Autoridades moçambicanas necessitam de meios aéreos para apoio após ciclone no norte

As autoridades moçambicanas admitiram hoje a necessidade de meios aéreos para aceder às populações da província de Nampula que permanecem isoladas pelas águas após a passagem no norte do país, há dois dias, do ciclone tropical Jude.

Autoridades moçambicanas necessitam de meios aéreos para apoio após ciclone no norte

“Temos um desafio que está relacionado com o levantamento dos danos ao nível dos distritos, uma atividade que nos ajuda em termos de assistência (…) a algumas zonas que estão sitiadas, teremos que mobilizar meios aéreos para acelerar o levantamento dos danos e também prestarmos assistência às famílias”, disse a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, em Nampula.

Após visitar o Centro de Operação de Emergência local, a responsável reconheceu que os relatos no terreno, na província de Nampula, apontam para “algumas zonas que não são acessíveis neste momento”, admitindo que as autoridades locais não têm meios para chegar às comunidades mais afetadas, nomeadamente na Ilha de Moçambique e no distrito de Angoche, consideradas zonas críticas.

O número de mortos na passagem do ciclone tropical Jude em Moçambique subiu para seis, havendo ainda 20 feridos e mais de 9.000 pessoas afetadas, anunciou hoje o INGD, num balanço preliminar, sendo que todos os óbitos foram registados na província de Nampula, ponto de entrada do ciclone na madrugada de segunda-feira.

Luísa Meque apontou que a “maior parte dos óbitos” contabilizados após a passagem do ciclone estão relacionados “com o desabamento de paredes e de casas”.

“Isto é um grande desafio para nós e temos que de facto fazer com que estas capacitações tenham algum efeito, para que as famílias saibam como reconstruir as suas casas”, apontou.

O mau tempo provocado pelo ciclone afetou um total de 9.525 pessoas, o correspondente a 1.863 famílias, destruiu total e parcialmente 1.899 casas, além de nove unidades de saúde, quatro casas de culto e um edifício público.

Até terça-feira, segundo o levantamento do INGD, o ciclone Jude tinha afetado também 17.401 alunos, 264 professores, 59 escolas e 181 salas de aula, todos os dados correspondentes às províncias de Nampula e Niassa, no norte de Moçambique, e Zambézia, no centro do país.

O ciclone tropical Jude entrou em Moçambique através do distrito de Mossuril, em Nampula, com ventos de 140 quilómetros por hora e rajadas até 195 quilómetros por hora, disse à Lusa Manuel Francisco, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.

Logo após a entrada no país, o ciclone “voltou ao estágio de tempestade tropical severa e nos próximos dois dias [terça-feira e hoje] poderá variar entre tempestade moderada e severa”, disse o meteorologista.

O INGD avançou, no domingo, que o novo ciclone pode afetar um total de 341 mil pessoas, referindo que foram ativados os comités operativos de emergência e que decorriam encontros entre o Governo moçambicano e parceiros para o levantamento de todos os recursos disponíveis de assistência aos afetados.

Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram igualmente o norte do país.

Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto para as províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.

Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.

 

PVJ/AYF (LN) // MLL

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS