Bastonário pede a Montenegro acesso gratuito dos pacientes a consultas de psicologia
Bastonário dos psicólogos envia carta ao primeiro-ministro e alerta para desafios e oportunidades que se avizinham para o País. Recorda o papel que os psicólogos podem ter no combate ao populismo, à pobreza e à crise climática.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Francisco Miranda Rodrigues, enviou uma carta ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, onde faz um balanço da evolução da psicologia nos últimos anos e alerta para os desafios e oportunidades que se avizinham. Missiva onde pede também maior dignificação e valorização dos psicólogos nos serviços públicos.
“Peço-lhe que continue o investimento nos serviços públicos e nos serviços disponibilizados gratuitamente aos cidadãos, particularmente quanto à presença de psicólogos, mas que, simultaneamente, a nossa presença seja mais dignificada e valorizada, de modo a que a sua atividade profissional neste sector seja sustentável”, alerta o bastonário.
Numa referência ao que se passa no setor social, “muito dependente do financiamento público”, Francisco Miranda Rodrigues avisa que “urge tomar medidas que permitam a sustentabilidade das respostas sociais, cada vez mais necessárias em termos de elevada especialização”.
Na reta final de mandato, Miranda Rodrigues diz ter testemunhado nos últimos anos “o crescente reconhecimento da psicologia como ciência e profissão essencial para o desenvolvimento integral da sociedade”. “Através do trabalho dedicado de milhares de psicólogos, contribuímos para a prossecução dos objetivos de desenvolvimento sustentável, da promoção da saúde e da saúde psicológica em específico, ao bem-estar no trabalho e nas organizações e à sua maior produtividade, passando pela qualidade da educação para maior coesão social”, acrescenta.
Na carta enviada ao primeiro-ministro, o bastonário partilha igualmente o papel que os psicólogos podem ter nos novos desafios colocados ao país, como o populismo, a cibersegurança, a crise climática ou a integração de migrantes.
Bastonário dos psicólogos propõe “programas de prevenção, intervenções comunitárias e políticas públicas integradas”
“A psicologia, com o seu profundo entendimento dos comportamentos humanos e dos processos mentais, tem um papel crucial na prevenção dos efeitos destes fenómenos (desinformação e populismo). Podemos contribuir para o desenvolvimento de estratégias que promovam o pensamento crítico, a literacia mediática e a resiliência psicológica dos cidadãos face à manipulação”, situa Miranda Rodrigues.
Quanto à cibersegurança, recorda que “as vulnerabilidades não estão apenas nos sistemas, mas também nas pessoas que os utilizam e os riscos mais desafiantes são os comportamentais”. “Aqui, a psicologia pode auxiliar na compreensão e na mitigação dos comportamentos de risco, promovendo práticas seguras e conscientes no ambiente digital.”
Combate premente à pobreza e à exclusão social
A pobreza e a exclusão social continuam a ser desafios prementes, adverte. “Ao trabalhar diretamente com populações vulneráveis, os psicólogos podem facilitar a criação de redes de apoio e estratégias de resiliência que capacitam os indivíduos a superar adversidades. Podem, também, através da ciência psicológica, contribuir para o desenho de políticas públicas eficazes, que previnem a manutenção de ciclos de pobreza, e mitigar os seus impactos nas pessoas, nas comunidades e na sociedade”, acrescenta.
O bastonário diz ainda ser “imperativo que, enquanto nação, reconheçamos a importância de investir no capital psicológico dos cidadãos portugueses”. “A promoção da saúde mental não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas um alicerce para uma sociedade mais justa, produtiva e resiliente. Programas de prevenção, intervenções comunitárias e políticas públicas integradas podem fazer a diferença na vida de milhões de portugueses.”
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