BE questiona Ministério da Saúde sobre atraso na divulgação de dados sobre aborto
O BE questiona hoje o Ministério de Saúde a propósito da ausência de dados atualizados sobre a interrupção voluntária da gravidez, que não são divulgados desde 2018, pretendendo saber quando serão publicados os relatórios em falta relacionados com o aborto.
Precisamente no dia em que passam 15 anos sobre a vitória do “sim” no referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), o BE envia uma pergunta ao Governo sobre o aborto. Estando para esta manhã marcada uma visita da líder bloquista, Catarina Martins, à Associação para o Planeamento da Família (APF), precisamente para assinalar esta data. “Passada década e meia do referendo, comprova-se que a despenalização da IVG foi um sucesso. Não só representou um avanço civilizacional como foi uma garantia na proteção da saúde das mulheres”, refere o BE. Na pergunta assinada pelas deputadas de novo eleitas Catarina Martins e Joana Mortágua. e que deu entrada hoje no parlamento.
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Segundo as bloquistas, os números oficiais apresentam “uma consistência inequívoca: as interrupções da gravidez por opção da mulher diminuíram consistentemente entre 2011 e 2018, passando de 20.480 para 14.928”. No entanto, “a última edição deste relatório publicado anualmente pela DGS foi precisamente a de 2018”. O que significa, segundo o partido, que a instituição “não publicou qualquer dado oficial sobre o impacto da pandemia. E da reorganização dos serviços de saúde. Desde logo dos cuidados obstétricos e maternoinfantis. No acesso e acompanhamento das interrupções voluntárias da gravidez”.
“Para quando prevê o Ministério da Saúde a publicação destes relatórios?”
“Por que razão não é divulgado qualquer Relatório dos Registos das Interrupções da Gravidez desde 2018? Para quando prevê o Ministério da Saúde a publicação destes relatórios?”, questiona. O partido de Catarina Martins quer ainda saber que dados tem o Ministério da Saúde sobre as interrupções voluntárias da gravidez no SNS. E nas restantes instituições do sistema de saúde nos últimos anos. Bem como “sobre o impacto da pandemia no acesso e acompanhamento das mulheres que decidem interromper a gravidez”.
“Está o Ministério da Saúde em condições de assegurar que, durante o período de pandemia, o acesso e acompanhamento da interrupção voluntária da gravidez foi garantido nas condições legalmente previstas. E que os números parcelares conhecidos não significaram um regresso a procedimentos clandestinos, sem condições de segurança”, pergunta ainda. Segundo a mesmo texto, “os dados que vão sendo conhecidos, ainda que parcelares, apontam para uma tendência preocupante”.
Hospital de Santa Maria anunciou ter suspendido temporariamente as consultas
“Em outubro de 2020, o jornal Expresso dava conta de que, entre março e junho desse ano, terá existido um decréscimo de 40% nas IVG realizadas ao nível nacional. Face ao mesmo período de 2019. O Hospital de Santa Maria anunciou ter suspendido temporariamente as consultas. ‘Priorizando outras áreas da saúde da mulher nos momentos mais agudos da pandemia’. Tendo contratualizado a resposta com unidades do setor privado”, refere. Ao mesmo tempo, continua o BE, “a Maternidade Alfredo da Costa registou uma diminuição de 10% nas mulheres que recorreram à consulta. Sendo que as IVG terão diminuído 6% face ao ano anterior”.
“Estes números contrastam com o aumento substancial de pedidos de informação registados por instituições com a Associação para o Planeamento da Família. Antevendo uma diminuição da informação disponibilizada pelas unidades do Serviço Nacional de Saúde”, compara.
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