Bruno de Carvalho em tribunal. Tudo o que disse o ex-presidente do Sporting
Bruno de Carvalho esteve, esta quarta-feira no Campus de Justiça, em Lisboa, onde foi ouvido a seu próprio pedido, no âmbito do processo de Alcochete.
Bruno de Carvalho esteve, esta quarta-feira no Campus de Justiça, em Lisboa, onde foi ouvido a seu próprio pedido, no âmbito do processo do ataque à Academia de Alcochete. O ex-presidente do Sporting chegou acompanhado pela irmã, não prestando grandes declarações aos jornalistas. À chegada, BdC foi aplaudido por alguns apoiantes que o esperavam no local.
Bruno começou a ser ouvido pouco antes das 15h00. O Juiz Carlos Delca começou agora a fase de perguntas ao ex-líder leonino, questionando qual a sua profissão. «Desempregado», respondeu. E Antes? «Presidente do Sporting Clube de Portugal».
A reunião na ‘Casinha’ na véspera do ataque
Ex-presidente do Sporting confirmou a existência de um reunião no dia 14 de maio – véspera do ataque – na ‘Casinha’, a sede da Juve Leo, na qual disse a Marcos Acuña que tinha em mãos «um problema tremendo» depois deste se envolver numa confusão com Fernando Mendes, ex-líder da claque, no aeroporto do Funchal
«Acuña disse-me que esse problema já estava sanado, resolvido», confirmando depois que recebeu telefonemas de membros das claques do Sporting que estavam desagradados com a atitude do jogador na Madeira.
Quando questionado sobre as trocas de palavras no aeroporto entre adeptos e jogadores, BdC lamenta não ter sido informado na reunião com o plantel a 14 de maio. «Não se conseguia perceber pelas imagens da CMTV, ainda sem legendas naquela altura», disse. «Perguntei aos jogadores se tinham sido alvo de ameaças. E se houvesse que me avisassem a mim e ao André Geraldes. Acuña, Battaglia e William disseram-me que estava tudo resolvido. Ninguém me alertou de absolutamente nada», garantiu.
«Nunca ninguém falou de uma visita a Alcochete»
Quanto aos telefonemas feitos a Fernando Mendes, logo após o incidente, BdC garante que nada tinham a ver com o sucedido. O ex-líder leonino sublinha que esteve apenas 15 minutos na reunião na ‘Casinha’ organizada por André Geraldes. «Moro ao pé do estádio e acedi, estive pouco tempo na reunião. Estavam lá vários membros da Juventude Leonina, o diretor de segurança Vasco Santos e André Geraldes», destacou.
«Senti que era uma reunião muito animosa. Não havia um fio condutor. Algumas pessoas da sala não estavam satisfeitas comigo. Disse-lhes: façam o que entenderem sobre as tarjas, Nada tinha a ver com violência. Foi uma resposta inócua, dita à saída», continuou, frisando que na mesma reunião «nunca ninguém falou de uma visita a Alcochete».
BdC e o processo disciplinar: «Cumpri a lei»
Questionado sobre os processos disciplinares instaurados aos jogadores, Bruno explica: «Em abril, depois do jogo contra o Atlético de Madrid, os jogadores, para meu espanto, depois de concordarem em fazer uma reunião após o jogo com o Paços de Ferreira e depois de combinado que ninguém iria fazer nada, lançam um comunicado quase conjunto, não cumprindo o que estava acordado. Foi feito um processo disciplinar. O comunicado não era abonatório para mim. Violava o que estava acordado com a entidade patronal», respondeu.
«Cumpri a lei», destaca. «Houve um clima de grande animosidade contra mim no jogo contra o Paços. Vi seis ou sete demonstrações de união dos adeptos com os jogadores nas seis ou sete vitórias da equipa que se seguiram», continuou.
Quanto ao post na sua página do Facebook logo após o jogo com o Atlético de Madrid, disse tratar-se de uma das suas funções. «Era minha obrigação promover o que achava fundamental para a melhoria da performance».
«Fui eu a sofrer as consequências. Acabei por ser destituído. Nunca falei com elementos das claques sobre a performance de jogadores em cinco anos e meio como presidente. Fiz intervenções iguais sobre o futsal, o hóquei, o andebol… vários responsáveis do clube disseram-me na altura que deram mais ânimo. As atitudes foram diametralmente opostas», referiu. «Quis incutir uma cultura de máximo rendimento e fomos campeões em todas as modalidades. Menos no futebol sénior masculino.»
Bruno nega instruções a Mustafá
Sobre a acusação de que, alegadamente, deu instruções a Mustafá, Bruno de Carvalho reafirmou que nunca proferiu a frase: «façam o que quiserem aos jogadores». «Disse: ‘façam-me o que quiserem a mim’. Se tivesse dito isso era um estímulo à violência. Pode ter havido um mal-entendido», assegurando que permitiu à claque que colocassem tarjas a visá-lo.
Bruno justifica as críticas aos jogadores com o facto de querer melhorar a sua performance de equipa: «Só houve um capitão que não percebeu isso: Rui Patrício».
«Foi oferecido um prémio aos jogadores antes do jogo contra o Benfica»
«Foi oferecido um prémio de meio milhão aos jogadores antes do jogo contra o Benfica e depois contra o Marítimo. Coincidência ou não, são dois jogos que deram aqueles resultados. Nunca vi alguém recusar um prémio daqueles», garantiu o ex-dirigente do Sporting.
«Ninguém falou comigo sobre o que se passou no aeroporto. E há alguns que tinham a obrigação de me terem comunicado», disse, frisando depois: «No aeroporto estava presente o responsável da segurança da Academia, o sr. Ricardo Gonçalves. Não fez nada. Andou a passear com as pessoas».
Pessoas estranhas em Alcochete: « Não autorizei a entrada desses adeptos, foi o senhor Jorge Jesus»
Questionado sobre a entrada de pessoas estranhas em Alcochete, Bruno referiu: «Uma vez estava na Academia e tomei conhecimento uma vez que estavam pessoas à porta. Não autorizei a entrada desses adeptos, mas foi o senhor Jorge Jesus que deu autorização para que entrassem. Não cheguei a estar com as pessoas. Fui-me embora e Jesus foi obrigado a pedir desculpas à entidade patronal», disse.
«Assisti a pessoas a entrar na Academia para reunir com a equipa técnica ou com o recrutamento. Em festas de aniversário na Academia podiam entrar pessoas. Os pedidos eram feitos à Academia e não a mim. Fui lá a vários aniversários, mas nunca estava a decorrer qualquer treino. Acho que era a regra», sustentou.
Bruno confirma que disse aos jogadores que ia ao treino
«Na reunião com os jogadores a 15 de maio disse-lhes que ia ao treino na Academia. Mas não consegui ir. Soube pelo José Ribeiro (equipa de comunicação do Sporting) que adeptos tinham invadido a Academia. O Jorge Jesus pediu ao José Ribeiros para eu não ir à Academia, mas eu fui, ao contrário do que queria o funcionário Jorge Jesus. Nessa reunião estava, quase de certeza, o André Geraldes, os advogados do departamento jurídico e o Carlos Vieira», referiu.
Sobre Jorge Jesus e a reunião que teve com o técnico no fim da temporada: «Foi-lhe comunicado que não faria parte da época seguinte. Não cumpria a sua postura de zelo. Que era um funcionário caro, eram 9 milhões para o clube. Foi-lhe dito que o ciclo dele havia terminado. Mas isso não quer dizer que não fizesse o treino do dia seguinte ou o jogo contra o Aves», disse.
BdC apontou ainda o dedo Jorge Jesus. «Ao ser confrontado que iria haver reunião com os advogados do Sporting para ver a forma de rutura contratual, quando se acalmou, disse: ‘Prefiro passar o treino para a tarde, porque vai haver reunião com os advogados de manhã‘. Jorge Jesus tem razões que a própria razão desconhece. Deu folga de uma semana aos jogadores à revelia da administração. Sabia que a reunião tinha a ver com o futuro dele. Se fosse alvo de um processo disciplinar com suspensão ele não iria treinar no dia seguinte. Eu percebo tudo. Percebo mais do que as pessoas queriam. Passo o treino para a tarde porque se me suspenderem já nem dou o treino: foi o que Jesus pensou».
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