A Grande Barreira de Corais é responsável por cerca de seis mil milhões de dólares australianos [3,9 mil milhões de euros] em atividades económicas todos os anos, e perto de 64 mil empregos”, disse Plibersek. “Dada a ciência diante de mim, ficou claro que os riscos eram simplesmente grandes demais”, acrescentou.

A mina a céu aberto teria uma capacidade de escavação anual estimada de dez milhões de toneladas de carvão, por 25 anos. O projeto foi proposta pelo magnata da mineração Clive Palmer, que fundou e financia o pequeno partido conservador Austrália Unida. Um relatório da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da União Internacional para a Conservação da Natureza, divulgado em novembro, recomendou que a Grande Barreira de Coral seja incluída numa lista de locais em perigo.

O documento alertou para a necessidade de ação “ambiciosa, rápida e sustentada”, sem a qual o maior recife do mundo, incluído na lista do Património Mundial da UNESCO em 1981, está em perigo. O Governo do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, eleito em maio, legislou para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 43% até 2030, enquanto o anterior executivo tinha previsto apenas uma redução entre 26% e 28%, até ao final da década.

Casa de 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e quatro mil variedades de moluscos, a Grande Barreira começou a deteriorar-se nos anos 1990 devido ao impacto do aquecimento da água do mar e ao aumento da acidez pela crescente presença de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O governo está sob pressão para conter as mudanças climáticas e bloquear todos os novos projetos de extração de carvão e gás. A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais dos dois combustíveis fósseis, principais fontes de riqueza do país.

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